https://www.youtube.com/watch?v=-PikCB4n284

Uma das atrizes mais renomadas do Brasil no século XX, Ítala Nandi relembra o período no qual foi perseguida pela ditadura militar, em 1967, quando concedeu entrevista a uma revista. Ela é a entrevista desta terça-feira (9/7) do programa Linha de Frente.

“Eu disse assim: um homem, se tem muitas mulheres, é uma maravilha. A mulher, se tem mais de um homem é vagabunda. Eu disse isso. Foi uma cagada. Foi o que poderia ter sido pior para a censura da época”, relembra.

Para ela, a partir dali, houve perseguição de regime militar. “Eles apreenderam todas as revistas. Eu fiquei sem poder falar, não podia dar entrevista e todo mundo formigando em cima de mim. Foi uma coisa muito forte. Uma bobagem dessas”, conta.

Aos 82 anos, Ítala Nandi é conhecida pela atuação em diversas produções na televisão e no cinema. Ela teve papéis em novelas, séries e filmes ao longo da carreira. Alguns dos trabalhos mais destacados de Ítala Nandi incluem participações em novelas como “Pantanal”, “Caminhos do Coração” e “Os Mutantes: Caminhos do Coração”.

Ela é conhecida por ter feito o primeiro nu artístico feminino do teatro nacional.

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O programa Linha de Frente, comandado pelo jornalista Pablo Reis, recebeu nesta sexta-feira (28/6) uma das grandes damas do teatro brasileiro, a atriz gaúcha Ítala Nandi, de 83 anos. Com um catálogo de títulos como a novela "Pantanal", "Os Mutantes" e "O Pulo do Gato", Ítala passa uma temporada na capital baiana para dar aulas de teatro para alunos da graduação e da pós-graduação da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

No encontro com Pablo Reis, a artista debate sobre arte, cultura e cidadania a partir de movimentos e intervenções artísticas que participou ao longo de mais de 60 anos de carreira. A exemplo desses movimentos, ela reflete como foi uma figura de liberdade sexual e de gênero das mulheres na década de 1970. Ítala foi a primeira atriz a fazer nu frontal no teatro durante a Ditadura Militar.

[caption id="attachment_347982" align="alignnone" width="700"]<img class="wp-image-347982" src="https://aratuon.com.br/wp-content/uploads/2024/06/Design-sem-nome-3-1-300x156.png" alt="" width="700" height="365" /> Divulgaçõ: Facebook: Ítala Nandi[/caption]

A atriz, que começou sua carreira em um teatro amador no Rio Grande do Sul, chamou atenção para o povo gaúcho e a situação de calamidade enfrentada pelos seus conterrâneos devido às fortes chuvas nos últimos meses. Fazendo alusão à arte, a atriz conta que, em meio a catástrofes e tragédias, o teatro sempre permanece. "Enquanto existir uma pessoa no mundo, existe o teatro". E completa: "Se eu pudesse mudar o nome [teatro], seria 'Arte Mãe'".

Em Salvador desde março, além de dedicar-se às aulas cênicas à comunidade acadêmica, Ítala se prepara para integrar o elenco de uma peça com estreia prevista para setembro. Com direção do dramaturgo e professor da Ufba Gil Vicente Tavares, o espetáculo apresentado pela dupla é o clássico "A Visita da Velha Senhora", do dramaturgo suíço Friedrich Dürrenmatt, de 1956.

HISTÓRIA

Natural de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, Ítala compôs a Companhia Teatro Oficina, uma das mais longevas companhias de teatro em atividade permanente do Brasil, fundada em 1958.

Antes de trilhar seu legado de referência na sétima arte e nos palcos, Ítala foi até São Paulo, em 1962, onde passou a integrar, na condição de administradora, o Teatro Oficina. Sua estreia na companhia ocorreu de forma inesperada, substituindo Rosamaria Murtinho no espetáculo "Quatro Num Quarto", de Valentin Kataev.

Em seu acervo, ela coleciona prêmios como o Prêmio Molière de Teatro, foi indicada ao Urso de Prata em Berlim pelo filme "Sagarana", em 1974, e à Palma de Ouro em Cannes por "Pindorama" (1973). Em 1975, foi eleita melhor atriz no Prêmio Air France pelo desempenho no longa "Guerra Conjugal".

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Ítala Nandi relembra perseguição da ditadura militar após entrevista: 'Foi uma bobagem'

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