Morreu, neste &uacute;ltimo domingo (3/4), em S&atilde;o Paulo, aos 98 anos, a escritora e integrante da Academia Brasileira de Letras (ABL), Lygia Fagundes Telles. A informa&ccedil;&atilde;o foi confirmada pela ABL. Lygia foi vencedora do Pr&ecirc;mio Cam&otilde;es, em 2005, pelo conjunto da obra, e do Pr&ecirc;mio Juca Pato, em 2009, como intelectual do ano.

A escritora nasceu na capital paulista, estudou na Escola Caetano de Campos e se formou na Faculdade de Direito do Largo de S&atilde;o Francisco, da Universidade de S&atilde;o Paulo (USP). Ingressou na ABL em 1987 na cadeira 16, na sucess&atilde;o de Pedro Calmon.

Lygia faleceu em sua casa, em S&atilde;o Paulo, de causas naturais. &quot;Perdemos nossa querida. Partiu tranquilamente! Mas viver&aacute; para sempre. Principalmente no cora&ccedil;&atilde;o de seus amigos!&quot;, escreveu nas redes sociais o jurista Jos&eacute; Renato Nalini, atual presidente da Academia Paulista de Letras. O vel&oacute;rio ocorrer&aacute; hoje, a partir das 16h, na Academia Paulista de Letras, em S&atilde;o Paulo. Seu corpo ser&aacute; cremado no cemit&eacute;rio da Vila Alpina.&nbsp;

A obra de Lygia aborda temas variados como o amor, a morte, o medo, o adult&eacute;rio e as drogas. Trata ainda de problemas sociais e explora o universo feminino, trazendo um olhar cr&iacute;tico ao moralismo social e deixando transparecer suas vis&otilde;es pol&iacute;ticas.

PR&Ecirc;MIOS

Seu primeiro livro de contos, com o t&iacute;tulo Por&otilde;es e sobrados, foi publicado em 1938. Recebeu quatro vezes o Pr&ecirc;mio Jabuti, considerado a mais tradicional premia&ccedil;&atilde;o liter&aacute;ria do Brasil. Na primeira ocasi&atilde;o, em 1966, obteve o feito com a obra O Jardim Selvagem. Voltou a ganhar em 1973, com o romance As Meninas. Em 1996, consagrou-se novamente com A Noite Escura e mais Eu e, em 2001, com a colet&acirc;nea de contos Inven&ccedil;&atilde;o e Mem&oacute;ria.

No ano de 2005, foi agraciada tamb&eacute;m com o Pr&ecirc;mio Cam&otilde;es, que enaltece autores de l&iacute;ngua portuguesa pelo conjunto da sua obra. Seu nome entrou pra uma lista da qual atualmente fazem parte outros 33, de cinco pa&iacute;ses diferentes.

O trabalho de Lygia ganhou as telas da televis&atilde;o. O romance Ciranda de Pedra, publicado em 1954, foi adaptado pela TV Globo duas vezes. A primeira novela, escrita por Ant&ocirc;nio Teixeira Filho e dirigida por Wolff Maia, foi ao ar pela TV Globo em 1981. A segunda vers&atilde;o, veiculada em 2008, foi escrita por Alcides Nogueira e dirigida por Denise Saraceni.

Seu nome tamb&eacute;m aparece na hist&oacute;ria do cinema brasileiro. No filme Capitu (1968), inspirado no romance Dom Casmurro de Machado de Assis, ela trabalhou em parceria com o cr&iacute;tico de cinema e seu segundo marido Paulo Em&iacute;lio Sales Gomes, com quem foi casada de 1963 at&eacute; ficar vi&uacute;va em 1977. Ambos assinam o roteiro que posteriormente recebeu o Pr&ecirc;mio Candango, concedido pelo Festival de Bras&iacute;lia.

Com forma&ccedil;&atilde;o em Direito, a escritora se mobilizou contra a censura durante a ditadura militar. Junto com os escritores N&eacute;lida Pi&ntilde;on e Jefferson Ribeiro de Andrade e o historiador H&eacute;lio Silva, ela comp&ocirc;s a comiss&atilde;o respons&aacute;vel pela elabora&ccedil;&atilde;o do Manifesto dos Intelectuais, um abaixo-assinado que ganhou repercuss&atilde;o em 1977 ap&oacute;s conquistar a ades&atilde;o de mais de mil signat&aacute;rios. Entregue ao Minist&eacute;rio da Justi&ccedil;a, ele foi considerado a maior manifesta&ccedil;&atilde;o de intelectuais contra a censura imposta no per&iacute;odo.

Lygia n&atilde;o deixa descendentes. Seu &uacute;nico filho, o cineasta Goffredo da Silva Telles Neto, faleceu em 2006, aos 52 anos. Ele era fruto do relacionamento com o primeiro marido, o jurista Gofredo Teles J&uacute;nior, que durou de 1947 at&eacute; 1960.

Entre seus livros mais importantes est&atilde;o Antes do Baile Verde (1970), As Meninas (1973), Semin&aacute;rio dos Ratos (1977), Filhos Pr&oacute;digos (1978), A Disciplina do Amor (1980), As Horas Nuas (1989), A Noite Escura e Mais Eu (1995), e Inven&ccedil;&atilde;o e Mem&oacute;ria (2000). Seu livro Ciranda de Pedra (1954) inspirou a novela hom&ocirc;nima, exibida na TV Globo. &nbsp;

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