No momento em que os recursos da medicina s&atilde;o insuficientes para a cura de uma enfermidade e os transtornos da dor e da incapacidade f&iacute;sica atormentam a vida de um paciente, &eacute; chegada a hora de se pensar naquilo que pode levar conforto e melhor qualidade de vida para o&nbsp;al&iacute;vio do sofrimento.&nbsp;

Este princ&iacute;pio &eacute; o pilar que orienta os Cuidados Paliativos, &aacute;rea espec&iacute;fica da ci&ecirc;ncia m&eacute;dica voltada para os pacientes em fase terminal da vida ou para aqueles diagnosticados com uma doen&ccedil;a que amea&ccedil;a a continuidade de sua exist&ecirc;ncia.

Segundo a Organiza&ccedil;&atilde;o Mundial da Sa&uacute;de (OMS), em conceito definido no ano de 1990 e atualizado em 2002, a especialidade consiste na assist&ecirc;ncia promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e de seus familiares.

Apesar da busca pelo bem-estar do paciente, o cen&aacute;rio n&atilde;o costuma ser f&aacute;cil no dia a dia dos que amam e precisam acompanhar o processo. A psic&oacute;loga Tha&iacute;s Mota, 33 anos, sabe muito bem o que &eacute; passar por uma situa&ccedil;&atilde;o como essa.

Em 2020, ela perdeu o pai, no m&ecirc;s em que ele completou 67 anos. Raimundo Mota havia sido indicado a entrar no processo de palia&ccedil;&atilde;o e, mesmo com a experi&ecirc;ncia adquirida pela profiss&atilde;o, conviver com o problema dentro da pr&oacute;pria fam&iacute;lia foi um desafio&nbsp;para Tha&iacute;s.

<iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="409" src="https://www.youtube.com/embed/-DdHOPynIdk" title="Cuidados Paliativos: psicóloga que passou pela experiência relata como foi" width="727"></iframe>

Ao Aratu On, ela revelou &nbsp;o quanto foi desafiador lidar com a informa&ccedil;&atilde;o da ado&ccedil;&atilde;o do novo tratamento. O fato de ser uma psic&oacute;loga influenciou para que fosse a primeira a ser comunicada pela equipe m&eacute;dica.&nbsp;

&ldquo;Eu acabei vivenciando dois momentos diferentes: primeiro, a not&iacute;cia, que at&eacute; o &uacute;ltimo instante eu acreditava ser poss&iacute;vel meu pai ser submetido a um tratamento que pudesse cur&aacute;-lo da doen&ccedil;a [...] Depois, tive que dar essa not&iacute;cia aos meus familiares&quot;, lembrou.

O pai de Tha&iacute;s tinha uma insufici&ecirc;ncia renal importante e antes desse diagn&oacute;stico, j&aacute; havia sofrido dois AVCs que lhe deixou sequelas na fala, sem condi&ccedil;&otilde;es de uma comunica&ccedil;&atilde;o verbal. Ele tamb&eacute;m apresentava algumas comorbidades que o impedia de realizar hemodi&aacute;lises: era hipertenso e diab&eacute;tico.

A situa&ccedil;&atilde;o de&nbsp;Raimundo era de muito sofrimento. &quot;Ele &nbsp;j&aacute; tinha passado por diferentes interna&ccedil;&otilde;es e, em dado momento, expressou o desejo de &nbsp;estar em casa&quot;, revelou a filha.

Tha&iacute;s comentou, ainda, que no in&iacute;cio dos Cuidados Paliativos, o pai mantinha um bom n&iacute;vel de consci&ecirc;ncia, mas ele foi preservado dessa not&iacute;cia. &quot;A gente n&atilde;o disse, diretamente, que a partir daquele momento ele estaria sendo submetido a um tratamento de palia&ccedil;&atilde;o.&rdquo;

Por algum tempo, os familiares de&nbsp;Raimundo viram um ambiente de sua casa transformado em leito de hospital, desde que come&ccedil;ou a ser cuidado por uma empresa especializada em atendimento domiciliar, at&eacute; uma fal&ecirc;ncia renal que causou a morte.

ATIVIDADE MULTIDISCIPLINAR

Ainda que a morte n&atilde;o possa ser evitada, os profissionais envolvidos no processo salientam a import&acirc;ncia das melhorias observadas na qualidade e, at&eacute; mesmo, no prolongamento da vida dos pacientes.&nbsp;

Segundo a m&eacute;dica paliativista, S&iacute;lvia Seligmann Soares, quanto mais precoce for o acompanhamento feito pela equipe de cuidados paliativos, maior ser&aacute; o impacto na resposta do tratamento.&nbsp;

A especialista explicou para o Aratu On que a melhora acontece n&atilde;o s&oacute; devido ao controle de sintomas f&iacute;sicos, como dor, falta de ar, n&aacute;useas e fadiga, mas&nbsp;por existir um espa&ccedil;o de escuta e acolhimento que permite falar sobre temas muitas vezes considerados &ldquo;tabu&rdquo; e desmistificar a carga associada a qualquer doen&ccedil;a grave.

Contudo, a m&eacute;dica lamentou que a sociedade ainda veja os cuidados paliativos como algo para quem est&aacute; morrendo e n&atilde;o h&aacute; mais nada a fazer.&nbsp;

&quot;Isso faz com que exista resist&ecirc;ncia ao acompanhamento, n&atilde;o s&oacute; da parte dos pacientes e suas fam&iacute;lias, mas tamb&eacute;m da parte dos profissionais de sa&uacute;de, que muitas vezes n&atilde;o conhecem adequadamente o assunto&quot;.

<blockquote class="twitter-tweet">
M&eacute;dica fala sobre cuidados antes da morte <a href="https://t.co/Jp90PsUaDH">pic.twitter.com/Jp90PsUaDH</a>
&mdash; Aratu On (@aratuonline) <a href="https://twitter.com/aratuonline/status/1595057962892115968?ref_src=twsrc%5Etfw">November 22, 2022</a></blockquote>
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De acordo com Silvia Seligmann, os cuidados paliativos costumam tratar da pessoa e n&atilde;o somente da doen&ccedil;a. Nesse contexto, ela destaca que cada indiv&iacute;duo e sua fam&iacute;lia s&atilde;o verdadeiros universos e o cuidado s&oacute; pode ser realizado adequadamente por uma equipe multiprofissional e multidisciplinar, que atue em suas particularidades.

Normalmente, o processo inclui, al&eacute;m de m&eacute;dicos, enfermeiros, psic&oacute;logos, assistentes sociais, fisioterapeutas, nutricionistas, fonoaudi&oacute;logos, farmac&ecirc;uticos, terapeutas ocupacionais e assistentes espirituais. &quot;Nem sempre &eacute; poss&iacute;vel contar com uma equipe completa, mas &eacute; necess&aacute;rio entender que todos os aspectos referentes ao cuidado devem ser observados&quot;, pontuou.

DISCUSS&Atilde;O ACAD&Ecirc;MICA

No Brasil, a discuss&atilde;o sobre os Cuidados Paliativos no &acirc;mbito acad&ecirc;mico acontece de forma muito embrion&aacute;ria. O tema, na maioria das escolas de medicina, ainda, &eacute; abordado superficialmente sem o envolvimento que o corpo docente precisa para desenvolver a inicia&ccedil;&atilde;o pr&aacute;tica dessa assist&ecirc;ncia.

Em Salvador, estudantes da Escola Bahiana de Medicina e Sa&uacute;de P&uacute;blica (EBMSP) contam com um ambulat&oacute;rio especializado, no campus de Brotas, onde come&ccedil;am a interagir com o processo.

O m&eacute;dico paliativista Silber Rodrigues Alves &eacute; professor de Cuidados Paliativos da institui&ccedil;&atilde;o, desde 2019. Ele informou ao Aratu On que seus alunos participam do planejamento&nbsp;das atividades do ambulat&oacute;rio e assistem &agrave;s consultas, interagindo com as fam&iacute;lias e pacientes, sobre seus sofrimentos sociais, psicol&oacute;gicos e espirituais.

De acordo com o professor, todos os conceitos s&atilde;o conduzidos de forma educativa, tanto para a fam&iacute;lia, quanto para os alunos do ambulat&oacute;rio, onde &quot;as discuss&otilde;es s&atilde;o muito ricas e o aprendizado &eacute; maravilhoso&quot;.

Para Silber, n&atilde;o &eacute; obrigat&oacute;rio que o m&eacute;dico tenha resid&ecirc;ncia ou p&oacute;s-gradua&ccedil;&atilde;o em Cuidados Paliativos. &quot;Os profissionais da equipe multidisciplinar devem ter habilidades e pr&aacute;ticas de a&ccedil;&otilde;es paliativas, di&aacute;rias, nos cuidados com o sofrimento dos pacientes e seus familiares&quot;.

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HOSPITAL ESPECIALIZADO

H&aacute; mais de 15 dias, o Governo da Bahia anunciou que ser&aacute; implantado, em Salvador, o Hospital de Cuidados Paliativos. A unidade vai funcionar onde era o antigo Hospital Couto Maia, no bairro de Monte Serrat.

O local vai passar por uma obra de readequa&ccedil;&atilde;o e, segundo a gest&atilde;o estadual, o prazo de entrega &eacute; de seis meses. O investimento or&ccedil;ado pela Secretaria da Sa&uacute;de (Sesab) &eacute; de R$ 24 milh&otilde;es na implementa&ccedil;&atilde;o do equipamento que ter&aacute; 80 leitos para oferecer condi&ccedil;&otilde;es t&eacute;cnicas, instala&ccedil;&otilde;es f&iacute;sicas e profissionais especializados no atendimento a pacientes de hospitais p&uacute;blicos ou credenciados ao SUS.

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Ilustra&ccedil;&atilde;o: Hospital de Cuidados Paliativos (Ascom/Sesab)

LEIA MAIS:&nbsp;<a href="https://aratuon.com.br/noticia/especiais/quanto-custa-a-morte-em-salvador">Quanto custa a morte em Salvador?</a>

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Impossibilitada de ver e pegar a filha rec&eacute;m-nascida, devido &agrave; Covid-19, a paciente&nbsp;Taiane Silva foi surpreendida pela Comiss&atilde;o de Humaniza&ccedil;&atilde;o do Hospital Professor El&aacute;dio Lasserre (HPEL), em Salvador.&nbsp;A equipe lan&ccedil;ou m&atilde;o de cartazes e v&iacute;deochamadas para aproximar m&atilde;e e beb&ecirc;.

&quot;Como ela n&atilde;o teve oportunidade de conhecer a filha na maternidade, fizemos cartazes com as fotos da filha dela, para ela lembrar que fora do hospital tinha uma filha aguardando a m&atilde;e. Foi extremamente emocionante ver que, atrav&eacute;s de liga&ccedil;&otilde;es e fotos que mostr&aacute;vamos, a mesma resgatava for&ccedil;as para superar o momento de interna&ccedil;&atilde;o&quot;, contou a enfermeira M&aacute;rjorie Lav&iacute;nia, idealizadora da a&ccedil;&atilde;o.

Enquanto esteve internada, Taiane contou com assist&ecirc;ncia multiprofissional. &quot;Eu sou muito grata a voc&ecirc;s! Minha filha ficou nas m&atilde;os uma equipe muito boa e Deus deu sabedoria aos m&eacute;dicos para lidarem com a situa&ccedil;&atilde;o dela&rdquo;, relatou a m&atilde;e de Taiane, Elisinalva Silva.

De acordo com o coordenador m&eacute;dico Lucas Souza, a paciente Taiane teve &ecirc;xito na recupera&ccedil;&atilde;o e j&aacute; recebeu alta. Para a fisioterapeuta Ana Paula Freitas, ficou a sensa&ccedil;&atilde;o de dever cumprido. &ldquo;Estivemos todos juntos em prol da sua recupera&ccedil;&atilde;o e a sua t&atilde;o sonhada alta chegou, nos dando muita alegria e a satisfa&ccedil;&atilde;o do dever cumprido&rdquo;, concluiu.

BOLETIM

&nbsp;

Na Bahia, nas &uacute;ltimas 24 horas, foram registrados 3.652 casos de Covid-19, totalizando 877.484 casos confirmados desde o in&iacute;cio da pandemia. Desses,&nbsp;843.954 j&aacute; s&atilde;o considerados recuperados, 15.726 encontram-se ativos e 17.804 tiveram &oacute;bito confirmado, sendo que 117 mortes s&atilde;o novos registros, de acordo com dados da Secretaria da Sa&uacute;de do Estado da Bahia (Sesab) divulgados nesta sexta-feira (23).

O&nbsp;<a href="http://www.saude.ba.gov.br/wp-content/uploads/2021/04/Boletim-Infografico-23-04-2021.pdf" rel="noopener noreferrer" target="_blank">boletim epidemiol&oacute;gico</a>&nbsp;contabiliza ainda 1.182.755 casos descartados e 194.418 em investiga&ccedil;&atilde;o. Estes dados representam notifica&ccedil;&otilde;es oficiais compiladas pela Diretoria de Vigil&acirc;ncia Epidemiol&oacute;gica em Sa&uacute;de da Bahia (Divep-BA), em conjunto com as vigil&acirc;ncias municipais e as bases de dados do Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de at&eacute; as 17h&nbsp;desta sexta. Al&eacute;m disso, no estado, 46.840 profissionais da sa&uacute;de testaram positivo&nbsp;para a Covid-19.

Para acessar o boletim completo,&nbsp;<a href="http://www.saude.ba.gov.br/wp-content/uploads/2021/04/BOLETIM_ELETRONICO_BAHIAN_395___23042021.pdf" rel="noopener noreferrer" target="_blank">clique aqui</a>&nbsp;ou acesse o&nbsp;<a href="https://bi.saude.ba.gov.br/transparencia/" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Business Intelligence</a>.

SITUA&Ccedil;&Atilde;O DA REGULA&Ccedil;&Atilde;O DE COVID-19

&Agrave;s 12h desta sexta-feira, 77 solicita&ccedil;&otilde;es de interna&ccedil;&atilde;o em UTI Adulto Covid-19 constavam no sistema da Central Estadual de Regula&ccedil;&atilde;o. Outros 52 pedidos para interna&ccedil;&atilde;o em leitos cl&iacute;nicos adultos Covid-19 estavam no sistema. Este n&uacute;mero &eacute; din&acirc;mico, uma vez que transfer&ecirc;ncias e novas solicita&ccedil;&otilde;es s&atilde;o feitas ao longo do dia.

VACINA&Ccedil;&Atilde;O

Com 2.206.348 vacinados contra o coronav&iacute;rus (Covid-19), dos quais 832.000 receberam tamb&eacute;m a segunda dose, at&eacute; as 16h desta sexta-feira, a Bahia &eacute; um dos estados do pa&iacute;s com o maior n&uacute;mero de imunizados. A Sesab realiza o contato di&aacute;rio com as equipes de cada munic&iacute;pio a fim de aferir o quantitativo de doses aplicadas e disponibiliza as informa&ccedil;&otilde;es detalhadas no painel&nbsp;<a href="https://bi.saude.ba.gov.br/vacinacao/" rel="noopener noreferrer" target="_blank">https://bi.saude.ba.gov.br/vacinacao/</a>.

Tem se observado volume excedente de doses nos frascos das vacinas contra a Covid-19, o que possibilita a utiliza&ccedil;&atilde;o de 11 e at&eacute; 12 doses em apenas um frasco, assim como acontece com outras vacinas multidoses. O Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de emitiu uma nota que autoriza a utiliza&ccedil;&atilde;o do volume excedente, desde que seja poss&iacute;vel aspirar uma dose completa de 0,5 ml de um &uacute;nico frasco-ampola. Desta forma, poder&aacute; ser observado que alguns munic&iacute;pios possuem taxa de vacina&ccedil;&atilde;o superior a 100%.

LEIA MAIS:&nbsp;<a href="https://aratuon.com.br/coronavirus/noticia/coronavirus/covid-19-nascidos-entre-julho-e-31-de-dezembro-de-1961-podem-ser-vacinados-neste-sabado-veja-estrategia" target="_blank">Covid-19: nascidos entre julho e 31 de dezembro de 1961 podem ser vacinados neste s&aacute;bado; veja estrat&eacute;gia</a>

&nbsp;

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