&quot;Eu n&atilde;o consigo dormir. As noites s&atilde;o terr&iacute;veis, fico me batendo... Tenho pesadelo, lembro toda hora&quot;. O relato &eacute; de S&eacute;rgio Lopes, morador da 1&ordf; Travessa do Jenipapeiro, em Plataforma, no Sub&uacute;rbio Ferrovi&aacute;rio de Salvador, h&aacute; 50 anos. Ele teve parte da casa destru&iacute;da na noite do dia 26 de maio, em decorr&ecirc;ncia de uma obra na quadra do Col&eacute;gio Estadual Democr&aacute;tico Bertholdo Cirilo dos Reis.&nbsp;

S&eacute;rgio lembra o desespero para deixar a resid&ecirc;ncia, pouco depois das 21h. &quot;Minha sobrinha veio me dizer que estava ouvindo uns estalos fortes e que a casa tava &#39;andando&#39;. Achei que fosse brincadeira. S&oacute; que a&iacute; eu tamb&eacute;m senti. Comecei a correr pra chamar os vizinhos&quot;, conta.&nbsp;

Ao todo, foram quatro&nbsp;casas diretamente afetadas &mdash; tr&ecirc;s&nbsp;desabaram por completo e uma&nbsp;parcialmente. Mas, outros im&oacute;veis na Rua Chile e Travessa Bertoso apresentam rachaduras e danos estruturais.&nbsp;

A interven&ccedil;&atilde;o na &aacute;rea da escola come&ccedil;ou em meados de mar&ccedil;o. A ideia era construir uma cobertura para a &uacute;nica quadra de esportes que a unidade possui. Um investimento de meio milh&atilde;o de reais do Governo do Estado. A previs&atilde;o era concluir o trabalho em 180 dias.&nbsp;

Os moradores, por&eacute;m, se queixam sobre a condu&ccedil;&atilde;o da obra. &quot;Ningu&eacute;m veio aqui falar com a gente sobre as estruturas. Eu n&atilde;o recebi uma visita. Simplesmente come&ccedil;aram a cavar os buracos [para a funda&ccedil;&atilde;o da cobertura] bem perto do muro que separa a escola das casas. O resultado foi esse a&iacute;&quot;, denuncia Emile Santos, moradora da regi&atilde;o h&aacute; 20 anos. A sensa&ccedil;&atilde;o de que as demais estruturas v&atilde;o ceder aumenta em dias chuvosos como esta sexta-feira (10/6).&nbsp;

Uma estudante do col&eacute;gio revela que as casas n&atilde;o foram as &uacute;nicas afetadas. &quot;Eu estudo na &uacute;ltima sala, 2&deg; ano. T&aacute; toda rachada. A gente fica com medo&quot;, disse.&nbsp;

A Defesa Civil de Salvador alega ter notificado 16 fam&iacute;lias para o cadastramento do aux&iacute;lio-moradia. Boa parte delas, j&aacute; recebe cerca de R$ 300. Os moradores cobram, por&eacute;m, uma resposta do Governo do Estado sobre o caso. &quot;&Eacute; pouco o dinheiro. Aqui na regi&atilde;o, achei casa s&oacute; de R$ 500. Vou acabar indo pra casa de algum parente&quot;, diz outra moradora.&nbsp;

Em nota, a Secretaria Estadual de Educa&ccedil;&atilde;o disse ter sido notificada e alega que as casas foram constru&iacute;das em local inadequado. O texto diz ainda que o Governo vai cadastrar as fam&iacute;lias para o aux&iacute;lio aluguel.&nbsp;

Na manh&atilde; da &uacute;ltima quinta (9/6), um protesto impediu a entrada dos estudantes no Col&eacute;gio Bertholdo Cirilo dos Reis. Eles prometem impedir as aulas at&eacute; que a ajuda do Estado chegue para as fam&iacute;lias. 
 
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