A pouco mais de um ano das elei&ccedil;&otilde;es que v&atilde;o definir os rumos para o Brasil no quadri&ecirc;nio que se inicia em 2023, a pol&iacute;tica nacional, mais uma vez, est&aacute; polarizada. A democracia multipartid&aacute;ria do pa&iacute;s n&atilde;o &eacute; refletida na tend&ecirc;ncia do eleitorado brasileiro que se divide, em sua maioria, tendendo para dois &uacute;nicos lados.

Isso, por si s&oacute;, n&atilde;o &eacute; motivo para cravar que a situa&ccedil;&atilde;o &eacute; desfavor&aacute;vel ao processo de escolha do projeto que vai ser aplicado na condu&ccedil;&atilde;o do Brasil. O que preocupa, por&eacute;m, &eacute; a forma como essa polariza&ccedil;&atilde;o pol&iacute;tica tem se apresentado, principalmente, no &acirc;mbito das discuss&otilde;es que envolvem temas importantes para o bem comum.

Neste cen&aacute;rio, os nomes do atual mandat&aacute;rio do pa&iacute;s, Jair Bolsonaro (sem partido), e o ex-presidente Lula (PT), s&atilde;o as figuras de destaque na prefer&ecirc;ncia de um eleitorado que se digladia em duas vertentes que v&atilde;o al&eacute;m do pensamento ideol&oacute;gico e beira a animosidade.

Para os representantes do duelo, algumas arestas precisam ser aparadas. De um lado, o presidente Bolsonaro corre para reverter os preju&iacute;zos acumulados com a conduta impopular adotada no combate &agrave; pandemia e para atenuar as ranhuras causadas em sua gest&atilde;o, diante de den&uacute;ncias de corrup&ccedil;&atilde;o, envolvendo familiares.

Na outra ponta, o ex-presidente aposta nas falhas do advers&aacute;rio para retomar a confian&ccedil;a perdida pelo seu partido, desde a elei&ccedil;&atilde;o passada, quando esteve preso e viu o correligion&aacute;rio, Fernando Haddad, ser rejeitado nas urnas, na reta final do pleito.

Apoiando os dois nomes, existem dois grupos que se comportam como duas grandes torcidas de futebol. O comportamento intolerante &agrave; cr&iacute;tica e opini&otilde;es discordantes &eacute; muito comum nos debates e torna a situa&ccedil;&atilde;o propensa ao surgimento de not&iacute;cias falsas,&nbsp;que atrapalham a constru&ccedil;&atilde;o de pensamentos e inibe as discuss&otilde;es necess&aacute;rias ao crescimento pol&iacute;tico.

Em entrevista concedida ao Aratu On, o doutor em Ci&ecirc;ncias Sociais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e cientista pol&iacute;tico, Cl&aacute;udio Andr&eacute; de Souza, ressaltou que a partir do momento que temos polos mobilizados e debates radicalizados, algumas quest&otilde;es priorit&aacute;rias podem perder o lugar na discuss&atilde;o, perante as defesas das partes.

Contudo, o especialista n&atilde;o ignora a legitimidade da polariza&ccedil;&atilde;o e considera fazer parte do reconhecimento das posi&ccedil;&otilde;es ideol&oacute;gicas e suas prefer&ecirc;ncias eleitorais. &ldquo;Claro que, tudo isso, dentro das regras do jogo: sem viol&ecirc;ncia pol&iacute;tica, respeitando a fala, a liberdade pol&iacute;tica e a exist&ecirc;ncia da oposi&ccedil;&atilde;o&rdquo;, pontuou.

Em meio &agrave; discuss&atilde;o acirrada entre os dois polos &eacute; dif&iacute;cil imaginar como uma terceira alternativa de gest&atilde;o possa surgir no contexto pol&iacute;tico atual. As elei&ccedil;&otilde;es est&atilde;o programadas para o dia 2 de outubro do pr&oacute;ximo ano. Pouco menos de 15 meses&nbsp;e os espa&ccedil;os deixados pelas correntes que polarizam a disputa n&atilde;o parecem ganhar for&ccedil;a em discursos alheios que almejam destaque na corrida.

Cl&aacute;udio Andr&eacute; entende que a possibilidade do surgimento de uma terceira for&ccedil;a neste processo n&atilde;o pode ser descartada, mas explica que, a depender do cen&aacute;rio, ela pode, cada vez mais, perder chances de protagonismo.&nbsp;

&ldquo;Lideran&ccedil;as eleitorais nacionais se constroem com mais de dois anos de anteced&ecirc;ncia. A imagem p&uacute;blica, o di&aacute;logo com o eleitorado e a pr&oacute;pria carreira pol&iacute;tica precisa vir de um processo mais forte e acentuado&rdquo;, destacou o especialista, que tamb&eacute;m, abordou outros pontos importantes a serem observados pelos eleitores.

VEJA A ENTREVISTA NA &Iacute;NTEGRA

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