Ano após ano, entre o final de outubro e o começo de novembro, o tema é o mesmo – a morte. Cada cultura escolhe uma forma particular de lidar com isso: seja homenageando os que partiram, se fantasiando de criaturas que metem medo ou até acreditando que os espíritos tiram esse período para fazer uma visitinha ao mundo dos vivos.

O Halloween, afinal, é a véspera do Dia de Todos-os-Santos e logo depois vem o Dia de Finados. Nesse mesmo período, no México, o famoso (Día de los Muertos - Dia dos Mortos em espanhol) transforma o luto em festa, e esses ritos acabam por se misturar nas culturas ocidentais. 

A ligação entre essas quatro datas e suas semelhanças é o tema do Aratu On Explica. O que une essas celebrações? Todas surgem da necessidade de lidar com o mistério da morte – tema universal que inspira tantos ritos e crenças diferentes.

A proximidade dessas datas reflete antigas tradições que viam o início de novembro como um momento de transição entre o mundo dos vivos e o dos mortos. Em todas elas, há uma busca por entender e acolher a finitude: seja com respeito e reverência, no caso do Dia dos Mortos, ou com um toque lúdico e até macabro, no Halloween.

HALLOWEEN

O Halloween, celebrado em 31 de outubro, tem origens entre 1500 e 1800 nos festivais celtas, como o Samhain, que marcava o fim do verão - um período associado à morte e à aproximação com o mundo dos espíritos. Com a expansão do catolicismo, a festividade pagã foi renomeada como 'Véspera de Todos-os-Santos'.

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Embora seja muito popular nos Estados Unidos, suas raízes são britânicas. O nome 'Halloween' deriva de 'All Hallows' Eve', em que 'hallow' é um termo antigo para 'santo', e 'eve' significa 'véspera'.

O Dia de Todos-os-Santos, celebrado em 1º de novembro, mistura-se à história do Halloween, pois a Igreja, ao encontrar esses rituais pagãos, buscou substituí-los por festividades cristãs.

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Com decorações assustadoras, fantasias e a tradição de 'doces ou travessuras', o Halloween, também chamado de Dia das Bruxas, ganhou uma nova roupagem, misturando o sobrenatural, elementos macabros e cultura pop. Hoje, é comemorado em vários países, inclusive no Brasil, onde fantasias criativas marcam a data.

DIA DOS MORTOS

O Dia dos Mortos, ou Día de los Muertos, é uma das festividades mexicanas mais populares, celebrando a memória daqueles que partiram com uma grande festa. Quem assistiu ao longa animado 'Viva: A Vida é uma Festa', da Disney, pode compreender um pouco da tradição envolvida.

[caption id="attachment_396180" align="alignnone" width="700"]<img class="wp-image-396180" src="https://aratuon.com.br/wp-content/uploads/2024/10/MV5BMTU4Njg3MDIxN15BMl5BanBnXkFtZTgwNDEzMjMyNDM._V1_SX1777_CR001777743_AL_-300x130.jpg" alt="" width="700" height="304" /> Reprodução/ Disney[/caption]

Comemorado em 2 de novembro, este dia é dedicado ao reencontro com as almas dos entes falecidos, que se acredita retornarem temporariamente para estar com suas famílias. Conforme a crença popular, os portões do céu se abrem à meia-noite do dia 31 de outubro, permitindo que os espíritos das crianças se reúnam com suas famílias por 24 horas. O mesmo ocorre com os espíritos dos adultos no dia 2 de novembro.

Para essa ocasião, as famílias preparam altares em suas casas ou nos locais de sepultamento, com incensos, fotografias, velas, caveiras de açúcar e as comidas e bebidas favoritas dos falecidos, além de música para celebrar a vida.

As festividades do Dia dos Mortos são uma rica mistura das diversas culturas que influenciaram o México, incluindo tradições indígenas, influências da religião europeia e da cultura espanhola.

As celebrações começam com o Halloween, seguido pelo Día de los Inocentes em 1º de novembro - dia dedicado às crianças e ao “Dia de Todos os Santos” -, culminando no Día de los Muertos ou Dia de Finados, em 2 de novembro.

DIA DOS FINADOS

O Dia de Finados, também conhecido como Dia dos Fiéis Defuntos ou Dia dos Mortos, é uma tradição profundamente enraizada no Brasil. Este dia é dedicado ao luto e à honra dos que já partiram, proporcionando um momento de reflexão sobre suas almas.

Diferentemente do Dia dos Mortos no México, que possui um tom mais festivo, o Dia de Finados em muitos lugares do mundo é marcado por uma atmosfera mais solene e reverente.

No Brasil, a data foi oficializada como feriado em 2002 e é caracterizada por missas em igrejas católicas, e visitação de familiares aos cemitérios, onde as pessoas se reúnem para visitar as lápides de seus entes queridos e prestar homenagens.

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Salvador recebe na próxima sexta-feira (1/11) a tradicional e vibrante celebração do Dia dos Mortos, festa mexicana que é uma das marcas culturais do país norte-americano. O evento incluirá um altar ricamente decorado com elementos típicos da cultura mexicana, além de uma programação especial e gratuita organizada pelo Instituto Cervantes de Salvador.

Segundo os organizadores, o altar central do evento presta uma tocante homenagem a Gal Costa, uma das maiores vozes da música brasileira, além de honrar as cantoras Chavela Vargas, de origem costa-riquenha/mexicana, e Maria Dolores Pradera, da Espanha. Esta celebração será uma oportunidade para os visitantes conhecerem mais sobre essas icônicas figuras musicais.

Durante a festa, o público poderá participar de oficinas culturais que incluem artesanato, escrita e maquiagem. Os participantes terão a chance de criar suas próprias "catrinas" e "calaveritas literárias" — poemas satíricos em forma de epitáfio que são uma tradição do Dia dos Mortos. A figura da Catrina, uma elegante dama da alta sociedade, é uma das imagens mais emblemáticas desta celebração no México.

Confira a programação completa:

Sexta-feira (1º/11)

17h: Boas-vindas e apresentação da tradição mexicana do Dia de Mortos

18h: Oficinas de artesanato (elaboração de "catrinas"), maquiagem de "catrinas" e "catrinos", e escrita de "calaveritas literárias"

19h30: Exposição de "catrinas" e "calaveritas" com entrega de prêmios

20h: Festa de confraternização com comida e música mexicana

SERVIÇO

O quê: Dia dos Mortos mexicano no Instituto Cervantes Salvador

Quando: Sexta-feira (1º), a partir das 17h

Onde: Instituto Cervantes Salvador (Av. Sete de Setembro, 2792 - Salvador)

Entrada gratuita

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Criado pela Igreja Católica, o Dia de Finados é celebrado em todo o Brasil neste dia 2 de novembro, feriado nacional. Em outros países, a data também é marcada por celebrações aos que já se foram, mas com outros símbolos, rituais e significados para as homenagens. Esse é o assunto do Aratu On Explica de hoje!

https://youtu.be/YscFoy8WNow

ORIGEM

De acordo com informações da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Dia de Finados é dedicado a todos os fiéis falecidos. Segundo a CNBB, a data não foi criada para as pessoas se entristecerem ou lamentarem a morte de amigos e familiares, mas para como um dia de saudade, para se lembrar com carinho deles e de se rezar por suas almas.

Desde o século X, a Igreja recomenda os fiés a fazer orações durante o dia, que foi oficialmente adotado pelos católicos no ano 998, segundo o site oficial do Vaticano. A escolha pelo 2 de novembro se deu pela proximidade com o Dia de Todos os Santos, 1º de novembro. Isso porque os “Santos” são figuras do catolicismo que tiveram os pecados perdoados após a morte. O dia seguinte, foi reservando para orações aos demais mortos.

CELEBRAÇÕES PELO BRASIL

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Mais que as tradicionais missas e visitas a túmulos e lápides daqueles que já se foram, em alguns locas do Brasil, o feriado de Finados possui celebrações específicas, a exemplo da Romaria de Finados, que acontece todos os anos em Juazeiro do Norte (CE). Na programação do rito, que reúne centenas de milhares de fiéis, está a visita à estátua e túmulo de Padre Cícero e ao Santuário de Nossa Senhora das Dores. Desde o final de outubro até o dia 2 de novembro, católicos de várias partes do Brasil cruzam as ruas da cidade cearense e visitam locais sagrados.
<img class="alignnone size-large wp-image-260000" src="https://aratuon.com.br/wp-content/uploads/2023/10/congada-1024x768.jpg" alt="" width="1024" height="768" />Divulgação/Prefeitura de St.Rosa
Em Santa Rosa, no Tocantins, cidade que fica a 166 km da capital Palmas, uma tradição do século XIX ainda acontece no dia de Finados: a Congada. Segundo informações da socióloga Eliane Castro ao site do governo de Tocantins, a festa teria surgido em Portugal, por meio de um padre que formou família com uma mulher escravizada. Os descendentes perpetuaram a tradição, que é forte entre a população negra até os dias atuais.

Primeiro em uma fazenda da região e depois se espalhando, a festa dos congos acontece durante os Festejos das Santas Almas Benditas, quando os cortejos formados por reis e rainhas da festa, que são coroados no evento, e súditos formados pela comunidade e visitantes seguem para os cemitérios da cidade e das comunidades rurais, onde cantam e rezam por seus antepassados.

PELO MUNDO

México

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Para além das comemorações vindas do Catolicismo, o Dia de Finados (ou Dia dos Mortos) é celebrado em vários cantos do mundo, de maneira bem particular e diversa. O festejo mais conhecido acontece no México. O Dia de Los Muertos virou até animação da Disney no ano de 2017, o filme "Viva - A Vida É Uma Festa.

Enraizada na cultura pré-hispânica e indígena, a celebração remonta à crença de que, mesmo após a morte, as pessoas seguem como membros de suas comunidades e famílias, retornando temporariamente a esses locais no dia 2 de novembro. Para facilitar essa volta para casa, são deixadas velas e pétalas de rosa para guiar os mortos. Altares são colocados com pertences do ente querido, como fotos, objetos e até comidas. Além disso, as caveiras coloridas também compõem a tradição.

A festa, inclusive, foi considerada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, em 2008.

Guatemala
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Reprodução/Ministerio de Cultura y Deportes de Guatemala 
Os guatemaltecos celebram o dia de Finados “empinando” pipas coloridas pelas ruas, numa espécie de simbolismo às almas que se foram. Além disso, fotos e flores são espalhadas para homenagear os mortos. Pratos típicos são feitos para as festividades, que possuem um tom mais alegre.

Haiti

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Jean Oscar Augustin - Visit Haiti
Feriado nacional no Haiti, as celebrações mesclam ritos católicos e do vodu. Para além das rezas e orações, comidas e bebidas são preparadas e levadas para os cemitérios, com muita música, para acordar o Deus dos Mortos, chamado de Baron Samedi.

Bolívia
<img class="alignnone size-large wp-image-260087" src="https://aratuon.com.br/wp-content/uploads/2023/10/nanita-la-verdad-1-1024x674.jpg" alt="" width="1024" height="674" />Reprodução/La Verdad
Para além da celebração de finados, em 2 de novembro, os bolivianos comemoram, no dia 8 do mesmo mês, a fiesta de Los Ñanitas ("festa das caveiras/crânios"), semelhante aos festejos mexicanos. Com raízes indígenas, os festejos reúnem pessoas nos cemitérios para orar e honrar seus mortos. Antes do rito, as pessoas recebem caveiras, colocam em caixas ou urnas, decoram seu interior com flores, velas, e as levam para o cemitério. Representando divindades andinas ou parentes, os bolivianos fazem pedidos e cuidam de suas ñanitas durante o ano.

AS CORES DO LUTO

No Dia de Finados, o luto é um dos sentimentos presentes neste dia, independente de onde a pessoa esteja. Ainda assim, o conceito do luto possui variações de cultura para cultura. Se no Brasil (e na maioria dos países ocidentais), o luto é representado pela cor preta e têm relação com a Idade Média, quando a Peste Negra, dizimou mais da metade da população europeia. Não à toa, esse período é chamado também de “Idade das Trevas”, da ausência de luz.

Mas o luto é também representado por outras cores, como o branco, utilizado por praticantes do candomblé. A cor também é usada no Japão, por exemplo, por simbolizar a pureza e a tranquilidade.

Amarelo é a cor utilizado no Egito para situações de luto, uma vez que remonta a ideia das flores secas que caem das árvores. O roxo é usado na Tailândia para expressar o luto e a dor da perda, tendo também registros católicos do uso da cor, a exemplo das túnicas usadas pelos sacerdotes no período da Páscoa.

O vermelho é a cor usada na África do Sul, por causa do Apartheid racial que existiu no país e o derramamento de sangue resultante disso.

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