Era só passar o Carnaval para que grupos de amigos - em diferentes pontos de Salvador - já começassem a se organizar, com antecedência, para o São João. No início dos anos 2000, ou mesmo na primeira metade da segunda década deste século XXI, as festas juninas privadas, com artistas do momento e regadas de bebida à vontade, eram destinos disputados.
Cruz das Almas, Amargosa, Jequié, Senhor do Bonfim... Todas elas (mas não só) eram conhecidas por atraírem, nesse período, visitantes baianos e de fora do estado para curtir festas como o Forró do Bosque, Forró do Piu-Piu, Forró da Margarida e o Sfrega, respectivamente. Era comum, por exemplo, ver concentrações de vans e ônibus "bate-volta" na capital, rumo ao interior, exclusivamente para tais eventos.
Mas, nos últimos anos, as festas particulares perderam força. O Forró da Margarida, em Jequié, por exemplo, fez sua última edição em 2015. Outras, como o Piu-Piu (Amargosa) e o Bosque (Cruz das Almas), sentiram os efeitos da pandemia de Covid-19 e não são realizadas desde 2022.
O Piu-Piu 2023 chegou a ser anunciado, mas foi cancelado a um mês do evento. À época, um comunicado foi compartilhado nas redes sociais: "A produção precisará dar uma pausa no evento e aproveita para agradecer ao público, a todos os parceiros e às bandas. O Forró do Piu-Piu retornará em 2024, com uma festa ainda mais bonita, completa e trazendo toda a energia do São João". O retorno, porém, não ocorreu.
O Sfrega (Senhor do Bonfim) realizou edição em 2023, mas o mesmo não acontecerá este ano. No último mês de abril, o empresário Paulinho Sfrega, fundador do evento, escreveu no Instagram que era "hora de embarcar em uma nova jornada de reinvenção", e agradeceu a todos que fizeram parte da festa ao longo de 24 anos.
No comunicado oficial do evento, disse que há, no momento, um "desafio único" o qual a organização lutou "incansavelmente" para reverter, "sêm exito": "as principais atrações que sempre nos encantaram estão comprometidas com outras agendas, contratadas pelas prefeituras do Nordeste inteiro para os festejos juninos".
"Apesar desse obstáculo, não perdemos a esperança. Olhamos para frente com determinação, sabendo que nossa história de sucesso é apenas o começo. Enquanto aguardamos ansiosasmente por melhores momentos, estamos explorando todas as possibilidades para trazer de volta o Sfrega em 2025, renovado e ainda mais incrível", diz ainda o texto. <a href="https://www.instagram.com/p/C51DIZCLmV1/" target="_blank" rel="noopener">Veja aqui</a>.
RESISTÊNCIA
Na contramão dos ciclos encerrados, o TicoMia, em Ibicuí, a cerca de 460 km de Salvador, é praticamente a única grande festa de São João privada realizada este ano, na Bahia. O evento - que surgiu há 37 anos - acontece neste sábado (22/6) com as seguintes atrações: Batista Lima, Eric Land, Tarcísio do Acordeon, Dorgival Dantas, Xand Avião, Luan Estilizado, Lordão e Otávio Mateus.
Para entender mais sobre a festa, as dificuldades e o fato de resistir em meio a tantos cancelamentos, o Aratu On conversou com o empresário Raul Dourado, um dos organizadores do TicoMia, que acredita que não existe um fato isolado responsável pelos fins das festas.
"Acho que evento, de uma forma geral, tornou-se algo que está sendo muito difícil de fazer, por questões financeiras, principalmente, e isso é atribuído a outros fatores. Acho que o mercado de eventos, de uma forma geral, está enfrentando uma uma crise. Me arrisco a dizer que uma das maiores da história. E há um investimento muito alto dos eventos públicos, principalmente este ano, por se tratar de um ano político [de eleições]", diz Dourado.
Ele pontua que fazer evento, hoje em dia, está muito caro, o que inclui custos com fornecedores, atrações, e impostos. "Por conta do setor público, as bandas acabaram aumentando demasiadamente os valores. Bandas que pagamos R$ 180 mil, ano passado, este ano estavam a R$ 300 mil. Os preços dos fornecedores, também (sonorização, iluminação, gerador, segurança) subiram muito e você não consegue passar esse aumento para o cliente no valor do ingresso, senão a festa fica inviável. Acho que tudo isso reunido veio ocasionando os cancelamentos", acrescenta.
Quando questionado sobre como o TicoMia vem conseguindo se manter, ele destaca que a festa, desde o seu surgimento, "vem construindo um conceito que as pessoas abraçaram, que é o da valorização da cultura, da tradição do forró e do São João do Nordeste":
"A gente sempre apostou muito nisso. Inclusive, muitas vezes, a gente foi até criticado, porque as pessoas buscam bandas maiores, cantores sertanejos e até de axé, pagode, e a gente nunca foi muito para esse lado comercial. Sempre apostamos muito na tradição, mesmo que, às vezes, remando contra a maré".
O foco, ainda de acordo com o empresário, é a qualidade do evento de forma geral, e não apenas as atrações. "É o cliente chegar e ser bem atendido, ter um produto de qualidade, uma cerveja gelada, uma carne gostosa, um acarajé bom, um licor bom... A gente sempre preza por esses detalhes porque, no final das contas, é o que faz a diferença", frisa.


[caption id="attachment_345400" align="alignnone" width="700"]<img class="wp-image-345400" src="https://aratuon.com.br/wp-content/uploads/2024/06/tico-mia-raul-dourado.png" alt="" width="700" height="445" /> Foto: Reprodução/Instagram[/caption]

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Dourado analisa ainda que, atualmente, há grandes shows gratuitos nas cidades, nessa época, o que também impacta na menor procura de festas fechadas. "Hoje você tem shows muito melhores na praça pública. A pessoa pensa 'por que vou no evento privado, pagar R$ 500 para ver o show de tal banda, sendo que posso ver o mesmo show na praça pública?'. É preciso ter um diferencial, para que as pessoas tenham vontade de ir ao evento pelo que ele vai proporcionar de experiência, diversão e qualidade do serviço", continua.
O empresário revela também que o TicoMia não tem uma receita grande em relação a patrocínio. "Basicamente, nosso único patrocinador deste ano é a Ambev, com a Brahma", cita. Mas a maior parte da receita, afirma, é da própria venda de ingressos. "A expecativa de público total (pagantes e cortesias) é em torno de 14 mil pessoas", conclui.
Acompanhe nossas transmissões ao vivo no <a href="http://www.aratuon.com.br/aovivo">www.aratuon.com.br/aovivo</a>. 

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O "São JuOn" está percorrendo municípios da Bahia que realizam o São João para passar as melhores dicas para você. Depois de passar por Amargosa, Cruz das Almas, Riachão do Jacuípe, Santo Antônio de Jesus e Senhor do Bonfim, continuamos nossa “tour” e desembarcamos em Ibicuí, um dos destinos preferidos do público mais jovem, que lota o "Brega Light", festa privada da região.
Como chegar
- Carro: a cerca de 520 quilômetros de Salvador, é possível traçar dois caminhos, saindo da capital baiana, de carro. A viagem dura de sete a oito horas.
1º roteiro: pela BR-324, passando pela Rodovia Engenheiro Vasco Filho, e entrando na BR-116 pela Rodovia Santos Dumont. O viajante vai passar por mais de um pedágio, gastando aproximadamente R$ 23. Esse trajeto dura pouco mais de 7 horas.
2º roteiro: também passando pe4la BR-324, nesse percurso, em vez de o motorista seguir pela BR-116, vai pegar a BR-101. Há um pedágio, no valor de R$ 6,40, e a viagem dura 7h e 40min.
- Ônibus: a empresa de viação <a href="https://www.aguiabranca.com.br/" target="_blank" rel="noopener">Águia Branca</a> realiza viagens para Ibicuí, saindo de Salvador no período da noite, por volta das 20h30. As passagens custam a partir de R$ 156,18.
- Carro + ferry boat: há ainda a possibilidade de atravessar de Salvador à Ilha de Taparica, via ferry, e pegar a BR-101 até Ibicuí. Essa viagem dura aproximadamente 8 horas.
Onde ficar
Os donos de imóveis alugam suas casas para suprir a alta demanda de procura por hospedagem na cidade nesta época. Além disso, o município possui hoteis e pousadas. Veja, abaixo, algumas opções:
- Pousada Vista da Serra: Rua D. Pedro II, 1 - Guarani, Ibicuí - BA, 45290-000
Telefone: (73) 3272-2372
- Pousada São Rafael: R. Juraci Magalhães, 448 - Centro, Ibicuí - BA, 45290-000
Telefone: (73) 98136-3216
Festa na praça
O São João de Ibicuí contará com vila junina e diversas atrações musicais de 22 a 26 de junho. Entre os nomes confirmados estão Solange Almeida, Simone Mendes, Lucy Alves, Batista Lima e Priscila Senna.
Brega Light
A festa, também conhecida como "O maior brega do mundo", será realizada nos dias 23 e 25 de junho, sexta e domingo, respectivamente. Na sexta, os shows começam às 20h e sobem ao palco os seguintes artistas: Henrique e Juliano, Nattan, La Furia, Trio da Huanna e KVSH; no domingo, a partir das 13h, é a vez de Zé Neto e Cristiano, Léo Santana, Dennis DJ, Hugo e Guilherme e Tomate se apresentarem.
Os ingressos custam a partir de R$ 170 (arena/sexta) e também há opção de passaporte para os dois dias. Mais informações podem ser conferidas no <a href="https://www.guicheweb.com.br/brega-light_22193" target="_blank" rel="noopener">Guichê Web</a>
História
Até 1913, o território de Ibicuí era coberto por matas virgens habitadas pelos índios pataxós. Nesse mesmo ano, chegou ao município José Veiga, Marcelino Silva Novo e suas famílias, vindos das caatingas de Poções, e se instalaram nas zonas do Rio Novo e do Riacho de Areia, onde ocorreram os primeiros desmatamentos para formação de pastagem e cultivo das lavouras de milho, feijão, mandioca, fumo e café. Em 1916, Francisco Almeida construiu a primeira casa no local, na "Rua Apertada", atual rua 12 de Dezembro
Veja também: <a href="https://aratuon.com.br/interior/2023-05-23/sao-joao-em-cruz-das-almas-confira-atracoes-e-dicas-de-como-chegar-e-onde-ficar/" target="_blank" rel="noopener">São João em Cruz das Almas: confira atrações e dicas de como chegar e onde ficar</a>
Já em 1920, o padre Pithon, tomando posse das terras da região de Riacho de Areia, realizou a primeira missa em Rio Novo do Guarani, celebrando o surgimento daquela cidade. No mesmo ano começaram os primeiros plantios de cacau, que pouco depois foram abandonados devido à dificuldade de acesso à lavoura e ao transporte, além de agravados pela falta de mão de obra.
Foi só em 1942, quando ainda pertencia a Poções, o então distrito de Guarani passou a se chamar Ibicuí, que quer dizer Terra de Areia em Tupi- Guarani. Essa mudança foi realizada porque já existia um município chamado "Guarani" no estado de Minas Gerais. Então, no dia 12 de dezembro de 1952, o então governador Régis Pacheco sancionou a lei nº 512, que elevou Ibicuí à categoria de cidade. Assim, Ibicuí completou, no último 12 de dezembro de 2022, 70 anos de emancipação.
*Com informações da <a href="https://www.al.ba.gov.br/midia-center/noticias/2326#:~:text=Em%201942%2C%20quando%20ainda%20pertencia,conta%20o%20representante%20do%20PTB." target="_blank" rel="noopener">AL-BA</a>

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