O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) usou as redes sociais para criticar a <a href="https://aratuon.com.br/cultura/historico-ainda-estou-aqui-leva-oscar-de-melhor-filme-internacional" target="_blank" rel="noopener">vit&oacute;ria do filme brasileiro "Ainda Estou Aqui"</a>, que <a href="https://aratuon.com.br/carnaval/oscar-potencializou-festa-de-carnaval-diz-margareth-menezes" target="_blank" rel="noopener">conquistou o Oscar na categoria de "Melhor Filme Internacional"</a>. Na publica&ccedil;&atilde;o, o parlamentar chamou o diretor Walter Salles de "psicopata c&iacute;nico".
Eduardo Bolsonaro acusou Salles de "bater palmas" para a pris&atilde;o dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, que ele chamou de "inocentes", e afirmou que o diretor promove a ideia de uma ditadura que, segundo ele, "n&atilde;o teria existido". O regime militar no Brasil come&ccedil;ou em 1964, com o golpe contra o presidente Jo&atilde;o Goulart, e durou at&eacute; 1985. Segundo levantamento da <a href="https://aratuon.com.br/geral/ditadura-militar-brasil-so-cumpriu-duas-das-29-recomendacoes-da-comissao-nacional-da-verdade" target="_blank" rel="noopener">Comiss&atilde;o Nacional da Verdade (CNV)</a>, 434 pessoas foram mortas ou desapareceram durante a Ditadura Militar brasileira.
+ <a href="https://aratuon.com.br/especiais/60-anos-do-golpe-familiares-de-jovens-baianos-mortos-no-araguaia-ainda-buscam-por-ossadas" target="_blank" rel="noopener">60 anos do Golpe: familiares de jovens baianos mortos no Araguaia ainda buscam por ossadas</a>
+ <a href="https://aratuon.com.br/especiais/apos-60-anos-do-golpe-militar-emiliano-jose-relembra-torturas-vividas-em-salvador" target="_blank" rel="noopener">Ap&oacute;s 60 anos do Golpe Militar, Emiliano Jos&eacute; relembra torturas vividas em Salvador</a>
<img src="https://adm.aratuon.com.br/assets/e812c119-b4ff-4d2c-a2d8-aa5e20ecf72f.jpeg?width=1179&amp;height=1466" alt="">
&ldquo;Acredito que o sujeito que bate palmas para pris&atilde;o de m&atilde;es de fam&iacute;lia, idosos e trabalhadores inocentes, enquanto faz filme de uma ditadura inexistente e reclama do governo americano, que lhe d&aacute; todos os direitos e garantias para que suas reclama&ccedil;&otilde;es p&uacute;blicas e mentirosas sejam respeitadas pelo sagrado direito da liberdade de express&atilde;o, define, em ess&ecirc;ncia, o conceito do psicopata c&iacute;nico&rdquo;, escreveu o deputado no X.
"Ainda Estou Aqui" &eacute; a primeira produ&ccedil;&atilde;o brasileira a conquistar o pr&ecirc;mio de Melhor Filme Internacional no Oscar. O filme narra a hist&oacute;ria de Eunice Paiva, vi&uacute;va do ex-deputado federal Rubens Paiva, morto pela ditadura militar. Eunice se tornou uma das figuras mais importantes na luta pelo reconhecimento das mortes e desaparecimentos de opositores ao regime militar.
<img src="https://adm.aratuon.com.br/assets/3d16f92e-5587-4095-b5b5-da99766ccbf2.jpg?width=4500&amp;height=2935" alt="O regime militar no Brasil come&ccedil;ou em 1964 com o golpe contra o presidente Jo&atilde;o Goulart e durou at&eacute; 1985. | Foto: Ag&ecirc;ncia Brasil">

<a href="https://aratuon.com.br/politica/lula-ve-com-preocupacao-o-senado-e-diz-preferir-um-senador-a-cinco-governadores" target="_blank" rel="noopener">O governo do presidente Luiz In&aacute;cio Lula da Silva (PT)</a> e a Comiss&atilde;o sobre Mortos e Desaparecidos Pol&iacute;ticos (CEMDP) decidiram reabrir as investiga&ccedil;&otilde;es sobre o acidente de 1976 que resultou na morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek. A medida ocorre em meio a questionamentos sobre a vers&atilde;o oficial do caso, sustentada desde a ditadura militar. A informa&ccedil;&atilde;o &eacute; do jornal Folha de S. Paulo.
A decis&atilde;o ser&aacute; debatida em reuni&atilde;o da CEMDP marcada para esta sexta-feira (14), no Recife. O colegiado, recriado pelo atual governo ap&oacute;s ter sido extinto durante a gest&atilde;o de Jair Bolsonaro, deve aprovar a rean&aacute;lise do epis&oacute;dio, que h&aacute; quase 50 anos levanta d&uacute;vidas entre historiadores e especialistas.
De acordo com os registros oficiais, em 22 de agosto de 1976, o Chevrolet Opala que transportava JK e seu motorista, Geraldo Ribeiro, colidiu frontalmente com uma carreta na Rodovia Presidente Dutra, pr&oacute;ximo ao km 165, no sentido Rio de Janeiro. A investiga&ccedil;&atilde;o conduzida pelo regime militar concluiu que o ve&iacute;culo teria sido atingido por um &ocirc;nibus da Via&ccedil;&atilde;o Cometa antes da colis&atilde;o fatal, levando &agrave; perda de controle. Essa mesma tese foi refor&ccedil;ada por uma comiss&atilde;o externa da C&acirc;mara dos Deputados em 2001 e pela <a href="https://aratuon.com.br/geral/ditadura-militar-brasil-so-cumpriu-duas-das-29-recomendacoes-da-comissao-nacional-da-verdade" target="_blank" rel="noopener">Comiss&atilde;o Nacional da Verdade (CNV)</a> em 2014.
<img src="https://adm.aratuon.com.br/assets/0c49a370-bda9-4899-b666-a6055d5f8387.jpg?width=1170&amp;height=658" alt="Ex-presidente Juscelino Kubitschek | Foto: Gerv&aacute;sio Baptista">
Contudo, outras apura&ccedil;&otilde;es apontam ind&iacute;cios de que JK pode ter sido v&iacute;tima de um atentado pol&iacute;tico. Relat&oacute;rios de Comiss&otilde;es da Verdade estaduais, com o apoio de pesquisadores da USP e do Mackenzie, sugerem que n&atilde;o houve batida entre o Opala e o &ocirc;nibus e que o ve&iacute;culo pode ter sido sabotado, sofrido um ataque externo ou que o motorista tenha sido envenenado antes do acidente.
<a href="https://aratuon.com.br/cidade/mpf-recomenda-medidas-emergenciais-apos-desabamento-em-igreja-no-pelourinho" target="_blank" rel="noopener">O Minist&eacute;rio P&uacute;blico Federal (MPF)</a> tamb&eacute;m questionou a vers&atilde;o oficial. Um inqu&eacute;rito civil conduzido entre 2013 e 2019 apontou que n&atilde;o h&aacute; elementos suficientes para afirmar ou descartar a hip&oacute;tese de atentado. O procurador Paulo S&eacute;rgio Ferreira Filho destacou falhas severas nas investiga&ccedil;&otilde;es conduzidas pelo Estado brasileiro e apontou inconsist&ecirc;ncias no processo que absolveu o motorista do &ocirc;nibus, Josias Oliveira. Em depoimento de 2013, Oliveira afirmou ter recebido uma oferta em dinheiro, cinco dias ap&oacute;s o acidente, para assumir a culpa.
Um dos principais elementos que motivaram a reabertura do caso foi um laudo pericial produzido pelo engenheiro e perito Sergio Ejzenberg, especialista em transportes. O documento, conclu&iacute;do em 2019 e tornado p&uacute;blico dois anos depois pelo MPF, questiona a vers&atilde;o da colis&atilde;o e rejeita a hip&oacute;tese de que o &ocirc;nibus da Cometa tenha causado o desastre. Para o procurador Ferreira Filho, essa per&iacute;cia &eacute; "pe&ccedil;a-chave" para uma nova compreens&atilde;o dos fatos.
A reabertura do caso foi solicitada pelo ex-vereador paulistano Gilberto Natalini, que presidiu a Comiss&atilde;o Municipal da Verdade de S&atilde;o Paulo. O pedido foi acolhido por Nilm&aacute;rio Miranda, chefe da Assessoria Especial de Defesa da Democracia, Mem&oacute;ria e Verdade do Minist&eacute;rio dos Direitos Humanos, e recebeu apoio da presidente da CEMDP, procuradora Eug&ecirc;nia Gonzaga, al&eacute;m da maioria dos membros do colegiado. Segundo o governo, a revis&atilde;o do epis&oacute;dio tem como objetivo o esclarecimento da verdade hist&oacute;rica, sem implica&ccedil;&otilde;es indenizat&oacute;rias.
Alguns aspectos do caso, no entanto, podem ser imposs&iacute;veis de esclarecer. O laudo de Ejzenberg afirma que "a suspeita de sabotagem mec&acirc;nica [do Opala de JK] n&atilde;o era infundada", mas que a destrui&ccedil;&atilde;o do ve&iacute;culo pelos investigadores da ditadura inviabilizou uma an&aacute;lise detalhada. Al&eacute;m disso, as per&iacute;cias m&eacute;dicas realizadas na &eacute;poca n&atilde;o inclu&iacute;ram exames toxicol&oacute;gicos para subst&acirc;ncias al&eacute;m do &aacute;lcool, impossibilitando a verifica&ccedil;&atilde;o de poss&iacute;vel intoxica&ccedil;&atilde;o ou envenenamento de Geraldo Ribeiro.
Outro ponto controverso diz respeito ao depoimento do motorista da carreta envolvida na colis&atilde;o, que relatou que Ribeiro parecia desfalecido antes do impacto. Em 1996, durante uma exuma&ccedil;&atilde;o, o perito Alberto Carlos de Minas afirmou ter identificado um orif&iacute;cio compat&iacute;vel com um tiro no cr&acirc;nio do motorista e um pequeno objeto met&aacute;lico dentro do caix&atilde;o, que alguns especialistas consideram semelhante a uma bala. Outros peritos, no entanto, alegam que o objeto se tratava de um prego.
<img src="https://adm.aratuon.com.br/assets/be83ab44-460f-43ce-a503-cc1d7b908faa.webp?width=1024&amp;height=768" alt="Comiss&atilde;o Nacional da Verdade refor&ccedil;ou tese de que JK morreu em acidente |Antonio Cruz/Ag&ecirc;ncia Brasil">
Juscelino Kubitschek era uma figura pol&iacute;tica de oposi&ccedil;&atilde;o &agrave; ditadura militar e um dos l&iacute;deres da Frente Ampla, movimento que reunia ex-presidentes e outras lideran&ccedil;as contr&aacute;rias ao regime. Segundo documentos revelados pelo jornalista Jack Anderson no *The Washington Post*, JK foi citado como uma "amea&ccedil;a &agrave; estabilidade" em correspond&ecirc;ncias da pol&iacute;cia secreta chilena ao Servi&ccedil;o Nacional de Informa&ccedil;&otilde;es (SNI) do Brasil. A Opera&ccedil;&atilde;o Condor, articula&ccedil;&atilde;o entre governos ditatoriais da Am&eacute;rica do Sul para eliminar opositores, assassinou diversas lideran&ccedil;as pol&iacute;ticas, incluindo o diplomata chileno Orlando Letelier, morto em um atentado em Washington no mesmo ano da morte de JK.
Para a advogada Lea Vidigal, integrante da equipe que investigou o caso na Comiss&atilde;o Estadual da Verdade de S&atilde;o Paulo, a aus&ecirc;ncia de provas conclusivas n&atilde;o exime o Estado brasileiro de responsabilidade. "As provas que demonstrariam que ele foi assassinado foram destru&iacute;das e ocultadas. Neste cen&aacute;rio, juridicamente inverte-se o &ocirc;nus da prova contra o Estado", afirmou Vidigal. "N&atilde;o &eacute; a v&iacute;tima que tem que provar que foi assassinada. Num regime de exce&ccedil;&atilde;o que perseguia e matava opositores e que ocultou as provas, &eacute; o Estado que tem que provar que &eacute; inocente."

https://www.youtube.com/watch?v=-PikCB4n284

Uma das atrizes mais renomadas do Brasil no século XX, Ítala Nandi relembra o período no qual foi perseguida pela ditadura militar, em 1967, quando concedeu entrevista a uma revista. Ela é a entrevista desta terça-feira (9/7) do programa Linha de Frente.

“Eu disse assim: um homem, se tem muitas mulheres, é uma maravilha. A mulher, se tem mais de um homem é vagabunda. Eu disse isso. Foi uma cagada. Foi o que poderia ter sido pior para a censura da época”, relembra.

Para ela, a partir dali, houve perseguição de regime militar. “Eles apreenderam todas as revistas. Eu fiquei sem poder falar, não podia dar entrevista e todo mundo formigando em cima de mim. Foi uma coisa muito forte. Uma bobagem dessas”, conta.

Aos 82 anos, Ítala Nandi é conhecida pela atuação em diversas produções na televisão e no cinema. Ela teve papéis em novelas, séries e filmes ao longo da carreira. Alguns dos trabalhos mais destacados de Ítala Nandi incluem participações em novelas como “Pantanal”, “Caminhos do Coração” e “Os Mutantes: Caminhos do Coração”.

Ela é conhecida por ter feito o primeiro nu artístico feminino do teatro nacional.

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A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos foi reinstalada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O despacho com a medida está publicado na edição do <a href="https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/despacho-do-presidente-da-republica-569938670" target="_blank" rel="noopener">Diário Oficial da União</a> desta quinta-feira (4/7). O documento restabelece o colegiado nos mesmos moldes previstos de quando foi criada, em 1995, pela <a href="https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9140.htm" target="_blank" rel="noopener">Lei nº 9.140/1995</a>.
Encerrada em dezembro de 2022, no governo de Jair Bolsonaro, a comissão tem como atribuição tratar de desaparecimentos e mortes de pessoas em razão de atividades políticas no período de 2 setembro de 1961 a 15 de agosto de 1979. Entre outros pontos, cabe à comissão mobilizar esforços para localizar os restos mortais das vítimas do regime militar e emitir pareceres sobre indenizações a familiares.
Em 2002, a comissão especial passou a examinar e reconhecer casos de morte ou desaparecimento ocorridos até 5 de outubro de 1988, data de promulgação da Constituição Federal. E, em 2004, os critérios para reconhecimento das vítimas da ditadura militar foram ampliados para reconhecer pessoas mortas por agentes públicos em manifestações públicas, conflitos armados ou que praticaram suicídio na iminência de serem presas ou em decorrência de sequelas psicológicas resultantes de torturas.
+ <a href="https://aratuon.com.br/especiais/2024-04-03/60-anos-do-golpe-familiares-de-jovens-baianos-mortos-no-araguaia-ainda-buscam-por-ossadas/">60 anos do Golpe: familiares de jovens baianos mortos no Araguaia ainda buscam por ossadas</a>
No início do governo Lula, em 2023, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania adotou medidas administrativas e jurídicas para o restabelecimento da comissão. O Ministério Público Federal também recomendou a reinstalação considerando que a extinção da comissão ocorreu de forma prematura, já que existem casos pendentes de vítimas, incluindo os desaparecimentos da Guerrilha do Araguaia e as valas encontradas nos cemitérios de Perus, em São Paulo, e Ricardo Albuquerque, no Rio de Janeiro.
Em julho do ano passado, a Coalizão Brasil por Memória Verdade Justiça Reparação e Democracia, grupo formado por dezenas de entidades de defesa dos direitos humanos, já havia cobrado do governo federal ações efetivas de políticas públicas de memória, verdade, justiça e reparação.
Até hoje, existem 144 pessoas desaparecidas na ditadura militar.
COMPOSIÇÃO
Lula também dispensou quatro membros da comissão, o presidente, Marco Vinicius Pereira de Carvalho, representante da sociedade civil; Paulo Fernando Mela da Costa, também representante da sociedade civil; Jorge Luiz Mendes de Assis, representante do Ministério da Defesa; e o deputado federal Filipe Barros (PL-PR), que ocupava o cargo de representante da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
Por outro lado, o presidente da República designou como membros Eugênia Augusta Gonzaga, representante da sociedade civil que presidirá a comissão; Maria Cecília de Oliveira Adão, representante da sociedade civil; Rafaelo Abritta, representante do Ministério da Defesa; e a deputada federal Natália Bastos Bonavides (PT-RN), representante da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados

O decreto com as dispensas e nomeações também estão na edição de hoje do <a href="https://www.in.gov.br/web/dou/-/decretos-de-3-de-julho-de-2024-569890785" target="_blank" rel="noopener">Diário Oficial da União</a>.
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Ao perguntar para algum jovem que s&oacute; ouviu falar em Ditadura Militar no Brasil atrav&eacute;s da hist&oacute;ria, a resposta mais comum parece com a do irm&atilde;o deste rep&oacute;rter, o estudante Ruan Pereira, de 18 anos: &ldquo;Foi um per&iacute;odo muito complicado, onde muita gente morreu, sumiu, porque era contra os militares&rdquo;. Para quem vivenciou os 21 anos do per&iacute;odo, a exemplo da ex-professora da Escola de Dan&ccedil;a da Universidade Federal da Bahia e dan&ccedil;arina, Carmen Paternostro Schaffner, a sintetiza&ccedil;&atilde;o desse momento hist&oacute;rico &eacute;: &ldquo;O que fica de heran&ccedil;a &eacute; o nunca mais! Por tudo que vivi, de pessoas minhas que sofreram, que desapareceram, sumiram. Foi um per&iacute;odo t&atilde;o dif&iacute;cil, do tipo &lsquo;cala boca ou calabou&ccedil;o&rsquo;, nenhuma juventude merece um AI-5, nenhuma juventude merece passar por uma ditadura&rdquo; https://youtu.be/7IeGKcQnRro No dia 1&ordm; de abril, completou-se 60 anos da instaura&ccedil;&atilde;o da Ditadura Militar no Brasil, e muito se lembra das pris&otilde;es e torturas daqueles que discordavam do regime implementado, a exemplo do <a href="https://aratuon.com.br/especiais/2024-04-01/apos-60-anos-do-golpe-militar-emiliano-jose-relembra-torturas-vividas-em-salvador/">jornalista Emiliano Jos&eacute;</a>. Ou mesmo de todos os mortos e desaparecidos que deixaram apenas a lembran&ccedil;a e saudade para os seus familiares e amigos, como a <a href="https://aratuon.com.br/especiais/2024-04-03/60-anos-do-golpe-familiares-de-jovens-baianos-mortos-no-araguaia-ainda-buscam-por-ossadas/">ativista Diva Santana</a>, que perdeu a irm&atilde; e o cunhado na Guerrilha do Araguaia. Mas tamb&eacute;m h&aacute; aqueles que, mesmo n&atilde;o se envolvendo diretamente no combate ao militarismo verde-amarelo, resistiram como podiam, ajudando perseguidos pelo regime, lutando contra a censura nas artes ou nadando contra as implementa&ccedil;&otilde;es na educa&ccedil;&atilde;o. &Eacute; nesse contexto que Carmen e sua colega, a professora Dulce Aquino, que foi diretora da Escola de Dan&ccedil;a da Ufba durante a Ditadura, se enquadram. As duas foram entrevistadas para a s&eacute;rie de mat&eacute;rias especiais do Aratu On e contaram como as classes estudantis e art&iacute;sticas resistiram em meio &agrave; militariza&ccedil;&atilde;o social.

<blockquote>&quot;Eu n&atilde;o fui presa, n&atilde;o fui torturada, mas eu sofri muito com meus colegas, dei abrigo a alguns colegas na minha casa, lutei pela educa&ccedil;&atilde;o e pela arte como pude. Muita gente passou na invisibilidade, na resist&ecirc;ncia. Dentro disso &eacute; que eu me coloco!&quot;, diz Dulce.&nbsp;<img alt="" class="wp-image-314413 " height="412" src="https://aratuon.com.br/wp-content/uploads/2024/04/ducle-corte-1024x645.jpeg" width="655" /> Dulce Aquino | Foto: Lucas Pereira</blockquote>

PR&Eacute;-DITADURA E UNIVERSIDADE Atualmente com 79 anos, Dulce lembra como era a universidade durante sua gradua&ccedil;&atilde;o, no come&ccedil;o da d&eacute;cada de 1960, antes da instaura&ccedil;&atilde;o do Regime. Integrante do movimento estudantil, a professora ainda tem mem&oacute;rias da efervesc&ecirc;ncia e expectativa iniciadas no governo Jo&atilde;o Goulart, o &uacute;ltimo presidente democr&aacute;tico antes da ditadura. &ldquo;Foi terr&iacute;vel o que aconteceu. [Antes] foram os anos mais belos da minha vida, dos 14 aos 18, na exuber&acirc;ncia da dan&ccedil;a, dentro de uma utopia de luta, no movimento estudantil. Aquela expectativa das mudan&ccedil;as, das reformas de base. E, de repente, a ditadura foi algo que castrou toda uma juventude, todos os sonhos que t&iacute;nhamos&rdquo;. &nbsp;

<blockquote>
<img alt="" class="wp-image-314150" height="505" src="https://aratuon.com.br/wp-content/uploads/2024/04/DULCE-NOVA-1024x737.jpg" width="701" />Dulce Aquino, a segunda na fila, da esquerda para a direita. Foto: Vica Portela&nbsp;
</blockquote>

Quando o golpe veio, Dulce tinha 18 anos; aos 20, foi nomeada diretora da faculdade da dan&ccedil;a, concentrando sua luta, nos anos que se seguiram, em manter a qualidade nos cursos de arte da institui&ccedil;&atilde;o. Mais nova, Carmen entrou no curso de dan&ccedil;a em 1964, aos 16 anos, e recorda um encantamento com o ambiente acad&ecirc;mico, entretanto, sem muita participa&ccedil;&atilde;o pol&iacute;tica. &ldquo;Esses primeiros contatos meus foram assim, sem muita consci&ecirc;ncia do que estava acontecendo. A Escola de Dan&ccedil;a tinha um diret&oacute;rio acad&ecirc;mico muito ativo, mas eu n&atilde;o participava ainda, porque era muito jovem&rdquo;, relembra. Jovens e iniciando suas trajet&oacute;rias no mundo da arte, especificamente, na dan&ccedil;a, tanto Dulce, quanto Carmen, foram lutaram contra incertezas e medos a partir de 1&ordm; de abril de 1964, mas isto n&atilde;o as impediu de resistir &agrave;s mudan&ccedil;as que viriam a seguir. RESIST&Ecirc;NCIA EM FORMA DE AJUDA A Ditadura Militar Brasileira n&atilde;o foi uniforme e homog&ecirc;nea ao longo de seus 21 anos, sendo dividida em fases, muito delimitadas tamb&eacute;m pelo perfil de cada presidente. Nesse primeiro momento, entre 1964 e 1968, os militares tomaram o comando do pa&iacute;s para si, revogando decretos do governo anterior, nomeando ministros, marcando presen&ccedil;a nas ruas. O primeiro Ato Institucional, que legitimou o processo, foi assinado em 9 de abril, criando o &ldquo;Comando Supremo da Revolu&ccedil;&atilde;o&rdquo;, tendo tr&ecirc;s ministros militares com grande poder. A partir disso, come&ccedil;aram as repress&otilde;es e persegui&ccedil;&otilde;es a civis, intelectuais e opositores. O ent&atilde;o presidente do pa&iacute;s, Humberto Castelo Branco, assumiu o cargo ao final do m&ecirc;s, marcando a primeira fase ditatorial, uma esp&eacute;cie de aquecimento para os anos de chumbo que se iniciaram no final de 1968, com o Ato Institucional n&ordm; 5.&nbsp;

<blockquote>
<img alt="" class="wp-image-314149 " height="367" src="https://aratuon.com.br/wp-content/uploads/2024/04/reproducao-brasildefato.jpg" width="701" />Reprodu&ccedil;&atilde;o/Brasil de Fato
</blockquote>

&nbsp;Quando as persegui&ccedil;&otilde;es e pris&otilde;es come&ccedil;aram, Dulce contou que passou a abrigar alguns colegas e conhecidos no apartamento que morava com a m&atilde;e, no Politeama, em Salvador. Dentre eles, Jos&eacute; Carlos Capinan e Lu&iacute;s Lamego, que ficaram alguns dias no local e ainda precisaram de bastante ajuda para conseguir sair da Bahia, rumo ao sudeste.

<blockquote>&ldquo;N&oacute;s conseguimos ajuda de um professor da Ufba, que pediu para um amigo seu, um alem&atilde;o, que havia lutado na 2&ordf; Guerra Mundial, que sabia como era o que a gente estava vivendo, para levar os meninos. Ele era quase da mesma idade de minha m&atilde;e e possu&iacute;a um jipe. N&oacute;s sa&iacute;mos daqui para Senhor do Bonfim, para que eles [Capinan, Lamego e o ator e diretor Harildo Deda] pegassem um &ocirc;nibus e fugissem. A ideia era, se fossemos parados, minha m&atilde;e e o alem&atilde;o seriam casados e estavam levando os filhos para uma viagem no interior. Por sorte, n&atilde;o houve nenhuma parada&rdquo;, pontua Dulce.&nbsp;</blockquote>

Com a morte do presidente Castelo Branco, o general Artur da Costa e Silva assume a cadeira presidencial em 1967, sob a expectativa de dar &agrave; Ditadura uma cara mais &ldquo;humana&rdquo;, mas n&atilde;o foi bem o que aconteceu. A repress&atilde;o e persegui&ccedil;&atilde;o se intensificou gra&ccedil;as &agrave; nova constitui&ccedil;&atilde;o em vigor, resultando em um movimento de resist&ecirc;ncia ainda maior, capitaneado pelos movimentos estudantis. O &aacute;pice da supress&atilde;o de direitos foi o AI-5, de dezembro de 1968,&nbsp; mas, dias antes, outra medida impactou o ambiente acad&ecirc;mico: a Lei N&ordm; 5.540, conhecida como a &ldquo;Reforma Universit&aacute;ria&rdquo;.

<blockquote>
<img alt="" class="wp-image-314146 " height="366" src="https://aratuon.com.br/wp-content/uploads/2024/04/PORTAL-DO-PLANALTO.jpg" width="702" />Castelo Branco e Costa e Silva - Foto: Portal do Planalto
</blockquote>

REFORMA UNIVERSIT&Aacute;RIA

<blockquote>&ldquo;A Reforma Universit&aacute;ria dos militares foi feita em gabinete, com bons pensadores at&eacute;, no Conselho Nacional de Educa&ccedil;&atilde;o. Eles juntaram as escolas de arte em uma escola s&oacute;, porque diminu&iacute;a os gastos. [...] Havia um controle muito grande, e na &aacute;rea de artes foi feita uma mudan&ccedil;a profunda, um desmantelamento&quot;, explica Dulce.&nbsp;</blockquote>

De acordo com a ent&atilde;o diretora de dan&ccedil;a, essa mudan&ccedil;a tinha como objetivo principal &ldquo;sabotar as organiza&ccedil;&otilde;es estudantis&rdquo;, tirar a for&ccedil;a desses movimentos diretamente no seio educacional. Outro resultado dessa reforma foi a interven&ccedil;&atilde;o nos Diret&oacute;rios Acad&ecirc;micos e Estudantis. Dulce conta que regras foram criadas para que se limitasse ou mesmo inibisse qualquer atividade pol&iacute;tica nesses espa&ccedil;os. &ldquo;Voc&ecirc; s&oacute; poderia ser representante nos conselhos se fosse um aluno com m&eacute;dia acima de 8, proibindo os alunos de nota mais baixa. Al&eacute;m disso, esses espa&ccedil;os viraram locais de atividade l&uacute;dica, ping-pong, domin&oacute;, jogos de tabuleiro e acolhimento. Nada acad&ecirc;mico e nem pol&iacute;tico.&rdquo;

<blockquote>
<img alt="" class="wp-image-314148" height="417" src="https://aratuon.com.br/wp-content/uploads/2024/04/memorial-da-ditadura.jpg" width="701" />Foto: Memorial da Ditadura
</blockquote>

&nbsp;Carmen traz outra consequ&ecirc;ncia causada pela reforma implementada na Ufba:

<blockquote>&ldquo;Em um determinado momento a Ufba era grande refer&ecirc;ncia, pois tinha a liberdade e o poder financeiro de ter muitos professores, muita afli&ccedil;&atilde;o no campo art&iacute;stico. Ent&atilde;o, vinham muitos professores, maestros, m&uacute;sicos, dan&ccedil;arinos, pintores, da Europa. Ent&atilde;o, havia muita fric&ccedil;&atilde;o, muita troca. Com a reforma, se empobreceu muito os cursos, em todos os sentidos. Se pensou, na &eacute;poca, que poderia se enriquecer atrav&eacute;s dessa integra&ccedil;&atilde;o das artes, mas foi muito ruim, a gente come&ccedil;ou a perder os professores estrangeiros, foi proibido trazer eles, por falta de verba.&rdquo;</blockquote>

O &lsquo;PERIGO&rsquo; DA ARTE E A CENSURA

<blockquote>&ldquo;Eles sabiam que a arte era perigosa, porque as escolas de artes foram acertadas. Era perigosa porque era um pensamento que eles n&atilde;o conheciam e pensar era algo que incomodava&rdquo;, ressalta Dulce.</blockquote>

Durante a entrevista com Carmen, a dan&ccedil;arina e core&oacute;grafa lembra de um epis&oacute;dio em que um agente de censura foi fiscalizar o ensaio do espet&aacute;culo &ldquo;Manobras de Distra&ccedil;&atilde;o&rdquo;, do diretor argentino Alberto Uri. A pe&ccedil;a trazia diversas cr&iacute;ticas a assuntos do momento, como a especula&ccedil;&atilde;o imobili&aacute;ria em Salvador e a pr&oacute;pria tortura empregada pelos militares, mas ainda assim foi liberada pelo regime, muito por conta da &ldquo;ignor&acirc;ncia&rdquo; dos agentes do governo.&nbsp;

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<img alt="" class="wp-image-314414" height="501" src="https://aratuon.com.br/wp-content/uploads/2024/04/WhatsApp-Image-2024-04-04-at-16.15.59-1024x792.jpeg" width="647" />Carmen Paternostro | Acervo Pessoal
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&nbsp;&ldquo;Eu sentia uma ignor&acirc;ncia por parte dos censores. Eles iam assistir ao trabalho da gente, mas eles n&atilde;o sabiam nada e a gente n&atilde;o sabia direito o porqu&ecirc; que a gente estava enganando eles. Era algo absurdo. Dentro do campo da m&uacute;sica, no teatro, como tinha a palavra, j&aacute; era uma censura mais direcionada, mas, enquanto espet&aacute;culo de dan&ccedil;a, era muito complicado&rdquo;, destaca Carmen. Na pe&ccedil;a, ela representava uma mulher que era torturada para dar informa&ccedil;&otilde;es, mesmo sem as ter. No ensaio, para n&atilde;o levantar suspeitas, o texto era passado de maneira mais leve: &ldquo;A cr&iacute;tica era que muitas pessoas que foram torturadas n&atilde;o sabiam de nada e falavam qualquer coisa para se livrar daquilo. Ent&atilde;o, o texto era o mais banal poss&iacute;vel, uma adivinha&ccedil;&atilde;o, e ficava insinuando que estava sendo torturada. Por exemplo, ele dizia &lsquo;joelho&rsquo; e eu puxava meu joelho; &lsquo;nariz&rsquo;, puxava o nariz e berrava o texto&rdquo;. Assim como o ambiente acad&ecirc;mico, os ambientes art&iacute;stico e cultural tamb&eacute;m foram bastante perseguidos pelo regime ditatorial, algo muito presente na d&eacute;cada de 1970. Muitos cantores, compositores, poetas e dan&ccedil;arinos tiveram que fugir para n&atilde;o serem presos, e diversos espa&ccedil;os foram fechados. Um dos poucos resistentes em Salvador era o Instituto Cultural Brasil-Alemanha (ICBA), o Goethe-Institut, localizado no Corredor da Vit&oacute;ria. &ldquo;Eles achavam que o ICBA era neutro, ent&atilde;o havia aquele respeito. Ali n&atilde;o podia fazer nada, era territ&oacute;rio europeu, alem&atilde;o&rdquo;, contou Carmen, que trabalhou por diversos anos no local. Apesar desse respeito inicial, se iniciou um processo de sabotagem ao local, com estrat&eacute;gias parecidas com as empregadas nas universidades, especialmente o uso de pessoal infiltrado, os &ldquo;dedo-duro&rdquo;. Em uma das ocasi&otilde;es, Carmen relata que foi armada uma briga falsa, feita por policiais disfar&ccedil;adas, para que se manchasse a imagem do instituto. Na ocasi&atilde;o, o diretor Roland Schaffner, enfrentou e expulsou os baderneiros de plant&atilde;o. &quot;Eles come&ccedil;aram a criar briguinhas, foram lentamente minando a imagem do Instituto, dizendo que era um lugar pernicioso, local de venda de drogas, que deveria acabar. Como n&atilde;o conseguiram prender ningu&eacute;m politicamente, eles inventaram essa desculpa&quot;, revela a artista. Algum tempo depois, Roland acabou sendo transferido para a &Iacute;ndia, sendo acompanhado por Carmen, resultando em um casamento depois. Mesmo com as dificuldades e tentativas de sufocamento, tanto Carmen, com seus espet&aacute;culos; quanto Dulce, em suas atividades e eventos acad&ecirc;micos, n&atilde;o deixaram que a dan&ccedil;a se perdesse em meio &agrave; coreografia dura e quadrada da militariza&ccedil;&atilde;o.

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<img alt="" class="wp-image-314529 " height="780" src="https://aratuon.com.br/wp-content/uploads/2024/04/Intercena-Carmen-1.jpg" width="617" />Grupo Intercena, criado por Carmen Paternostro | Foto: Arquivo Pessoal
</blockquote>

&ldquo;A arte entre 70 e 75, quando tivemos as maiores doses de press&atilde;o, foi muito revolucion&aacute;ria. Foi muito desenvolvida a express&atilde;o corporal. Ent&atilde;o, a arte sempre foi boa em dar essa rasteira e eles passavam e n&atilde;o entendiam o que est&aacute;vamos fazendo&rdquo;, definiu Dulce Aquino. Ap&oacute;s 60 anos, o fantasma do per&iacute;odo militar no Brasil ainda assombra as lembran&ccedil;as de quem viveu e foi v&iacute;timas das viola&ccedil;&otilde;es impostas pelo regime. Emilianos, Divas, Dinaelzas, Herzogs, estudantes como Edson Lu&iacute;s, e tantas outras pessoas que n&atilde;o se sabe o paradeiro. Mas tamb&eacute;m Carmens, Dulces, Caetanos, Gils, Chicos, Ritas e muitos outros artistas trazem em sua hist&oacute;ria de vida as marcas da Ditadura e as viv&ecirc;ncias de uma luta por uma sociedade que n&atilde;o &eacute; perfeita, mas, que, hoje, &eacute; democr&aacute;tica. LEIA MAIS <a href="https://aratuon.com.br/especiais/2024-04-01/apos-60-anos-do-golpe-militar-emiliano-jose-relembra-torturas-vividas-em-salvador/" rel="noopener" target="_blank">Ap&oacute;s 60 anos do Golpe Militar, Emiliano Jos&eacute; relembra torturas vividas em Salvador</a> <a href="https://aratuon.com.br/especiais/2024-04-03/60-anos-do-golpe-familiares-de-jovens-baianos-mortos-no-araguaia-ainda-buscam-por-ossadas/" rel="noopener" target="_blank">60 anos do golpe: familiares de jovens baianos mortos no Araguaia ainda buscam por ossadas</a> Acompanhe nossas transmiss&otilde;es ao vivo no&nbsp;<a href="http://www.aratuon.com.br/aovivo">www.aratuon.com.br/aovivo</a>. Siga a gente no&nbsp;<a href="https://instagram.com/aratuonline" rel="nofollow noopener" target="_blank">Insta</a>,&nbsp;<a href="https://www.facebook.com/aratuon/" rel="nofollow noopener" target="_blank">Facebook</a>&nbsp;e&nbsp;<a href="https://twitter.com/aratuonline?ref_src=twsrc%5Egoogle%7Ctwcamp%5Eserp%7Ctwgr%5Eauthor" rel="nofollow noopener" target="_blank">Twitter</a>. Quer mandar uma den&uacute;ncia ou sugest&atilde;o de pauta, mande WhatsApp para&nbsp;(71) 99940 &ndash; 7440. Nos insira nos seus grupos!

SBT News
31 de março ou 1º de abril? Próximo à marca dos 60 anos, a data do golpe militar no Brasil segue provocando controvérsias entre os que celebram a "revolução" e quem diz que a ditadura brasileira começou no "Dia da Mentira".
Militares e conservadores, apoiadores do golpe, tentam emplacar o 31 de março na tentativa de afastar a data do Dia da Mentira, comemorado no Brasil em 1º de abril. A mentira de que uma "revolução" salvaria o país do comunismo nos rendeu 21 anos de ditadura, com mortos, desaparecidos e milhares de torturados.
Para historiadores, no entanto, a data está clara: o golpe só se confirmou em 1º de abril. Apesar das tropas mineiras, comandadas pelo general Olímpio Mourão Filho, marcharem na madrugada do dia 31 de março com destino ao Palácio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro, para depor o presidente João Goulart, sua queda só foi sacramentada no dia seguinte.
Segundo Elio Gaspari, autor de cinco livros sobre a história da ditadura militar, até 12h do dia 1º, Jango permanecia sem ser incomodado no Palácio das Laranjeiras, de onde fazia os despachos presidenciais.
"Ao amanhecer do dia 1º de abril, Kruel (general que comandava o II Exército, em São Paulo) persistia na posição de emparedar Jango sem depô-lo", escreveu Gaspari em "A ditadura envergonhada".
O presidente embarcou para Brasília durante a tarde, antes de as tropas chegarem. Ainda no dia 1º, ele deixa a capital federal, mas com destino a Porto Alegre. Esse é considerado o marco de sua queda.
"Preocupados com o fato de que golpearam no 1º de abril, oficiais mentiram sobre a data da virada de mesa no Forte de Copacabana, datando 31 num relatório", escreveu o jornalista Mário Magalhães, autor da biografia "Marighella: O guerrilheiro que incendiou o mundo".
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SBT News
Passados quase 10 anos da entrega do relatório final da Comissão Nacional da Verdade, o Brasil só cumpriu plenamente duas das 29 recomendações propostas pelo colegiado. A conclusão é do Instituto Vladimir Herzog, que monitora a implementação das medidas pelo Estado brasileiro.
Instalada em 2012, a CNV investigou por dois anos as violações aos direitos humanos praticadas pela ditadura militar no Brasil, que vigorou de 1964 a 1985. Além das conclusões, apresentadas em 2014 pelos sete conselheiros que integraram a comissão, o relatório final fez uma série de recomendações ao país, como a responsabilização civil, criminal e administrativa dos envolvidos, sem direito a anistia.
No evento de entrega do relatório, em 10 de dezembro de 2014, a então presidente Dilma Rousseff (PT) – ela mesma vítima de tortura durante a ditadura – disse que o trabalho da comissão ajudaria a afastar "fantasmas de um passado doloroso e triste".
"Nós, que acreditamos na verdade, esperamos que esse relatório contribua para que fantasmas de um passado doloroso e triste não possam mais se proteger nas sombras do silêncio e da omissão", disse Dilma.
Entretanto, quase 10 anos depois, não é bem isso que tem acontecido. Das 29 recomendações propostas ao Estado brasileiro, apenas duas foram plenamente cumpridas, segundo levantamento de 2023 do Instituto Vladimir Herzog (IVH). O relatório foi realizado ao final do governo Bolsonaro (PL), mas, de lá pra cá, pouca coisa mudou, afirma Rafael Schincariol, coordenador de advocacy do IVH.
"O que nos parece mais claro que mudou é que a recomendação número 4, que falava da proibição da realização de eventos oficiais em comemoração ao golpe militar, vinha sendo descumprida, porque nós tínhamos atos oficiais do Ministério da Defesa celebrando o 31 de Março como um dia glorioso, como um dia em que a democracia havia sido salva, celebrando o golpe militar. Isso parou de acontecer. No mais, pouco se alterou", destaca Schincariol.
Uma das únicas recomendações seguidas pelo Estado, a revogação da Lei de Segurança Nacional, foi, para o coordenador do instituto, fundamental para a resposta aos atos do 8 de janeiro. É o lema "para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça" sendo seguido à risca.
"A revogação da Lei de Segurança Nacional foi absolutamente fundamental para que nós pudéssemos processar e julgar os golpistas do 8 de Janeiro. Porque a Lei de Segurança Nacional é revogada pela Lei dos Crimes Contra o Estado Democrático de Direito, e é essa lei que permite que possamos processar os golpistas", diz.
RECOMENDAÇÃO 26
A recomendação 26 do relatório da Comissão Nacional da Verdade fala da criação de um órgão permanente para dar seguimento às ações e recomendações do colegiado. Em abril de 2023, o ministro de Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, anunciou em uma audiência na Câmara dos Deputados a criação de uma comissão com esse objetivo.
Mas, até hoje, ela não saiu do papel. "Tínhamos expectativa de que ela fosse criada até o final do ano passado, não foi. Agora estávamos com a expectativa de que fosse criada no âmbito do aniversário de 60 anos do golpe militar, mas, ao que tudo indica, isso não vai ocorrer", diz Schincariol.
"Essa comissão não foi criada, nem a Comissão sobre Mortos e Desaparecidos foi recriada. Esses são dois pontos que nos deixam muito preocupados com relação ao encaminhamento das políticas de memória por parte deste governo. No entanto, confiamos muito. O governo fez promessas, seguimos confiantes de que essa promessa será cumprida. Confiamos muito também no Nilmário Miranda e sua equipe e, por isso, vamos seguir cobrando", completa o coordenador do IVH.
Nilmário Miranda é o assessor especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em entrevista ao SBT News, ele contou que precisaram "começar do zero" os trabalhos, após os quatro anos de Jair Bolsonaro (PL) na Presidência da República.
"Não tinha orçamento, não tinha previsão dentro do Estado brasileiro de cumprir as determinações. Tem um trabalho intersetorial, interministerial e uma consciência de que tem que cumprir tudo isso", diz o assessor do MDHC. "Temos esse compromisso com a verdade, combater fake, combater a deturpação da história".
Schincariol também destacou as dificuldades de seguir as recomendações do relatório da CNV durante o governo Bolsonaro. "Não tínhamos nenhum tipo de diálogo com o governo anterior sobre esses temas. O governo anterior estava, inclusive, destruindo essas políticas. Entendemos a situação complexa do atual governo", diz.
Nilmário não respondeu se a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos será recriada, uma promessa do governo Lula. Porém, segundo ele, o Estado se responsabilizará por analisar todas as ossadas encontradas em cemitérios clandestinos, que estão divididas entre o Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF) da Unifesp, o laboratório do International Commission on Missing Persons (ICMP), que funciona em Haia, na Holanda, e a Universidade de Brasília.
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O ex-prefeito de Salvador, Bahia, Virgildásio de Senna, foi homenageado na última terça-feira (10/10) pelo projeto “Lembranças do Futuro de Salvador”, de autoria do presidente da Câmara Municipal da cidade, Carlos Muniz (PSDB). Ele foi prefeito do município nos anos de 1963 e 1964. Devido à sua idade, na medida que o ex-prefeito vai completar 100 anos em novembro, ele foi representado na sessão temática por seu filho, Sérgio Senna, e pelo vereador Téo Senna (PSDB).

Sérgio Senna recordou que em 2013 a Câmara Municipal de Salvador, via sessão solene, devolveu simbolicamente o mandato de prefeito da capital da Bahia a Virgildásio de Senna.  Ele foi eleito prefeito em outubro de 1962, sendo empossado em 7 de abril de 1963, e foi deposto pelo golpe militar de 1964, perdendo o seu mandato. O ex-gestor foi cassado pelo AI-5.

Sérgio Senna agradeceu também a Carlos Muniz pela iniciativa da sessão temática da última terça, assim como exaltou a participação de Téo Senna.

Sobrinho de Virgildásio de Senna, o vereador Téo Senna discorreu sobre as ações da gestão de seu tio como chefe do Executivo Municipal da cidade. Na sua gestão foi criada, por exemplo, a Avenida Centenário. “Ocorreram a pavimentação de ruas e a melhoria dos transportes coletivos”, disse Téo Senna.

Na Avenida Sete, por exemplo, houve o asfaltamento em quase sua totalidade. “E cerca de vinte estradas municipais foram recuperadas ou melhoradas, dentre diversos outros benefícios à população de Salvador”, disse Téo Senna.

Já Carlos Muniz pontuou que a trajetória política de Virgldásio de Senna se encerrou em 1991, com o final do mandato de deputado federal. Segundo Muniz, ele deixou sempre um exemplo de homem público de reputação ilibada e combativo em todas as trincheiras políticas em que se propôs a lutar. “Portanto, é um orgulho para esta Casa prestar essa homenagem a ele”, avaliou.

Também integraram a Mesa da sessão temática os vereadores Isnard Araújo (PL), Cris Correia (PSDB) e a subprocuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT), Virgínia Senna.

CARTA PARA SALVADOR
Neste projeto, cada ex-prefeito faz um depoimento sobre a Salvador que encontrou à época, quais projetos mais importantes conseguiu realizar e o que não foi possível por falta de verba ou tempo. E, na atualidade, quais seriam suas ações para uma Salvador melhor e com mais qualidade de vida para seus habitantes.

Será a criada a Carta para Salvador, com propostas para a cidade que serão entregues ao atual chefe do Executivo Municipal da cidade, Bruno Reis (União) e ao governador Jerônimo Rodrigues (PT).

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Ex-prefeito da capital da Bahia, Virgildásio Senna, 99 anos, será homenageado pelo Projeto “Lembranças do Futuro de Salvador”, de autoria do presidente da Câmara, Carlos Muniz (PSDB). O evento será realizado na próxima terça-feira (10/10), às 16h, no plenário da Casa.

Virgildásio Senna foi eleito prefeito da capital baiana, em outubro de 1962, e empossado em 7 de abril de 1963. Ele foi deposto pelo golpe militar de 1964, perdendo o mandato como prefeito, e cassado pelo AI-5.

Em razão da idade, na medida que o ex-prefeito vai completar 100 anos no próximo mês, ele será representado na sessão solene por seu filho Sérgio Senna, e pelo vereador Téo Senna (PSDB).

Segundo o projeto, cada ex-prefeito faz um depoimento sobre a Salvador que encontrou na época em que governou, quais projetos mais importantes conseguiu realizar e o que não foi possível fazer por falta de verba ou tempo. Além disso, os homenageados trazem sugestões para uma Salvador melhor e com mais qualidade de vida para seus habitantes.

“Este projeto é pioneiro em nível nacional. O vereador Téo Senna e a família representarão muito bem o ex-prefeito Virgildásio Senna nesta sessão temática na Câmara de Salvador. Agradeço a eles por aceitarem participar deste importante projeto”, afirmou Carlos Muniz.

Após colher o depoimento de todos os participantes, será criada a Carta para Salvador, com iniciativas e projetos para uma cidade mais democrática, igualitária e com responsabilidade social. Os vereadores entregarão a Carta em uma sessão, para a qual serão convidados os ex-prefeitos de Salvador, o prefeito Bruno Reis (União), e o governador Jerônimo Rodrigues (PT).

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