Nesta segunda-feira (17/1), cento e quinze alunos participantes do projeto AfroEstima Salvador receberam&nbsp;os certificados de conclus&atilde;o das atividades e cursos ofertados no primeiro ciclo da iniciativa, ocorrido entre agosto e dezembro de 2021.&nbsp; O projeto foi criado com o objetivo de aumentar o turismo sustent&aacute;vel, com &ecirc;nfase na cultura local e na popula&ccedil;&atilde;o negra.&nbsp;O&nbsp;AfroEstima integra o Plano de A&ccedil;&atilde;o para o Desenvolvimento do Turismo &Eacute;tnico-Afro (TEA).

As atividades, realizadas atrav&eacute;s da plataforma gratuita de capacita&ccedil;&atilde;o e de mentorias para afroempreendedores organizada por Trilhas de Aprendizagem, envolveram 13 disciplinas, algumas definidas como t&eacute;cnicas, a exemplos de Marketing Digital, Gest&atilde;o de Neg&oacute;cios e Empreendedorismo, al&eacute;m de temas considerados sociais como Hist&oacute;ria, Cultura afro-brasileira e da di&aacute;spora e Lideran&ccedil;a com foco na juventude negra.&nbsp;A cerim&ocirc;nia aconteceu&nbsp;&nbsp;no Teatro Greg&oacute;rio de Mattos, no Centro, e contou com a presen&ccedil;a do prefeito Bruno Reis, al&eacute;m dos titulares das secretarias de Cultura e Turismo (Secult), F&aacute;bio Mota, e Repara&ccedil;&atilde;o (Semur), Ivete Sacramento.

O prefeito destacou o fato de Salvador nunca ter lan&ccedil;ado m&atilde;o de maneira empreendedora do fato de ser a capital mais negra do Brasil. &ldquo;Queremos atrair turistas e visitantes em busca da cultura, gastronomia, arquivo hist&oacute;rico e religioso e tamb&eacute;m da cultura afrobrasileira na Bahia, para que tenham a oportunidade de viver no ber&ccedil;o de tanta cultura e tradi&ccedil;&atilde;o que tanto influenciou o baiano. E h&aacute; muita gente ao redor do mundo interessada em conhecer este movimento diferenciado e rico como o nosso&rdquo;, disse.&nbsp;

No primeiro ciclo, as aulas do projeto tiveram disponibilizados conte&uacute;dos on-line e presencial nas localidades de Itapu&atilde; e Pelourinho. Em mar&ccedil;o, come&ccedil;am as aulas dos ciclos 2 e 3, estendendo-se para o Centro Hist&oacute;rico, Itapu&atilde;, Rio Vermelho e ilhas municipais.

A meta do projeto &eacute; capacitar no m&iacute;nimo 1 mil afroempreendedores. O p&uacute;blico-alvo &eacute; baianas, turbanteiras, tran&ccedil;adeiras, capoeiristas, artistas, designers e artes&atilde;os, gri&ocirc;s, em blocos afro e afox&eacute;s, terreiros, feirantes e ambulantes, produtores culturais, guias de turismo e em meios de hospedagem e ag&ecirc;ncias, dentre todos os outros que comp&otilde;em e fortalecem a cadeia do Turismo &Eacute;tnico Afro da cidade. As inscri&ccedil;&otilde;es estar&atilde;o abertas, em breve, no site <a href="https://www.afroestimasalvador.com.br/login/index.php" target="_blank">www.afroestimasalvador.com.br</a>.

Bruno Reis relembrou ainda da import&acirc;ncia de fornecer meios de&nbsp;a&ccedil;&atilde;o para o empreendedorismo &eacute;tnico na capital baiana. &ldquo;S&oacute; &eacute; poss&iacute;vel combater as desigualdades investindo e oferecendo oportunidades. E o turismo &eacute;tnico-afro &eacute; parte dessa estrat&eacute;gia. Estamos desenvolvendo diversas a&ccedil;&otilde;es e contando com investimentos para fazer a cidade avan&ccedil;ar&rdquo;, salientou.

A baiana de acaraj&eacute; Lindinalva Freitas, 62 anos, esteve entre os 100 alunos certificados. Ela conta que, embora esteja h&aacute; duas d&eacute;cadas no of&iacute;cio, p&ocirc;de usufruir de novos aprendizados para p&ocirc;r em pr&aacute;tica no dia a dia e melhorar os servi&ccedil;os ofertados.&nbsp;&ldquo;Aprendi muita coisa, desde no&ccedil;&otilde;es de atendimento ao cliente, marketing digital, gest&atilde;o de neg&oacute;cios. N&atilde;o tinha esses conhecimentos, nem coragem e est&iacute;mulo para adquiri-los. Mas cursos ofertados pelo AfroEstima foram nota 10&rdquo;, pontuou a quituteira, que trabalha na Avenida Centen&aacute;rio.

Para a designer de moda afro Josenice Salom&atilde;o de Jesus, 52 anos, o projeto tamb&eacute;m foi uma oportunidade de ampliar a rede de contatos e de parceiros. &ldquo;A capacita&ccedil;&atilde;o foi muito boa n&atilde;o s&oacute; para mim como para outros empreendedores que n&atilde;o sabiam mexer nas plataformas digitais e nem como se locomover diante desse novo cen&aacute;rio imposto pela pandemia. Hoje, vejo muitos colegas criando conte&uacute;dos digitais, propagandas no Canva e at&eacute; sabendo como precificar corretamente seus produtos. Tudo isso tamb&eacute;m eleva nossa autoestima&rdquo;, afirmou.

EXECU&Ccedil;&Atilde;O

As a&ccedil;&otilde;es do Plano de A&ccedil;&atilde;o para o Desenvolvimento do Turismo &Eacute;tnico-Afro come&ccedil;aram a sair do papel em julho do ano passado. Al&eacute;m do AfroEstima Salvador, foi lan&ccedil;ado o projeto AfroBiz Salvador, um hub digital que conecta a ind&uacute;stria criativa afro da cidade a consumidores e investidores. Ela funciona como uma vitrine de neg&oacute;cio, aumentando a visibilidade de afroempreendedores e colaborando para a ideia de uma cadeia produtiva unificada.&nbsp;

O cadastro na plataforma (<a href="https://www.afrobizsalvador.com.br/home">www.afrobizsalvador.com.br</a>) &eacute; gratuito. A estimativa &eacute; de que, at&eacute; a primeira metade de 2022, 2,5 mil neg&oacute;cios j&aacute; dever&atilde;o estar cadastrados no AfroBiz. Al&eacute;m da plataforma, que funciona como um marketplace de afroempreendedores, a a&ccedil;&atilde;o prev&ecirc; a realiza&ccedil;&atilde;o de tr&ecirc;s rodadas de neg&oacute;cios (duas nacionais e uma internacional) para quem estiver cadastrado na plataforma e com neg&oacute;cio j&aacute; em est&aacute;gio maduro para participar.&nbsp;

A primeira rodada de neg&oacute;cios nacional acontecer&aacute; no dia 9 de mar&ccedil;o,&nbsp;e contemplar&aacute;&nbsp;100 afroempreendedores que estar&atilde;o em contato com um m&iacute;nimo de 20 potenciais compradores de seus produtos e servi&ccedil;os. Ainda este m&ecirc;s, este grupo passar&aacute; por uma oficina de treinamento para a primeira rodada, onde aprender&atilde;o t&eacute;cnicas para apresentar seus produtos, negocia&ccedil;&atilde;o, dentre outros conte&uacute;dos que fortale&ccedil;am sua participa&ccedil;&atilde;o no evento.

NOVAS A&Ccedil;&Otilde;ES

At&eacute; o final de 2022, outras tr&ecirc;s importantes a&ccedil;&otilde;es estar&atilde;o em execu&ccedil;&atilde;o: o Salvador Capital Afro,&nbsp; grande movimento de proje&ccedil;&atilde;o da cidade como destino afro das Am&eacute;ricas, que se constitui em atos de pol&iacute;ticas p&uacute;blicas, econ&ocirc;micos, educacionais e culturais, visando posicionar Salvador como um dos principais destinos de cultura afro do mundo, atraindo os olhares para a cidade; o Guia Black, a&ccedil;&atilde;o que visa a organizar rotas tur&iacute;sticas interessantes na tem&aacute;tica afro; e Baiana Legal, cujo objetivo &eacute; fortalecer o of&iacute;cio das baianas de acaraj&eacute;, mingau e receptivo atrav&eacute;s do fornecimento de equipamentos e indument&aacute;rias para seus pontos de venda.

No final de 2021, a Prefeitura realizou o primeiro censo das baianas, um grande mapeamento das profissionais e da atividade, organizando informa&ccedil;&otilde;es sobre sua atua&ccedil;&atilde;o, necessidades e desafios, a fim de facilitar a cria&ccedil;&atilde;o de pol&iacute;ticas p&uacute;blicas que busquem valorizar e fortalec&ecirc;-las. Os resultados do levantamento ser&atilde;o divulgados at&eacute; fevereiro.&nbsp;

PARTICIPA&Ccedil;&Atilde;O

A constru&ccedil;&atilde;o do Plano de A&ccedil;&atilde;o para o Turismo &Eacute;tnico-Afro de Salvador contou com uma metodologia participativa que envolveu mais de 600 pessoas, entre profissionais do turismo afro.

O plano apontou quatro necessidades fundamentais para se alcan&ccedil;ar o objetivo desejado: fortalecer o grupo de afroempreendedores numa cadeia de valor unida e articulada; melhorar o n&iacute;vel de forma&ccedil;&atilde;o t&eacute;cnica e de gest&atilde;o entre esses empreendedores; projetar a cidade como destino afro atrativo, aut&ecirc;ntico e &uacute;nico nas Am&eacute;ricas; e mapear e criar roteiros e experi&ecirc;ncias tur&iacute;sticas afrocentradas.

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