O Tribunal de Justi&ccedil;a da Bahia (TJ-BA) revogou o mandado de pris&atilde;o contra o empres&aacute;rio <a href="https://aratuon.com.br/cidade/dono-de-ferro-velho-do-qual-jovens-sumiram-pode-entrar-na-lista-da-interpol" target="_blank" rel="noopener">Marcelo Batista da Silva</a>, investigado pela Pol&iacute;cia Civil pelo duplo homic&iacute;dio de Paulo Daniel Pereira Gentil do Nascimento e Matuzalem Lima Muniz. O crime, ocorrido em novembro de 2024, ficou conhecido como "mist&eacute;rio do ferro-velho".
Segundo decis&atilde;o obtida pelo Aratu On, <a href="https://aratuon.com.br/cidade/tres-sao-presos-em-operacao-que-investiga-morte-de-jovens-em-ferro-velho" target="_blank" rel="noopener">outros dois homens, presos pelo crim</a>e, Marcelo Dur&atilde;o Costa e Cl&oacute;vis Ant&ocirc;nio Santana Dur&atilde;o J&uacute;nior, <a href="https://aratuon.com.br/cidade/policial-suspeito-de-envolvimento-na-morte-de-jovens-em-ferro-velho-e-solto" target="_blank" rel="noopener">tiveram liberdade provis&oacute;ria concedida</a>. A decis&atilde;o que beneficiou a dupla foi proferida em 25 de fevereiro, pelo juiz Vilebaldo Jos&eacute; de Freitas Pereira.
<img src="https://adm.aratuon.com.br/assets/df759af2-9fb3-406f-8aa2-a68d90e5c9e9.jpg?width=544&amp;height=306" alt="Marcelo Batista &eacute; investigado pelo crime | Foto: reprodu&ccedil;&atilde;o/arquivo pessoal">
Na decis&atilde;o, o magistrado acolheu pedidos apresentados pelos advogados dos suspeitos, que alegaram aus&ecirc;ncia da comunica&ccedil;&atilde;o da pris&atilde;o &agrave; fam&iacute;lia dos detidos. A defesa tamb&eacute;m argumentou que os r&eacute;us s&atilde;o prim&aacute;rios, possuem bons antecedentes, ocupa&ccedil;&atilde;o l&iacute;cita e resid&ecirc;ncia fixa. "Inexistem nos autos elementos demonstrativos da necessidade de se manter a pris&atilde;o processual dos indiciados, estando claro que n&atilde;o pretendem eles furtar-se &agrave; aplica&ccedil;&atilde;o da lei penal, vez que possuem endere&ccedil;o conhecido, podendo ser localizados a qualquer momento para a pr&aacute;tica dos atos processuais", afirmou o juiz, em trecho da senten&ccedil;a.
Marcelo Dur&atilde;o Costa &eacute; soldado da Pol&iacute;cia Militar. A investiga&ccedil;&atilde;o da Pol&iacute;cia Civil aponta que ele e Cl&oacute;vis, sob ordens de Marcelo Batista da Silva, teriam cometido o crime e ocultado os corpos das v&iacute;timas, que permanecem desaparecidas. Os investigadores suspeitam que o grupo possa estar envolvido em outros homic&iacute;dios ainda n&atilde;o esclarecidos.
Sem mandado de pris&atilde;o em aberto, Marcelo Batista da Silva n&atilde;o pode ser detido neste momento - portanto, ele n&atilde;o &eacute; mais considerado foragido. J&aacute; Dur&atilde;o e Cl&oacute;vis ser&atilde;o monitorados por tornozeleira eletr&ocirc;nica e est&atilde;o proibidos de frequentar bares.
Al&eacute;m disso, eles n&atilde;o poder&atilde;o sair de Salvador nem se afastar de suas resid&ecirc;ncias por mais de 50 metros entre 19h e 6h, de segunda a sexta-feira e nos dias de folga. O juiz tamb&eacute;m determinou que os dois n&atilde;o fa&ccedil;am uso de bebida alco&oacute;lica nem frequentem locais de jogos de azar.
<img src="https://adm.aratuon.com.br/assets/80d0a7df-a55a-4ec5-9aa0-6224450b1ec6.jpg?width=1024&amp;height=714" alt="Os corpos de Paulo Daniel Pereira Gentil do Nascimento e Matusal&eacute;m Silva Muniz seguem desaparecidos. | Foto: Arquivo Pessoal">
<h2 style="text-align: justify;">O caso</h2>
O desaparecimento das v&iacute;timas foi comunicado ao Departamento de Prote&ccedil;&atilde;o &agrave; Pessoa no dia 4 de novembro do ano passado. Quatro dias depois, o Tribunal de Justi&ccedil;a autorizou buscas nos endere&ccedil;os residencial e comercial de Marcelo Batista da Silva. Ele mora em um apartamento duplex no 17&ordm; andar de um condom&iacute;nio de luxo no bairro de Pitua&ccedil;u, em Salvador, e sua empresa, Prometais, funciona no bairro de Piraj&aacute;. Em ambos os locais, a pol&iacute;cia encontrou ind&iacute;cios de fuga e oculta&ccedil;&atilde;o de provas.
Na empresa, onde familiares das v&iacute;timas acreditam que Paulo e Matuzalem tenham sido executados, a Pol&iacute;cia Civil identificou vest&iacute;gios de sangue em um recipiente de lixo. Al&eacute;m disso, o sistema de c&acirc;meras de seguran&ccedil;a, composto por mais de 50 equipamentos, estava destru&iacute;do. "Cabe destacar que praticamente todo o monitoramento foi inutilizado, e possivelmente continha imagens da TORTURA e EXECU&Ccedil;&Atilde;O das v&iacute;timas", apontaram os policiais em relat&oacute;rio da investiga&ccedil;&atilde;o.
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Nesta quarta-feira, 4 de dezembro, completa-se um m&ecirc;s do desaparecimento dos jovens Paulo Daniel Pereira Gentil do Nascimento, de 24 anos, e Matusal&eacute;m Silva Muniz, de 25, funcion&aacute;rios de um ferro-velho em Campinas de Piraj&aacute;, em Salvador.&nbsp;Apontado pela fam&iacute;lia dos rapazes como respons&aacute;vel pelo sumi&ccedil;o, o dono do estabelecimento, Marcelo Batista, segue foragido.

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Esposa de Paulo Daniel, Kaylane Santos falou ao <a href="http://aratuon.com.br" target="_blank">Aratu On</a> sobre o &#39;pesadelo&#39; que a fam&iacute;lia do rapaz tem enfrentado. &quot;Esses 30 dias, para a gente, tem sido um pesadelo.&nbsp;Tem sido triste, desesperador, porque s&atilde;o 30 dias sem respostas, que a gente corre atr&aacute;s e&nbsp;a ficha ainda n&atilde;o caiu porque parece que foi ontem, tem passado muito r&aacute;pido&quot;, afirmou.

Diante da demora&nbsp;em se obter informa&ccedil;&otilde;es de Paulo e Matusal&eacute;m ou mesmo encontrar o principal suspeito do crime, Marcelo Batista, Kaylane contou, de maneira emocionada, que teme pela pr&oacute;pria vida e dos demais familiares.

&quot;&Eacute; um m&ecirc;s de choro, um m&ecirc;s sem comer, entendeu? Sem dormir, sem ter paz, porque a qualquer momento esse homem pode vir na minha fam&iacute;lia&nbsp;e, se acontecer algo comigo e minha fam&iacute;lia, ter&aacute; sido ele. Porque ele n&atilde;o&nbsp;vale nada, como os funcion&aacute;rios dele falaram, ele &eacute; extremamente perigoso, ent&atilde;o o que&nbsp;resta&nbsp;&eacute; o medo&quot;.&nbsp;

O&nbsp;<a href="http://aratuon.com.br" target="_blank">Aratu On</a> listou os principais acontecimentos do caso nesses &uacute;ltimos 30 dias. Confira:

<h2>Sumi&ccedil;o e buscas</h2>

<a href="https://aratuon.com.br/geral/video-cameras-de-seguranca-mostram-ultimos-momentos-de-jovens-em-ferro-velho" target="_blank">Paulo Daniel e Matusal&eacute;m foram vistos pela &uacute;ltima vez no dia 4 de novembro, flagrados por c&acirc;meras de seguran&ccedil;a do ferro-velho</a> em que trabalhavam, no bairro de Campinas de Piraj&aacute;, em Salvador. A fam&iacute;lia de Paulo afirmou que ele chegou a trabalhar normalmente antes de desaparecer, enquanto Matusal&eacute;m sumiu ap&oacute;s sair para almo&ccedil;ar.

Segundo apura&ccedil;&atilde;o do programa Al&ocirc; Juca, da TV Aratu, as v&iacute;timas teriam sido amarradas e torturadas com pauladas antes de serem mortas.

&Agrave; ocasi&atilde;o, Marineide Pereira, m&atilde;e de Paulo, contou que, dias antes do desaparecimento, o filho havia sido acusado pelo dono da empresa de roubar um gerador do local, mas n&atilde;o houve registro na Pol&iacute;cia. Na entrevista ao <a href="http://aratuon.com.br" target="_blank">Aratu On</a>, Kaylane afirmou que n&atilde;o acredita que o companheiro tenha roubado nada.

<blockquote>
&quot;Dizem que ele [Paulo] roubou, mas&nbsp;ele n&atilde;o roubou nada at&eacute; que se prove o contr&aacute;rio. Ele n&atilde;o fez nada e, se ele tivesse roubado, ele [Marcelo Batista]&nbsp;tinha obriga&ccedil;&atilde;o de chegar na delegacia. Ele n&atilde;o tinha obriga&ccedil;&atilde;o de tirar a vida de ningu&eacute;m, porque o &uacute;nico que tem poder de tirar a vida &eacute; Deus&quot;.
</blockquote>

No dia seguinte ao desaparecimento (5 de novembro), o Corpo de Bombeiros iniciou as buscas pelos rapazes. Foram usados c&atilde;es farejadores no terreno do ferro-velho, confirmando que Paulo e Matusal&eacute;m estiveram no local. Uma meia e um t&ecirc;nis de Paulo tamb&eacute;m foram encontrados.

<h2>Marcelo Batista</h2>

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Elemento importante da hist&oacute;ria, o dono do ferro-velho, Marcelo Batista, parou de frequentar o local depois que a hist&oacute;ria ganhou for&ccedil;a nos notici&aacute;rios. No dia 6 de novembro, dois dias ap&oacute;s o desaparecimento,&nbsp;a defesa dele entrou com um pedido de habeas corpus preventivo, para evitar que ele fosse preso - o pedido foi negado pela 10&ordf; Vara Criminal da Comarca de Salvador.

No dia 8 de novembro, ele entrou em contato com o Programa Al&ocirc; Juca, da TV Aratu. Na ocasi&atilde;o, via mensagem, Marcelo Batista, que &eacute; ex-policial, falou que n&atilde;o havia feito nada e que n&atilde;o tinha culpa.

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Perguntada sobre o que diria para Marcelo caso estivesse frente a frente com o suspeito de ser respons&aacute;vel pelo sumi&ccedil;o de Paulo Daniel e Matusal&eacute;m Silva, Kaylane disse: &quot;Eu olharia bem no fundo do olho dele e perguntaria porque ele tirou a vida do meu marido, por que ele fez isso? Meu marido n&atilde;o devia nada a ele, era trabalhador. Eu perguntaria: &#39;que frieza &eacute; essa?&#39;&quot;

Testemunhas afirmaram que outro ex-funcion&aacute;rio, conhecido como&nbsp;<a href="https://aratuon.com.br/geral/dono-de-ferro-velho-em-piraja-e-investigado-por-morte-de-casal" target="_blank">Adson Davi do Carmo, e sua companheira, Priscila Cruz, foram mortos a mando de Marcelo</a>. A data do crime n&atilde;o foi informada. Assim como Paulo e Matusal&eacute;m, Adson foi acusado de roubo pelo empres&aacute;rio. As investiga&ccedil;&otilde;es iniciais indicam que, antes de ser morto, ele foi interrogado sobre o suposto furto de metais e, depois, assassinado por policiais.

Ainda na madrugada do dia 8, o carro de Marcelo, que estava estacionado no terreno do ferro-velho, foi incendiado. <a href="https://aratuon.com.br/cidade/dono-de-ferro-velho-em-piraja-tem-prisao-preventiva-decretada-pela-justica" target="_blank">No dia 11, a pris&atilde;o de Marcelo Batista foi decretada e, desde ent&atilde;o, ele &eacute; tratado como foragido</a>.

<a href="https://aratuon.com.br/cidade/video-ex-funcionaria-de-ferro-velho-denuncia-empresario-por-assedio-e-ameacas" target="_blank">No dia 15 de novembro, uma ex-funcion&aacute;ria do ferro-velho, que preferiu&nbsp;n&atilde;o ser identificada, denunciou situa&ccedil;&otilde;es de maus tratos, ass&eacute;dios, abusos</a> e amea&ccedil;as sofridas durante os dois anos em que trabalhou no estabelecimento. O caso foi ao ar durante o programa Al&ocirc; Juca.&nbsp;

Outro ve&iacute;culo de&nbsp;Marcelo foi encontrado na loja Globaltek, em Lauro de Freitas, na Regi&atilde;o Metropolitana de Salvador. Ele foi deixado no estabelecimento por um homem que solicitou a troca dos bancos, alegando que o carro apresentava manchas de sujeira. No entanto, a pol&iacute;cia suspeita que essas manchas possam ser vest&iacute;gios de sangue dos jovens desaparecidos.

Ap&oacute;s a localiza&ccedil;&atilde;o do ve&iacute;culo, a pol&iacute;cia realizou uma per&iacute;cia detalhada ao longo do dia 12 e, posteriormente,&nbsp;guinchou o carro para o p&aacute;tio do Departamento de Homic&iacute;dios e Prote&ccedil;&atilde;o &agrave; Pessoa (DHPP), no bairro de Itapu&atilde;, em Salvador. Amostras do material encontrado no carro foram coletadas e ser&atilde;o analisadas para verificar a origem.

No final de novembro, testemunhas relataram que havia movimenta&ccedil;&atilde;o no ferro-velho durante as madrugadas e que o estabelecimento j&aacute; havia retomado o funcionamento. Com Marcelo foragido, familiares de Paulo Daniel e Matusal&eacute;m fizeram um protesto em frente ao ferro-velho, no dia 13 de novembro, contra o funcionamento do galp&atilde;o.&nbsp;

<h2>Investiga&ccedil;&otilde;es</h2>

O <a href="http://aratuon.com.br" target="_blank">Aratu On</a> entrou em contato com a Pol&iacute;cia Civil para averiguar o andamento das investiga&ccedil;&otilde;es. Em&nbsp;nota, a PC informou que &quot;a investiga&ccedil;&atilde;o est&aacute; em curso e os desdobramentos n&atilde;o est&atilde;o sendo divulgados para n&atilde;o interferir no andamento do caso.&quot;

<h2>Fam&iacute;lia de Paulo Daniel</h2>

Com o sentimento de injusti&ccedil;a presente todos os dias, desde 4 de novembro, e com a sensa&ccedil;&atilde;o de que a fam&iacute;lia est&aacute; &#39;completamente destru&iacute;da&#39;, Kaylane conta que n&atilde;o h&aacute; clima algum para as festas de Natal e Ano Novo. Ela diz ainda que &quot;falar de Paulo Daniel &eacute; doloroso porque &eacute; muita saudade. Entrar dentro de casa e n&atilde;o ver&nbsp;meu marido, n&atilde;o ou&ccedil;o&nbsp;mais a voz dele. Eu tenho&nbsp;esperan&ccedil;a dele bater na porta e falar&nbsp;para mim que o pesadelo acabou,&nbsp;que ele t&aacute; bem.&nbsp;Mas eu sei que isso n&atilde;o&nbsp;vai acontecer e &eacute; desesperador.&nbsp;Voc&ecirc; saber que voc&ecirc; n&atilde;o vai ver mais aquela pessoa&quot;.

A &uacute;nica coisa que Kaylane, dona&nbsp;Marineide, que &eacute; a m&atilde;e de Paulo,&nbsp;e os demais parentes querem neste final de ano &eacute; a possibilidade de encontrar os restos do jovem de 24 anos, para que, ao menos, &#39;um enterro digno&#39;.

<blockquote>
&quot;O maior presente, nesse momento, seria achar o corpo dele, seria dar um&nbsp;enterro&nbsp;digno. Apesar que j&aacute; tem um m&ecirc;s e provavelmente n&atilde;o tem quase mais nada [de restos mortais], n&atilde;o importa.&nbsp;O importante &eacute; que a gente tenha esse momento, para que ele&nbsp;descanse sabendo que&nbsp;ele teve uma mulher e uma m&atilde;e&nbsp;que lutaram por ele a vida toda&quot;.
</blockquote>

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