A Bahia &eacute; conhecida por sua diversidade cultural, musical e lingu&iacute;stica. E isso se reflete at&eacute; mesmo nos nomes dos seus munic&iacute;pios, muitos dos quais intrigam quem os l&ecirc; ou escuta pela primeira vez.
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Entre os 417 munic&iacute;pios baianos, alguns carregam nomes &uacute;nicos, de sonoridade inusitada e com origens profundamente ligadas &agrave;s l&iacute;nguas ind&iacute;genas, tradi&ccedil;&otilde;es locais e caracter&iacute;sticas geogr&aacute;ficas.
Buscando ilustrar a situa&ccedil;&atilde;o, nossa reportagem conversou com o historiador Ricardo Carvalho. O professor est&aacute; escrevendo um livro que inclui a tem&aacute;tica, intitulado: 'Topon&iacute;mias e Curiosidade da Geografia e da Hist&oacute;ria da Bahia'.
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<img src="https://adm.aratuon.com.br/assets/f2b9c9b6-b31e-4589-af7f-18a1d29961b0.jpg?width=600&amp;height=800" alt="Historiador Rodrigo Carvalho. Foto: Divulga&ccedil;&atilde;o">
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Com trechos de sua obra, Ricardo Carvalho contribuiu com explica&ccedil;&otilde;es acerca dos nomes, bem 'diferent&otilde;es', de seis munic&iacute;pios baianos:
1) Chorroch&oacute;
<img src="https://adm.aratuon.com.br/assets/af3246de-5d29-44b8-9488-0b14330bb0a7.jpg?width=700&amp;height=394" alt="Chorroch&oacute;. Foto: Divulga&ccedil;&atilde;o">
Voc&ecirc; j&aacute; se perguntou de onde vem o nome &ldquo;Chorroch&oacute;&rdquo;? Pois &eacute;, apesar de parecer s&oacute; uma palavra engra&ccedil;ada, tem uma hist&oacute;ria curiosa por tr&aacute;s. Localizado no semi&aacute;rido baiano, quase na divisa com Pernambuco, tem um nome que vem do tupi, l&iacute;ngua ind&iacute;gena, falada antes mesmo dos portugueses aparecerem no Brasil.
Chorroch&oacute; seria tipo uma repeti&ccedil;&atilde;o de &ldquo;xor&oacute;&rdquo;, que quer dizer algo como barulhento, impetuoso, cheio de for&ccedil;a. Tipo aquele som de &aacute;gua correndo forte, meio desgovernada. Segundo Carvalho, n&atilde;o &eacute; &agrave; toa! 'L&aacute; pelos lados onde hoje &eacute; a cidade, tinha um riacho ou alguma queda d&rsquo;&aacute;gua que fazia um barulho danado, daqueles que voc&ecirc; ouve de longe mesmo'.&nbsp;
Segundo o historiador, a paisagem marcante e o som da &aacute;gua foram t&atilde;o presentes que acabaram virando nome. Chorroch&oacute; ficou sendo o jeito do povo dizer: ali &eacute; onde a &aacute;gua faz aquele barulho todo.
'Ent&atilde;o, o nome &eacute; meio que uma homenagem &agrave; natureza do lugar, aos sons que marcaram a origem da cidade. Simples, sonoro e cheio de hist&oacute;ria embutida', disse.
2) Uau&aacute;
<img src="https://adm.aratuon.com.br/assets/8e281b95-8aff-440f-933e-f04e2e72b7b4.jpg?width=700&amp;height=338" alt="Uau&aacute;. Foto: Divulga&ccedil;&atilde;o">
Mais ao norte da Bahia, Uau&aacute; &eacute; outro munic&iacute;pio que desperta curiosidade pelo nome curto e sonoro. Carvalho ressalta que o nome &eacute; daqueles que j&aacute; chega com uma sonoridade diferente.
'Parece at&eacute; m&uacute;sica. Mas olha s&oacute;: ele tamb&eacute;m vem das l&iacute;nguas ind&iacute;genas, mais precisamente do tupi. E, segundo dizem, &ldquo;uau&aacute;&rdquo; pode ter a ver com algo tipo &ldquo;lugar onde nasce muita fruta&rdquo; ou at&eacute; &ldquo;fruta que brota sozinha&rdquo;, dependendo da interpreta&ccedil;&atilde;o.
O historiador pontua que a regi&atilde;o de Uau&aacute;, no sert&atilde;o da Bahia, sempre foi conhecida por ser rica em planta&ccedil;&otilde;es de frutas nativas, especialmente o umbu.
'Tanto que Uau&aacute; &eacute; chamada at&eacute; hoje de &ldquo;Capital do Umbu&rdquo;. Ent&atilde;o d&aacute; pra imaginar que os povos origin&aacute;rios j&aacute; olhavam praquele ch&atilde;o e pensavam: &ldquo;isso aqui &eacute; terra de fartura&rdquo;. 'Ou seja, o nome tem tudo a ver com a for&ccedil;a da terra e o jeito resistente do sert&atilde;o, onde mesmo com pouca chuva, a natureza d&aacute; um jeito de florescer'
3) Maiquinique
<img src="https://adm.aratuon.com.br/assets/6c8a0a2d-e218-4381-8d4d-0b7f41dc7c52.jpg?width=720&amp;height=540" alt="Maiquinique. Foto: Divulga&ccedil;&atilde;o">
O munic&iacute;pio est&aacute; situado no sudoeste baiano. O nome Maiquinique, segundo o professor, tamb&eacute;m vem da mistura de ra&iacute;zes ind&iacute;genas. 'A origem mais aceita &eacute; que era o nome de uma fazenda antiga da regi&atilde;o, que por sua vez parece vir de um termo tupi que misturava ideias ligadas &agrave; terra, mato e &aacute;guas', esclareceu.
S&oacute; que o mais legal, de acordo com Carvalho, nem &eacute; a tradu&ccedil;&atilde;o exata. 'O mais interessante &eacute; que esse nome carrega a mem&oacute;ria dos primeiros habitantes daquelas bandas, os povos ind&iacute;genas que viviam ali muito antes da cidade existir. &Eacute; como se cada s&iacute;laba fosse um eco antigo do modo como eles viam o mundo: ligado &agrave; natureza, ao territ&oacute;rio, &agrave;s origens', disse.
Com o tempo, a fazenda Maquinique virou vila, que depois virou cidade'. E a&iacute; a escrita foi mudando at&eacute; chegar no que a gente conhece hoje: Maiquinique, uma cidade com nome sonoro, carregado de hist&oacute;ria e ra&iacute;zes'.
4) Ibicu&iacute;
<img src="https://adm.aratuon.com.br/assets/2a3ead85-7165-437b-bd05-d28ce5b59533.webp?width=1200&amp;height=720" alt="Ibicu&iacute;. Foto: Divulga&ccedil;&atilde;o">
Ibicu&iacute;, refor&ccedil;a o professor, &eacute; daqueles nomes que j&aacute; entregam de cara a origem ind&iacute;gena. 'E n&atilde;o &eacute; &agrave; toa: vem do tupi e significa, basicamente, &ldquo;terra de areia&rdquo; ou &ldquo;areia branca&rdquo;. O nome junta dois pedacinhos: &ldquo;yby&rdquo;, que quer dizer terra, e &ldquo;ku&rsquo;i&rdquo; (ou &ldquo;cui&rdquo;), que tem a ver com areia. Ent&atilde;o, &eacute; tipo uma descri&ccedil;&atilde;o po&eacute;tica do lugar: terra arenosa'.
Para Ricardo Carvalho, isso faz todo sentido quando a gente pensa na paisagem da regi&atilde;o, 'com solos mais secos, t&iacute;picos do interior baiano, e margens de rio com bastante areia clara. Os povos ind&iacute;genas, que eram super ligados &agrave; natureza, usavam essas caracter&iacute;sticas pra batizar os lugares. N&atilde;o tinha muito mist&eacute;rio: olhou, viu areia pra todo lado, pronto, virou Ibicu&iacute;'.
5) Ibiassuc&ecirc;
<img src="https://adm.aratuon.com.br/assets/83db1f4e-44de-439c-a4cb-183c8f2cfd0f.jpg?width=700&amp;height=390" alt="Ibiassuc&ecirc;. Foto: Divulga&ccedil;&atilde;o">
Ibiassuc&ecirc; &eacute; mais um nome que j&aacute; chega com peso de hist&oacute;ria e uma sonoridade forte. Tamb&eacute;m vem do tupi e como em muitos nomes ind&iacute;genas, ele descreve a paisagem ou uma caracter&iacute;stica marcante do lugar. A tradu&ccedil;&atilde;o mais aceita seria algo como &ldquo;terra boa de viver&rdquo; ou at&eacute; &ldquo;terra agrad&aacute;vel&rdquo;.
Quebrando o nome em peda&ccedil;os, o historiador explicou que: &nbsp; &nbsp;&bull; &nbsp; &ldquo;Ibi&rdquo; &eacute; &ldquo;terra&rdquo; (bem comum em nomes ind&iacute;genas); &nbsp; &nbsp;&bull; &nbsp; &ldquo;assu&rdquo; ou &ldquo;a&ccedil;u&rdquo; quer dizer &ldquo;grande&rdquo;; &nbsp; &nbsp;&bull; &nbsp; &ldquo;c&ecirc;&rdquo; (ou &ldquo;suk&ecirc;&rdquo;) pode ter vindo de um termo relacionado a &ldquo;agrad&aacute;vel&rdquo;, &ldquo;f&aacute;cil&rdquo; ou at&eacute; &ldquo;farto&rdquo;.
'Junta tudo e o que voc&ecirc; tem? Um nome que carrega a ideia de uma terra grande, boa, generosa, tipo aquele lugar onde d&aacute; gosto viver, plantar e criar os filhos', acrescentou.
6) Xique-Xique
<img src="https://adm.aratuon.com.br/assets/8672e4f2-c7be-4e93-9c6b-8808e2f03042.jpg?width=700&amp;height=393" alt="Xique-Xique. Foto: Divulga&ccedil;&atilde;o">
&Agrave;s margens do Rio S&atilde;o Francisco, Xique-Xique leva o nome de uma planta cact&aacute;cea comum no sert&atilde;o nordestino: o xiquexique (Pilosocereus gounellei). Espinhenta e resistente, essa planta simboliza a vegeta&ccedil;&atilde;o &aacute;rida da caatinga. O nome &eacute; uma adapta&ccedil;&atilde;o fon&eacute;tica que tenta reproduzir o som feito ao caminhar sobre os espinhos secos da planta ou mesmo ao toc&aacute;-la. Xique-Xique &eacute;, portanto, um nome que carrega o DNA do sert&atilde;o.
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Mais um caso de var&iacute;ola dos macacos (Monkeypox), de uma pessoa que reside em Salvador, foi confirmado&nbsp;nesta ter&ccedil;a-feira (23/8). Com isso,&nbsp;a Bahia totaliza 40 casos da doen&ccedil;a, sendo 31 na capital, dois em Santo Ant&ocirc;nio de Jesus; e um em cada uma das seguintes cidades: Cairu, Concei&ccedil;&atilde;o do Jacu&iacute;pe,&nbsp;Feira de Santana,&nbsp;Ilh&eacute;us,&nbsp;Juazeiro, Mutu&iacute;pe e Xique-Xique.

Al&eacute;m dos confirmados, a Bahia tem notificados 98 casos suspeitos aguardando diagn&oacute;stico laboratorial.

SOBRE A DOEN&Ccedil;A

A var&iacute;ola dos macacos &eacute;&nbsp;uma zoonose viral, do g&ecirc;nero Orthopoxvirus, da fam&iacute;lia Poxviridae, que se assemelha &agrave; var&iacute;ola erradicada em 1980. A doen&ccedil;a cursa com febre, dor de cabe&ccedil;a, dores musculares, dores nas costas, adenomegalia, calafrios e exaust&atilde;o. A infec&ccedil;&atilde;o &eacute; autolimitada com sintomas que duram de 2 a 4 semanas, podendo ser dividida em dois per&iacute;odos: invas&atilde;o, que dura entre 0 e 5 dias, com febre, cefaleia, mialgia, dor das costas e astenia intensa. A erup&ccedil;&atilde;o cut&acirc;nea come&ccedil;a entre 1 e 3 dias ap&oacute;s o aparecimento da febre e tem caracter&iacute;sticas cl&iacute;nicas semelhantes com varicela ou s&iacute;filis, com diferen&ccedil;a na evolu&ccedil;&atilde;o uniforme das les&otilde;es.

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