Premiado com o troféu "O Bem Transforma" pela TV Aratu na categoria "Inclusão", O Instituto de Cegos da Bahia (ICB) completou 90 anos de atendimento relativo à deficiência visual. Segundo a assessora de Captação de Recursos e Marketing do ICB, Consuelo Alban, a entidade tem como objetivo promover a prevenção da cegueira, diagnóstico precoce e habilitação, reabilitação e inclusão social de pessoas cegas e com baixa visual.

"Atuamos em três áreas, saúde, educação e assistência social. O paciente começa com as consultas médicas e, após receber o diagnóstico, é encaminhado para um serviço multidisciplinar composto por psicólogo, terapeuta ocupacional, pedagogo e assistente social que traça um plano de reabilitação visual", explica Consuelo. Nesse plano, a pessoa aprende braile, a andar de bengala e outras funções necessárias para ganhar autonomia.

Durante os 90 anos de funcionamento, o IBC mantém um legado de inclusão da pessoa com deficiência visual na sociedade como cidadão de direitos e deveres. O instituto atende gratuitamente a todos, sem limites de idade, através dos centro de Intervenção Precoce, Centro de Educação Complementar, Centro de Tecnologia da Informação, Centro de Apoio Terapêutico e Centro Médico Oftalmológico.

HISTÓRIA

A primeira sede do IBC foi em um casarão no Barbalho, em Salvador, doado pela prefeitura. Lá, os albergados viviam com as famílias e trabalhavam na confecção de vassouras para garantir o sustento. As crianças e jovens que vinham em busca de instrução eram aceitas em regime de internato. Em 1959, o IBC precisou de mais espaço e construiu um novo prédio, com acomodações mais confortáveis e amplas. Em 1961, iniciou-se a inclusão sob a responsabilidade da Secretaria de Educação do estado e as crianças começaram a ser alfabetizadas e integradas às classes regulares.

Atualmente, o IBC atende por ano 56 mil pessoas e depende de doações para manter funcionamento. A entidade conta com campanhas nas redes sociais, ações voluntárias e venda de produtos institucionais para obter os recursos necessários, além disso, tem um convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS), que cobre um percentual das despesas. "A nossa bandeira é movimentar as doações para o nosso plano de ampliação da estrutura física, atendendo mais pessoas e diminuindo a fila de espera", explicou Consuelo Alban.

COMO DOAR

As doações podem ser feitas pelo site do Instituto de Cegos da Bahia (ICB), pelo telefone (71) 3016-8100 ou por depósito ou transferência bancária. Para esse último caso, o CNPJ do ICB é 15208044/0001-89.

Esta reportagem é a 13ª de uma série do Aratu On sobre os 15 vencedores do prêmio “O Bem Transforma”, homenagem da TV Aratu para pessoas e instituições que contribuem para a construção de uma Bahia melhor. A cerimônia de entrega dos prêmios foi realizada no dia 30 de outubro.

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Depois de cinco anos de espera, obras durante a pandemia e muita expectativa, o Instituto de Cegos da Bahia (ICB) realizou o sonho de inaugurar Centro Musical Imaginasom, um projeto da institui&ccedil;&atilde;o e de Carlinhos Brown, que cresceu visitando o ICB, no bairro do Barbalho, em Salvador.

O artista participou da abertura oficial do Imaginasom nesta ter&ccedil;a-feira (7/6), e conversou com o Aratu On sobre a import&acirc;ncia de um novo espa&ccedil;o que celebra a m&uacute;sica em uma cidade t&atilde;o musical quanto a capital baiana.

&quot;Quando as pessoas perguntam se eu ajudei o Instituto de Cegos, eu digo que n&atilde;o, o contr&aacute;rio. O Instituto de Cegos que faz parte da minha vida desde a inf&acirc;ncia. Eu estou nessa casa aqui por mais de 40 anos, muito mais. &Eacute; uma honra quando essa casa confia que eu posso comunicar algo de positivo. N&oacute;s estamos aqui para dizer que deu certo. &Eacute; necess&aacute;rio que os nossos deficientes visuais, e outros com baixa vis&atilde;o, sobretudo crian&ccedil;as que s&atilde;o aqui assistidas, tenham um acolhimento. &Eacute; necess&aacute;rio esse est&uacute;dio. Eram bem prec&aacute;rias as condi&ccedil;&otilde;es. N&oacute;s n&atilde;o desistimos. Tudo o que aprendi de social, aprendi aqui&quot;.

SONHO

O Imaginasom vai oferecer aulas de inicia&ccedil;&atilde;o musical, canto, percuss&atilde;o, piano, teclado e viol&atilde;o para pessoas cegas ou com baixa vis&atilde;o atendidas pelo Instituto. De acordo com Jo&atilde;o Gomes, conselheiro do ICB, a ideia &eacute; que o est&uacute;dio, dividido em tr&ecirc;s espa&ccedil;os, seja a sala de aula de at&eacute; 80 pessoas por dia.

&Agrave; reportagem, ele explica que o ICB j&aacute; oferecia aulas de m&uacute;sica antes, mas que, agora, poder&aacute; entregar aos assistidos um espa&ccedil;o com mais qualidade.

&quot;Hoje, estamos fazendo a entrega de um sonho. J&aacute; existia uma sala de m&uacute;sica, por&eacute;m, sem condi&ccedil;&otilde;es adequadas para ser uma sala de m&uacute;sica, sem condi&ccedil;&otilde;es ac&uacute;sticas, instrumentos muito defasados, sem uma qualidade para poder assistir mesmo as crian&ccedil;as e professores&quot;.

O ICB, que atende pessoas com baixa vis&atilde;o ou cegas, foi criada para formar os assistidos para a vida. Al&eacute;m das aulas de m&uacute;sica e da assist&ecirc;ncia oftalmol&oacute;gica, o instituto ensina a usar o transporte p&uacute;blico, arrumar a cama, p&ocirc;r a mesa, se servir e servir as pessoas, estudar, aprender o braile, aprender a andar com a bengala, dar um passo de cada vez.

De acordo com Jo&atilde;o Gomes, os pacientes que chegam e s&atilde;o acolhidos pela casa j&aacute; podem dizer se querem participar das aulas de m&uacute;sica ou n&atilde;o. E, para ele, os ganhos em participar s&atilde;o in&uacute;meros: &quot;&Eacute; m&uacute;sica, &eacute; arte. A arte &eacute; invis&iacute;vel, n&eacute;, a m&uacute;sica &eacute; invis&iacute;vel, &eacute; atemporal. Ent&atilde;o, que bom que eles podem colocar para fora esse sentimento atrav&eacute;s da m&uacute;sica&quot;.

K&aacute;tia Cucchi, professora de m&uacute;sica do ICB h&aacute; 23 anos, concorda com o conselheiro e ressalta: &quot;A m&uacute;sica na vida de pessoas com defici&ecirc;ncia contribui com diversos fatores, n&atilde;o s&oacute; os musicais, mas, principalmente, os extramusicais&quot;.

ALUNOS

Para o Imaginasom se tornar realidade, foi necess&aacute;rio tamb&eacute;m o apoio da Fundaci&oacute;n Cepsa, que financiou melhorias nas instala&ccedil;&otilde;es do centro e a compra de novos instrumentos musicais.

E uma das pessoas que sonhava com a conclus&atilde;o dessa obra &eacute; Adair dos Santos, 35, que frequenta o ICB desde os 11 anos de idade. J&aacute; naquela &eacute;poca, com a professora K&aacute;tia, ele come&ccedil;ou nas aulas de m&uacute;sica e n&atilde;o parou mais. Hoje, ele canta, toca teclado, viol&atilde;o, bateria e percuss&atilde;o.

&quot;E tudo o que eu aprendi, aprendi no Instituto. E, para mim, &eacute; tudo. Eu sempre tive a m&uacute;sica na veia, desde pequenininho. E eu nunca acreditei que poderia aprender a tocar um instrumento, nunca acreditei, e nunca imaginei que tivesse um instituto pr&oacute;prio para ensinar deficientes visuais&quot;, diz.

Outra aluna que ficou empolgada com o Imaginasom - e vai aproveitar muito, ela garante -, &eacute; Manu Dourado, 14, uma das cantoras mais celebradas do ICB. Assistida pela casa desde os tr&ecirc;s anos, ela, que canta e toca teclado, comemora: &quot;Eu sempre amei m&uacute;sica, ent&atilde;o, abrir algo t&atilde;o bom assim para a m&uacute;sica, &eacute; &oacute;timo. Canto bastante em casa &Eacute; algo que amo fazer, e todo mundo vai poder fazer junto comigo&quot;.

<blockquote class="twitter-tweet">
Instituto de Cegos da Bahia inaugura centro de m&uacute;sica com <a href="https://twitter.com/carlinhosbrown?ref_src=twsrc%5Etfw">@carlinhosbrown</a>, que comemora: &quot;estamos aqui para dizer que deu certo&quot;. Veja em: <a href="https://t.co/owLX8pAD7z">https://t.co/owLX8pAD7z</a> <a href="https://t.co/AdPDwFNE3P">pic.twitter.com/AdPDwFNE3P</a>
&mdash; Aratu On (@aratuonline) <a href="https://twitter.com/aratuonline/status/1534307079854366721?ref_src=twsrc%5Etfw">June 7, 2022</a></blockquote>
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Momentos depois, ainda durante a inaugura&ccedil;&atilde;o, Manu cantou &quot;Vilarejo&quot;, de Marisa Monte, junto com Carlinhos Brown. Nesse momento, ela traduziu o significado de &quot;Imaginasom&quot;, definido assim por Brown:

&quot;Todo mundo que imagina, fecha os olhos. &Eacute; quando voc&ecirc; tem um outro tipo de vis&atilde;o. Estamos aqui buscando essa vis&atilde;o da alma, interna, n&atilde;o s&oacute; as cores que vemos de olhos abertos. Sobretudo, a vis&atilde;o da sensibilidade, imaginar o som, o acolhimento, o afeto&quot;.

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