Pacientes do Centro de Atenção Psicossocial AD (Caps AD) de Pernambués visitaram o Jardim Botânico de Salvador, localizado no bairro de São Marcos, na última sexta-feira (24/3). O contato com os oitis, árvores centenárias; subaúmas, árvores utilizadas como meio de comunicação pelos índios, por ter raízes em formato de tubos, possibilitando a comunicação entre tribos; com espécies de Pau Brasil, que deram origem ao nome do nosso país e com um espaço voltado às mudas medicinais de origem africana encantaram os visitantes.

O passeio contou com um grupo de aproximadamente 20 pessoas, entre pacientes dos grupos Superação e Mudas e Vidas, e equipe técnica especializada. A atividade teve como objetivo promover aos usuários do serviço de saúde um momento de interação e aprendizado fora da unidade, valorizando as oficinas que já ocorrem internamente.

No local, havia a presença de um instrutor, a fim de melhorar mais ainda a experiência. Todas as instruções passadas fizeram a diferença durante as práticas. Alguns bateram na subaúma para ouvir o som que a árvore transmite. Outros reconheceram as espécies medicinais, como o quioiô, cansanção, bem-me-quer e erva-cidreira. Outros ainda tocaram violão na tranquilidade da reserva de Mata Atlântica.

“Com o passeio, eles ganham autonomia para conhecer os lugares da cidade e melhoram a qualidade de vida”, contou a psicóloga e técnica de atendimento integrado, Caliandra Machado. Ela explicou que, no dia a dia, as mulheres do grupo Superação são atendidas em grupo ou individualmente na unidade.

“Fazemos discussões sobre o histórico de vida delas, como elas enxergam o uso de drogas, o que elas têm feito para mudar o padrão de uso, em que prejudica e o que pode ser feito para modificar essa relação com a droga e ter uma vida mais saudável”, completou.

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Com intuito de cuidar de pessoas imersas na depend&ecirc;ncia do &aacute;lcool e de outras drogas, a&nbsp;Secretaria Municipal de Sa&uacute;de (SMS), oferece &agrave; popula&ccedil;&atilde;o as unidades do Centro de Aten&ccedil;&atilde;o Psicossocial para &Aacute;lcool e outras Drogas (Caps AD), que integram a rede de aten&ccedil;&atilde;o psicossocial do munic&iacute;pio.

Em Salvador, existem dois espa&ccedil;os: O centro Gey Espinheira, localizado no Jardim Santo In&aacute;cio, que funciona 24 horas, com interna&ccedil;&otilde;es e atendimentos ambulatoriais. E tamb&eacute;m a unidade de Pernambu&eacute;s, localizada na Rua Conde Pereira Carneiro, 271, que abre das 8h &agrave;s 17h, de segunda a sexta, para realizar consultas e terapias com uma equipe multi e interdisciplinar de profissionais.

Na unidade de Pernambu&eacute;s atuam profissionais de diversas &aacute;reas, entre terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, cl&iacute;nicos, psiquiatras, equipe de enfermagem completa, apoiador t&eacute;cnico, farmac&ecirc;uticos, administrativo, cozinheira, servi&ccedil;os gerais e agentes da Guarda Civil Municipal (GCM).&nbsp;

Os pacientes matriculados e em situa&ccedil;&atilde;o de vulnerabilidade recebem refei&ccedil;&otilde;es di&aacute;rias. Os t&eacute;cnicos realizam a avalia&ccedil;&atilde;o, verificam a necessidade do paciente e oferecem lanche e almo&ccedil;o. Cerca de 50 refei&ccedil;&otilde;es s&atilde;o distribu&iacute;das diariamente.&nbsp;

H&aacute; 12 anos realizando tratamento no Caps Ad de Pernambu&eacute;s, o eletricista Luiz de Souza, de 49 anos, falou sobre a import&acirc;ncia dos servi&ccedil;os oferecidos no local. &ldquo;Cheguei aqui muito mal, com grandes transtornos mentais e depend&ecirc;ncia qu&iacute;mica. Eu fiquei doente de uma hora para outra e aqui recebi todo apoio poss&iacute;vel. Nesse lugar me sinto acolhido, o ambiente &eacute; maravilhoso e essencial para minha vida. Conto com isso aqui para sobreviver&rdquo;, contou.&nbsp;

REDU&Ccedil;&Atilde;O DE DANOS&nbsp;

De acordo com dados da Funda&ccedil;&atilde;o Oswaldo Cruz (Fiocruz), 46 milh&otilde;es de pessoas no pa&iacute;s consomem &aacute;lcool diariamente, correspondendo a quase 30% da popula&ccedil;&atilde;o. Dentre elas, 26 milh&otilde;es t&ecirc;m predisposi&ccedil;&atilde;o a algum tipo de depend&ecirc;ncia. Conforme o levantamento, 70% desse p&uacute;blico s&atilde;o homens e 30% mulheres. A pesquisa apontou ainda que 10% da popula&ccedil;&atilde;o sofre de alcoolismo.&nbsp;

Diante desse quadro, a coordenadora do Caps AD Pernambu&eacute;s, Jamile Oliveira, disse que o local preza pelo cuidado, prestando um servi&ccedil;o de empoderamento social e sa&uacute;de dos usu&aacute;rios. &ldquo;A l&oacute;gica da redu&ccedil;&atilde;o de danos &eacute; de extrema import&acirc;ncia. O trabalho realizado &eacute; com o objetivo de prezar pela vida do usu&aacute;rio. Entendemos que cada um traz uma hist&oacute;ria de uso diferente e atuamos a fim de mostrar as repercuss&otilde;es do uso dessas subst&acirc;ncias&rdquo;, afirmou.

Segundo ela, os pacientes precisam de um ambiente de ressocializa&ccedil;&atilde;o, para que se sintam &uacute;teis e capazes e se tornem usu&aacute;rios em reabilita&ccedil;&atilde;o, sem estere&oacute;tipos. &ldquo;Os estigmas existem, mas atuamos para o controle do uso, dando o apoio necess&aacute;rio para que o dependente possa perpassar pelos ambientes sociais, sem nenhum tipo de preconceito&rdquo;, explicou.&nbsp;

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MOTIVA&Ccedil;&Atilde;O

O atendimento acontece por demanda espont&acirc;nea e aberta. A fam&iacute;lia deve fazer o suporte de encorajamento e atuar em conjunto com a equipe. Essa intera&ccedil;&atilde;o repercute, diretamente, no processo de cuidar e na ades&atilde;o dessas pessoas. Atualmente, a unidade de Pernambu&eacute;s tem 3.475 usu&aacute;rios cadastrados, sendo 345 deles com matr&iacute;cula ativa.&nbsp;

Por for&ccedil;a da pandemia, houve um crescimento expoente do n&uacute;mero de dependentes, assim como a mudan&ccedil;a no perfil. Ainda hoje, o p&uacute;blico &eacute; majoritariamente negro, masculino, de baixa renda, em processo de vulnerabilidade social.&nbsp;

Entretanto, h&aacute; um aumento significativo de pacientes do sexo feminino, em diferentes perfis econ&ocirc;micos. Foi registrado um &iacute;ndice de 24% a mais de mulheres sendo atendidas no local, desde 2020. A coordenadora explica que o isolamento imposto pela crise sanit&aacute;ria ampliou a demanda de ingest&atilde;o de &aacute;lcool e outras drogas.&nbsp;

ACOLHIMENTO

O Plano Terap&ecirc;utico Singular (PTS) delimita o per&iacute;odo de tratamento, de acordo com a especificidade do paciente. Ap&oacute;s o acolhimento e atendimento multidisciplinar, o PTS &eacute; formulado, conforme o perfil do usu&aacute;rio. O tratamento n&atilde;o tem prazo para finaliza&ccedil;&atilde;o.&nbsp;

A alta no atendimento &eacute; dada a partir da an&aacute;lise e entendimento dos profissionais, de que h&aacute; um controle do consumo de &aacute;lcool e drogas. Existem pacientes que s&atilde;o acompanhados na unidade h&aacute; mais de 13 anos.

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