<h3 style="text-align: center;">&ldquo;Garoto abandonado da Bahia &eacute; capit&atilde;o de areia, capit&atilde;o de areia&rdquo;.</h3>

Nos &uacute;ltimos dias, o trecho da&nbsp;m&uacute;sica tem estado presente na nossa mente. N&atilde;o &eacute; mais comum navegar pelas redes sociais sem ouvir o hit - que ganhou for&ccedil;a no TikTok&nbsp;-. A reportagem do Aratu On foi atr&aacute;s da origem e descobriu que a can&ccedil;&atilde;o tem uma&nbsp;trajet&oacute;ria&nbsp;incomum e&nbsp;j&aacute; come&ccedil;a por um detalhe:&nbsp;ela n&atilde;o foi composta neste s&eacute;culo.

Pode acreditar, mas essa &eacute; uma m&uacute;sica &ldquo;cringe&rdquo;, de 1964, e que originalmente n&atilde;o possui essa batida eletr&ocirc;nica e ritmo envolvente. O primeiro int&eacute;rprete tinha 12 anos quando surgiu o &quot;Capit&atilde;o de Areia&quot;. Hoje, na casa dos 70, ele&nbsp;revelou um pouco sobre a&nbsp;can&ccedil;&atilde;o. O que ele achou de ficar &quot;estourado&quot; 58 anos depois?

Professor, m&uacute;sico, compositor e maestro, Agenor Ribeiro come&ccedil;ou sua trajet&oacute;ria como cantor em um grupo de baile, no interior do Rio de Janeiro. &ldquo;Eu sou fruto de duas fam&iacute;lias que tinham a chamada veia art&iacute;stica. Tanto pelo lado do pai, quanto da minha m&atilde;e&quot;, come&ccedil;a o maestro, ao ser entrevistado pelo Aratu On.&nbsp;

Entre m&uacute;sicos, compositores, pintores e at&eacute; mesmo um dan&ccedil;arino de tango, apenas Agenor teve uma carreira profissional de maior longevidade.

Aos seis anos, ap&oacute;s participar de um concurso de imita&ccedil;&atilde;o no programa do Palha&ccedil;o Carequinha, Ribeiro teve sua primeira experi&ecirc;ncia em televis&atilde;o. Aos 11, assumiu os vocais do grupo de bailes Klaf, ap&oacute;s a sa&iacute;da de Carlos Alberto, antigo vocalista, contratado pela gravadora CBS.

Mostrando talento&nbsp;ap&oacute;s o sucesso de Carlos Alberto, que ganhou o t&iacute;tulo de &ldquo;o Rei dos Boleros&rdquo; e resolveu ajudar o jovem cantor, Agenor foi at&eacute; a capital carioca&nbsp;para gravar um disco com duas m&uacute;sicas. Entre elas, &ldquo;Capit&atilde;o de Areia&rdquo;.

Apesar de estar no disco, a outra can&ccedil;&atilde;o&nbsp;do vinil, &ldquo;Natal de um menino pobre&rdquo;, foi escolhida pela gravadora como a m&uacute;sica a ser trabalhada nas r&aacute;dios. &ldquo;Ela n&atilde;o fez sucesso na &eacute;poca, porque n&atilde;o era a m&uacute;sica trabalhada&rdquo;.

Feito pela gravadora Philips, um detalhe curioso do disco &eacute; que o diretor da gravadora era Jo&atilde;o Ara&uacute;jo, pai de Agenor de Miranda Ara&uacute;jo Neto, que anos mais tarde ficaria conhecido como Cazuza.&nbsp;

O garoto foi crescendo e continuou sua trajet&oacute;ria na m&uacute;sica. Integrou o Coro da Orquestra Sinf&ocirc;nica Nacional, estudou m&uacute;sica, foi professor&nbsp;e seguiu compondo. Al&eacute;m de ter trabalhado na mesma escola em que Anitta estudou (ainda que&nbsp;n&atilde;o se recorde se deu aulas para ela), Agenor&nbsp;participou&nbsp;da can&ccedil;&atilde;o &ldquo;Muito Rom&acirc;ntico&rdquo;, de Caetano Veloso.&nbsp;

Perguntado sobre como foi se ouvir crian&ccedil;a ap&oacute;s 58 anos, Agenor foi bem sincero. &rdquo;O sentimento de ouvir essa m&uacute;sica n&atilde;o d&aacute; para explicar. &Eacute; um sentimento pat&eacute;tico, n&atilde;o d&aacute; para entender&rdquo;, revela. &nbsp;

CONFIRA A VERS&Atilde;O ORIGINAL DA CAN&Ccedil;&Atilde;O

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COMO A &quot;CAPIT&Atilde;O DE AREIA&quot; FOI PARA O TOPO?

Al&eacute;m do maestro Agenor,&nbsp;outro personagem &eacute; importante na trajet&oacute;ria da m&uacute;sica rumo ao sucesso: o DJ Rodrigo Vellutini. Antes de viralizar em terras brasileiras, a can&ccedil;&atilde;o explodiu na R&uacute;ssia&nbsp;tamb&eacute;m por conta das redes sociais.&nbsp;Ela come&ccedil;ou a ganhar visibilidade ap&oacute;s um youtuber russo, Marmok, us&aacute;-la como trilha em suas gameplays de Counter Strike (esse joguinho os brazucas ra&iacute;zes conhecem).

&ldquo;O projeto Afterclapp surgiu mais ou menos em 2016 e a ideia era que fosse meio que um projeto de hip hop, com m&uacute;sicas antigas, can&ccedil;&otilde;es esquecidas e colocando os beats. Com o tempo, isso foi evoluindo para a m&uacute;sica brasileira porque nossa m&uacute;sica &eacute; muito rica e l&aacute; fora a galera pira na m&uacute;sica brasileira&rdquo;, contou Rodrigo ao Aratu On.&nbsp;

A vers&atilde;o que fez sucesso &eacute; um remix eletr&ocirc;nico da can&ccedil;&atilde;o gravada por Agenor, l&aacute; em 1964. Atrav&eacute;s de seu projeto, Afterclapp, que, al&eacute;m de m&uacute;sicas autorais, apresenta remixes de diversas can&ccedil;&otilde;es de artistas nacionais, como Caetano Veloso e Luiz Gonzaga, o artista divulga seus projetos nas plataformas de streaming de m&uacute;sicas, como o SoundClound. A can&ccedil;&atilde;o foi para as paradas de sucesso no pa&iacute;s e virou febre nas redes sociais.

Aqui no Brasil, anos antes, outros capit&atilde;es, os &ldquo;DA&rdquo; areia, conquistaram o p&uacute;blico. Nesse caso, nada de m&uacute;sica, mas&nbsp;um livro escrito por Jorge Amado. Para os millenials que n&atilde;o tenham lido, a hist&oacute;ria conta a trajet&oacute;ria de um grupo de crian&ccedil;as &oacute;rf&atilde;s e abandonadas, que vivem em um casar&atilde;o velho, na regi&atilde;o de S&atilde;o Joaquim.

O protagonista, Pedro Bala (pode associar ao Peter Pan, se quiser), &eacute; o l&iacute;der dos capit&atilde;es da areia, como se chama o grupo. Na literatura, o grupo acaba realizando diversos furtos e golpes para poder sobreviver (nada diferente da can&ccedil;&atilde;o de agora, que existe para roubar nossas mentes).&nbsp;

A verdade &eacute; que tanto o livro de Jorge Amado&nbsp;quanto a m&uacute;sica cantada por seu Agenor e mixada por Rodrigo&nbsp;ganhou os cora&ccedil;&otilde;es dos russos. Inclusive, a tradu&ccedil;&atilde;o do conto do escritor baiano &eacute; um dos livros preferidos do presidente&nbsp;Vladimir Putin. Al&eacute;m disso, uma adapta&ccedil;&atilde;o do cinema norte-americano da d&eacute;cada de 60 &eacute; sucesso por l&aacute;.

Perguntado sobre onde descobriu a m&uacute;sica &ldquo;Capit&atilde;o&nbsp;de Areia&rdquo;, Rodrigo revelou que foi por meio de outro DJ, que &eacute; muito f&atilde;. &ldquo;O DJ DubStrong veio tocar em um festival aqui em Florian&oacute;polis. Ele me entregou um CD que tinha gravado s&oacute; com m&uacute;sicas relacionadas a umbanda, com ra&iacute;zes bem brasileiras. A segunda era Capit&atilde;o&nbsp;de Areia, eu estava ouvindo no carro, parei e pensei &lsquo;caramba, essa m&uacute;sica &eacute; muito boa, acho que d&aacute; pra fazer alguma coisa com ela&rsquo;&quot;.&nbsp;

CONFIRA A VERS&Atilde;O REMIX DA CAN&Ccedil;&Atilde;O

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H&aacute; curiosidade no caminho da can&ccedil;&atilde;o &ldquo;Capit&atilde;o&nbsp;de Areia&rdquo;, seja por ser uma can&ccedil;&atilde;o brasileira que primeiramente fez um baita sucesso no estrangeiro antes de explodir por aqui, ou mesmo por ter virado um hit muitos anos depois de lan&ccedil;ada. Como uma bomba de efeito retardada, n&atilde;o programada para detonar, talvez a chave para esse sucesso todo seja a uni&atilde;o de passado e futuro, atrav&eacute;s da internet.

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