&quot;Parab&eacute;ns pra voc&ecirc;, nesta data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida&quot;: se voc&ecirc; n&atilde;o leu cantando, voc&ecirc; leu errado. A m&uacute;sica &quot;parab&eacute;ns pra voc&ecirc;&quot; &eacute; ensinada desde muito cedo&nbsp;a cada brasileiro, com a tradicional melodia que tamb&eacute;m &eacute; ouvida no &quot;happy birthday to you&quot;, em ingl&ecirc;s, no &quot;joyeux anniversaire&quot;, em franc&ecirc;s, ou no &quot;cumplea&ntilde;os feliz&quot;, em espanhol.

A reda&ccedil;&atilde;o Aratu On foi atr&aacute;s da primeira vers&atilde;o da m&uacute;sica, escrita em 1875, para entender a letra&nbsp;que &eacute; cantada muito mais vezes no ano do que o hino nacional.

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ESCOLINHA

Tudo come&ccedil;ou com um &quot;bom dia&quot; em uma creche nos Estados Unidos. Segundo o Brasil Escola, as irm&atilde;s Mildred Jane Hill, compositora e professora de m&uacute;sica, e Patty Smith Hill, enfermeira e professora do jardim de inf&acirc;ncia de Louisville, no estado de Kentucky, leste dos Estados Unidos, criaram a melodia.

A dupla havia come&ccedil;ado a inserir, na escola em que trabalhava, a educa&ccedil;&atilde;o por meio de m&uacute;sica, criando melodias com letras simples para que as crian&ccedil;as aprendessem. Uma delas foi &quot;Good morning to all&quot;, ou &quot;bom dia para todos&quot;, em portugu&ecirc;s.&nbsp;

Essa can&ccedil;&atilde;o, em particular, se tornou t&atilde;o chiclete que foi repassada as crian&ccedil;as de outras escolas da regi&atilde;o, fazendo com que as irm&atilde;s decidissem registrar a m&uacute;sica em 1893. Tr&ecirc;s anos depois, ela foi inserida na cole&ccedil;&atilde;o Song Stories for the Kindergarten (Can&ccedil;&otilde;es com hist&oacute;rias para o Jardim de Inf&acirc;ncia, em tradu&ccedil;&atilde;o livre), publicada pela editora Clayton F. Summy Co.

Depois disso, a melodia ganhou o pa&iacute;s, mas foi modificada no boca a boca e o &quot;bom dia para todos&quot; se tornou &quot;happy birthday to you&quot; - ou o &quot;parab&eacute;ns pra voc&ecirc;&quot; j&aacute; no come&ccedil;o do s&eacute;culo XX.

Em 1924, Robert H. Coleman publicou um livro de can&ccedil;&otilde;es que continha &quot;Happy Birthday to You&quot;, mas n&atilde;o havia men&ccedil;&atilde;o &agrave;s irm&atilde;s que criaram a can&ccedil;&atilde;o. A m&uacute;sica tamb&eacute;m passou a aparecer em filmes, musicais da Broadway e telegramas cantados.

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MONEY NO BOLSO

Cada vez que uma m&uacute;sica &eacute; tocada, seja ao vivo nos shows, ou gravada para r&aacute;dio ou televis&atilde;o, o autor da can&ccedil;&atilde;o ganha uma porcentagem em dinheiro - &eacute; assim que os compositores faturam. Por isso, se tratando de uma m&uacute;sica como &#39;parab&eacute;ns pra voc&ecirc;&#39;, que &eacute; cantada todos os dias, h&aacute; muito dinheiro envolvido.&nbsp;

A can&ccedil;&atilde;o estava sendo tratada como dom&iacute;nio p&uacute;blico, ou seja, sem autor ou com direitos livres para serem usados sem cobran&ccedil;a. Mas em 1933, quando Mildred j&aacute; tinha morrido e Patty tinha 65 anos, uma outra irm&atilde;, Jessica Hill, entrou com uma a&ccedil;&atilde;o reivindicando os&nbsp;direitos autorais.

Ela conseguiu provar a liga&ccedil;&atilde;o da m&uacute;sica com Good Morning to All e compartilhou os direitos com a editora Clayton F. Summy Co, que publicou a can&ccedil;&atilde;o pela primeira vez. At&eacute; 2015, a&nbsp;vers&atilde;o em ingl&ecirc;s da can&ccedil;&atilde;o rendia dois milh&otilde;es de d&oacute;lares por ano em royalties, que eram divididos entre a Funda&ccedil;&atilde;o Hill (criada pelas irm&atilde;s para receber a quantia) e a gravadora Warner/Chappell Music.

Por&eacute;m, em 2016, uma nova a&ccedil;&atilde;o na Justi&ccedil;a decretou que a melodia voltasse a ser de dom&iacute;nio p&uacute;blico. Os ju&iacute;zes estadounidenses decidiram, ainda, que a gravadora devolvesse 14 milh&otilde;es de d&oacute;lares que tinha&nbsp;ganho e repartisse&nbsp;esse dinheiro com outras pessoas que adquiriram a licen&ccedil;a.

De qualquer forma, voc&ecirc; pode cantar a can&ccedil;&atilde;o &agrave;&nbsp;vontade, pois m&uacute;sica entoada entre amigos, ou em festinhas de anivers&aacute;rio, s&atilde;o isentas de royalties, ou seja, n&atilde;o precisa pagar direito autoral. Al&eacute;m disso, mesmo que as irm&atilde;s entrem novamente na justi&ccedil;a, em 2030 a can&ccedil;&atilde;o entrar&aacute; automaticamente como dom&iacute;nio p&uacute;blico, pois toda obra &eacute; considerada desta forma ap&oacute;s um certo tempo. No Brasil, vira dom&iacute;nio p&uacute;blico toda e qualquer m&uacute;sica 70 anos ap&oacute;s a morte dos autores. Nos Estados Unidos, isso pode variar por estado.

PARAB&Eacute;NS A VOC&Ecirc;

E por falar em Brasil, como surgiu o parab&eacute;ns em portugu&ecirc;s? Aqui, a hist&oacute;ria come&ccedil;a em 1942, quando a R&aacute;dio Tupi de S&atilde;o Paulo criou um concurso para promover a melhor vers&atilde;o para o &quot;Happy Birthday to you&quot;.

A vencedora foi Bertha Celeste Homem de Mello, moradora de Pindamonhagaba, em S&atilde;o Paulo, que faleceu em 1999. Ela adorava concursos de r&aacute;dio e sempre participava, chegando a ganhar alguns, incluindo o do parab&eacute;ns.

Mas esse ainda n&atilde;o &eacute; o &quot;parab&eacute;ns pra voc&ecirc;&quot; que voc&ecirc; est&aacute; acostumado, a come&ccedil;ar pelo t&iacute;tulo: a m&uacute;sica era &quot;parab&eacute;ns A voc&ecirc;&quot;. Reza a lenda, inclusive, que Dona Bertha ficava muito chateada&nbsp;quando algu&eacute;m errava a letra e colocava o &quot;pra&quot;. Outro erro que se tornou comum &eacute; que a autora cantava &quot;muita felicidade&quot;, no singular, e n&atilde;o &quot;muitas felicidades&quot;, no plural.

DINHEIRO REAL

A arrecada&ccedil;&atilde;o no Brasil n&atilde;o foi afetada pela decis&atilde;o americana de 2016, ou seja, as irm&atilde;s Hill continuam ganhando dinheiro por aqui. A quantia n&atilde;o &eacute; divulgada, mas a can&ccedil;&atilde;o aparece no topo da lista do Escrit&oacute;rio Central de Arrecada&ccedil;&atilde;o e Distribui&ccedil;&atilde;o (Ecad) de m&uacute;sicas mais cantadas ao vivo no Brasil h&aacute; diversos anos consecutivos.

Em rela&ccedil;&atilde;o ao dinheiro arrecadado, a divis&atilde;o fica assim:&nbsp;&nbsp;41,67% para a Funda&ccedil;&atilde;o Hill; 41,67% para a Warner Chappel; e 16,6% para a fam&iacute;lia de Bertha de Mello. Ela &eacute; identificada pelo nome art&iacute;stico de &quot;L&eacute;a Magalh&atilde;es&quot;.

Atualmente, o site do Ecad contabiliza no ranking de m&uacute;sicas mais tocadas em r&aacute;dios de todo o Brasil em outubro de 2021 (referente &agrave;s m&uacute;sicas tocadas entre abril e junho do mesmo ano), abaixo do parab&eacute;ns, as m&uacute;sicas &quot;Baby me Atende&quot;, &quot;Arranh&atilde;o&quot;, &quot;Rol&ecirc;&quot; e &quot;Batom de Cereja&quot; no Top 5.

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