Diante da queda nos indicadores de monitoramento da pandemia a n&iacute;vel nacional, a Funda&ccedil;&atilde;o Oswaldo Cruz (Fiocruz) classificou, nesta quinta-feira (24/2), o cen&aacute;rio atual como bastante promissor, mas destacou que as desigualdades do pa&iacute;s criaram diferentes realidades at&eacute; mesmo dentro de um mesmo munic&iacute;pio. A an&aacute;lise foi publicada no boletim do Observat&oacute;rio Covid-19, que frisa ser equivocado pensar em redu&ccedil;&atilde;o de leitos, testagem e uso de m&aacute;scara no pa&iacute;s como um todo.

&quot;Embora o cen&aacute;rio geral seja bastante promissor, tanto pela tend&ecirc;ncia de queda dos principais indicadores como pelo avan&ccedil;o na cobertura vacinal, al&eacute;m da chegada de medicamentos para o tratamento da covid-19, &eacute; importante sublinhar que a pandemia ainda n&atilde;o acabou&quot;, afirmam os pesquisadores da Fiocruz. &quot;N&atilde;o &eacute; poss&iacute;vel pensar na mitiga&ccedil;&atilde;o da pandemia no Brasil como um todo utilizando indicadores globais do pa&iacute;s sem um olhar atento para outras escalas. Enquanto houver descontrole dos indicadores em um &uacute;nico munic&iacute;pio a pandemia n&atilde;o terminar&aacute;&quot;.

A Fiocruz afirma que a pandemia acentuou desigualdades estruturais no pa&iacute;s, e que a partir dela &eacute; poss&iacute;vel observar, no m&iacute;nimo, a exist&ecirc;ncia de dois Brasis, um do Norte e outro do Sul. O boletim compara S&atilde;o Paulo e Rio Grande do Sul a Maranh&atilde;o e Par&aacute;, e afirma que os estados do Sul e Sudeste estiveram sempre acima da m&eacute;dia nacional de vacina&ccedil;&atilde;o e j&aacute; mostram ter passado do pico de infec&ccedil;&otilde;es da variante &Ocirc;micron. Os estados do Norte e Nordeste, por outro lado, ainda podem estar atravessando o pico de casos e t&ecirc;m curvas de &oacute;bitos ainda em movimento de alta.

&quot;&Eacute; equivocado, portanto, pensar em estrat&eacute;gias homog&ecirc;neas de recuo na provis&atilde;o de leitos e insumos para unidades de m&eacute;dia e alta complexidade, assim como reduzir a indu&ccedil;&atilde;o da testagem em massa e o desincentivo ao uso de m&aacute;scaras no pa&iacute;s como um todo&quot;.

CARNAVAL

A recomenda&ccedil;&atilde;o dos pesquisadores &eacute; a manuten&ccedil;&atilde;o de medidas de distanciamento f&iacute;sico, uso de m&aacute;scaras e higieniza&ccedil;&atilde;o das m&atilde;os mesmo em ambientes abertos onde possa ocorrer maior concentra&ccedil;&atilde;o e aglomera&ccedil;&atilde;o de pessoas. Nesse contexto, o boletim cita o Carnaval. &quot;Que festas ou bailes em casas, clubes ou outros ambientes s&oacute; sejam realizadas com comprovante de vacina&ccedil;&atilde;o&quot;.

Para a Fiocruz, o enfrentamento do cen&aacute;rio atual da pandemia exige combinar pol&iacute;ticas de combate &agrave;s fake news com busca ativa dos n&atilde;o vacinados pela Aten&ccedil;&atilde;o Prim&aacute;ria &agrave; Sa&uacute;de. Tamb&eacute;m s&atilde;o sugeridas estrat&eacute;gias de amplia&ccedil;&atilde;o de hor&aacute;rio das unidades de sa&uacute;de e campanhas de vacina&ccedil;&atilde;o nas escolas, atingindo crian&ccedil;as, pais e professores. Outro ponto que deve ser avaliado s&atilde;o pol&iacute;ticas p&uacute;blicas que considerem a exig&ecirc;ncia de passaporte vacinal nos locais de trabalho, para trabalhadores de empresas privadas e p&uacute;blicas, al&eacute;m de motoristas de transporte de pessoas, como &ocirc;nibus, t&aacute;xis e aplicativos.

A m&eacute;dia di&aacute;ria de novos casos de covid-19 no per&iacute;odo de 6 a 19 de fevereiro foi de 120 mil casos, o que representa queda de 0,3% em rela&ccedil;&atilde;o &agrave;s duas semanas anteriores. Os &oacute;bitos se mantiveram em um patamar considerado alto, com 860 mortes por dia em m&eacute;dia, uma quantidade 0,2% maior que entre 23 de janeiro e 5 de fevereiro.&nbsp;

&quot;Apesar das dificuldades de acesso a dados de teste (muitos estados n&atilde;o apresentam dados recentes), percebe-se uma ligeira redu&ccedil;&atilde;o no &iacute;ndice de positividade dos testes, isto &eacute;, a propor&ccedil;&atilde;o dos testes de diagn&oacute;stico por RT-PCR realizados que apresentam resultados positivos. Portanto, se espera para as pr&oacute;ximas semanas uma redu&ccedil;&atilde;o tamb&eacute;m dos indicadores que mais preocupam a popula&ccedil;&atilde;o e os servi&ccedil;os de sa&uacute;de: a mortalidade e a interna&ccedil;&atilde;o em UTI [unidade de terapia intensiva] por covid-19&quot;.&nbsp;

LETALIDADE EM QUEDA

A Fiocruz destaca que, com o avan&ccedil;o da vacina&ccedil;&atilde;o, a taxa de letalidade por covid-19 no Brasil alcan&ccedil;ou valores baixos e compat&iacute;veis com os padr&otilde;es internacionais, de cerca de 0,8%, ap&oacute;s v&aacute;rios meses oscilando entre 2% e 3%. Esse percentual poderia cair ainda mais com a amplia&ccedil;&atilde;o da vacina&ccedil;&atilde;o em regi&otilde;es de baixa cobertura vacinal e com a aplica&ccedil;&atilde;o de doses de refor&ccedil;o em grupos populacionais mais vulner&aacute;veis. A letalidade mede o percentual de pessoas diagnosticadas com a doen&ccedil;a que foram a &oacute;bito, o que &eacute; diferente de mortalidade, que &eacute; a rela&ccedil;&atilde;o entre o n&uacute;mero de mortos e o total de habitantes de uma regi&atilde;o.

&quot;Ao mesmo tempo em que come&ccedil;am a cair os indicadores de transmiss&atilde;o nas capitais e regi&otilde;es metropolitanas, a difus&atilde;o do v&iacute;rus em dire&ccedil;&atilde;o a regi&otilde;es com baixa cobertura de vacina&ccedil;&atilde;o e prec&aacute;ria infraestrutura de servi&ccedil;os de sa&uacute;de pode gerar quadros epidemiol&oacute;gicos perigosos, com um aumento de casos graves e mesmo &oacute;bitos nas pr&oacute;ximas semanas&quot;.

Na avalia&ccedil;&atilde;o apresentada no boletim, a letalidade ser&aacute; um dos fatores que v&atilde;o definir a mudan&ccedil;a da covid-19 de pandemia para endemia, quando a doen&ccedil;a ser&aacute; considerada parte do cotidiano. Eles argumentam que quando a ocorr&ecirc;ncia de formas graves que requerem interna&ccedil;&atilde;o seja suficientemente pequena para gerar poucos &oacute;bitos e n&atilde;o criar press&atilde;o sobre o sistema de sa&uacute;de, ser&aacute; poss&iacute;vel dizer que se trata de uma doen&ccedil;a para a qual &eacute; poss&iacute;vel assumir a&ccedil;&otilde;es de m&eacute;dio e longo prazos sem precisar contar com estrat&eacute;gias de resposta r&aacute;pida.

Apesar da queda na letalidade, ela ainda &eacute; maior na popula&ccedil;&atilde;o idosa. A onda de casos causada pela variante &Ocirc;micron fez com que as interna&ccedil;&otilde;es e &oacute;bitos voltassem a se concentrar na popula&ccedil;&atilde;o de idade mais avan&ccedil;ada, o que a Fiocruz relaciona &agrave; prote&ccedil;&atilde;o conferida &agrave; toda a popula&ccedil;&atilde;o adulta pelas vacinas. Por outro lado, a baixa cobertura vacinal das crian&ccedil;as segue como uma preocupa&ccedil;&atilde;o.

&quot;Trata-se de um grupo com intensa intera&ccedil;&atilde;o social com outros grupos, contribuindo de forma importante para a din&acirc;mica da transmiss&atilde;o da doen&ccedil;a. Al&eacute;m disso, elas se tornaram particularmente vulner&aacute;veis por estarem cercadas de pessoas j&aacute; com esquema vacinal completo, ou em curso, tornando-se alvo do v&iacute;rus, que n&atilde;o encontra nelas barreiras para a sua multiplica&ccedil;&atilde;o&quot;, explica &nbsp;o boletim, que acrescenta casos graves de covid-19 em crian&ccedil;as podem levar a um colapso na sa&uacute;de com maior facilidade, &quot;uma vez que h&aacute; uma hist&oacute;rica baixa disponibilidade de leitos de UTI neonatal e principalmente de CTI pedi&aacute;trico no pa&iacute;s&quot;.

LEIA MAIS:&nbsp;<a href="https://aratuon.com.br/noticia/mundo/caca-ucraniano-e-abatido-sobre-kiev-cai-em-area-residencial-e-deixa-vitimas-segundo-jornal">Ca&ccedil;a ucraniano &eacute; abatido sobre Kiev, cai em &aacute;rea residencial e deixa v&iacute;timas, segundo jornal</a>

<a href="https://www.aratuon.com.br/categorias/coronavirus/" target="_blank">Acompanhe todas as not&iacute;cias sobre&nbsp;o novo coronav&iacute;rus</a>.

&zwnj;Acompanhe nossas transmiss&otilde;es ao vivo e conte&uacute;dos exclusivos no&nbsp;<a href="http://www.aratuon.com.br/aovivo" target="_blank">www.aratuon.com.br/aovivo</a>. Nos mande uma mensagem pelo WhatsApp: (71) 99986-0003.

Tudo sobre: indicadores

Queda de indicadores revela cenário promissor, mas pandemia apresenta realidades diferentes no Brasil, diz Fiocruz