Que Salvador &eacute; taxada como a cidade do Ax&eacute; Music e do Pagod&atilde;o, todo mundo t&aacute; cansado de saber, mas diversos outros g&ecirc;neros musicais e ritmos arrastam multid&otilde;es, e n&atilde;o &eacute; diferente com o rock e suas variadas vertentes. A prova &eacute; a rela&ccedil;&atilde;o entre o p&uacute;blico baiano e a banda Sepultura, uma das maiores refer&ecirc;ncias em metal, que tem apresenta&ccedil;&atilde;o marcada nesta quinta-feira (12), na Concha Ac&uacute;stica do TCA.

O show, que come&ccedil;a &agrave;s 19h, integra a programa&ccedil;&atilde;o da turn&ecirc; de despedida do grupo, que vai rodar os quatro cantos do planeta nos pr&oacute;ximos dois anos. O<a href="http://aratuon.com.br" target="_blank"> Aratu On</a> conversou com o guitarrista Andreas Kisser e, dentre os temas abordados, o m&uacute;sico falou sobre as raz&otilde;es para o t&eacute;rmino do Sepultura, a rela&ccedil;&atilde;o da banda com a Bahia e a ideia por tr&aacute;s da turn&ecirc;.

+&nbsp;<a href="https://aratuon.com.br/especiais/dia-de-rock-e-todo-dia-documentario-original-expoe-forca-dificuldade-e-futuro-do-rock-em-salvador" target="_blank">&#39;Dia de Rock &eacute; Todo Dia&#39;: document&aacute;rio original exp&otilde;e for&ccedil;a, dificuldade e futuro do rock em Salvador</a>

<h2>Hora de parar</h2>

Al&eacute;m de Andreas, respons&aacute;vel pelas guitarras, o Sepultura &eacute; composto por Derrick Green (vocais), Greyson Nekrutman (bateria) e Paulo Xisto Jr (baixo), que &eacute; o &uacute;nico membro remanescente da primeira forma&ccedil;&atilde;o da banda, em 1984. O t&eacute;rmino foi anunciado em dezembro de 2023, mesmo ap&oacute;s o lan&ccedil;amento do disco &ldquo;Quadra&rdquo; (2020), que foi bem elogiado por f&atilde;s e cr&iacute;tica.

<img alt="" src="https://storage.googleapis.com/aratu-backend/fotos/aratu_noticias/128465/mg/sepult.jpg" style="width: 1024px; height: 1024px;" />Da esquerda para a direita: Andreas, Greyson, Paulo e Derrick. Foto: Instagram @sepultura

Para Kisser, a escolha de parar no auge&nbsp;foi uma escolha pensada para encerrar as atividades da melhor maneira poss&iacute;vel.

&ldquo;Foi justamente pelo bom momento, o &aacute;libi de 40 anos, que &eacute; uma marca super importante. E, nesse tempo, a gente conseguiu se adaptar &agrave;s mudan&ccedil;as tecnol&oacute;gicas, n&atilde;o somente [as altera&ccedil;&otilde;es] na banda, em termos de m&uacute;sicos, empres&aacute;rios, gravadoras. Sempre nas mudan&ccedil;as, o Sepultura buscou o caminho do presente, dos elementos que a gente tinha em m&atilde;os, ao inv&eacute;s de tentar copiar coisas do passado. E &eacute; um privil&eacute;gio poder parar no melhor momento, n&atilde;o precisa esperar briga, ou estar muito velho ou doentes para parar. &Eacute; uma maneira fant&aacute;stica de falar um &#39;tchau&#39; e dar um agradecimento a todos os f&atilde;s que mantiveram essa banda relevante por tanto tempo&rdquo;.

Considerada uma das maiores bandas do segmento metal de todo o planeta, &eacute; &oacute;bvio que o Sepultura, em seu encerramento, iria tocar em diversos pa&iacute;ses, seja novamente&nbsp;ou pela primeira vez, conforme brinca Andreas. &ldquo;A gente n&atilde;o tem motivo nenhum para sair correndo. Ainda temos dois anos [de turn&ecirc;] adiante, para ir em muitos lugares. A gente quer fazer o m&aacute;ximo poss&iacute;vel&quot;, afirmou.

Ao todo, o Sepultura vendeu cerca de <a href="https://www.sepultura.com.br/pt/albums" target="_blank">20 milh&otilde;es de c&oacute;pias de seus &aacute;lbuns</a>&nbsp;em todo o mundo, especialmente os considerados cl&aacute;ssicos como &quot;Arise&quot; (1991), &quot;Chaos A.D.&quot; (1993) e &quot;Roots&quot; (1996).&nbsp;

<h2>Celebrando a Vida Atrav&eacute;s da Morte</h2>

Batizada como <a href="https://www.sepultura.com.br/pt/tour" target="_blank">&ldquo;Celebrating Life Through Death&rdquo;</a>&nbsp;- em tradu&ccedil;&atilde;o livre, &ldquo;Celebrando a Vida Atrav&eacute;s da Morte&rdquo; -,&nbsp;a turn&ecirc; de encerramento traz uma nova vis&atilde;o sobre a morte, tema que &eacute; recorrente nas can&ccedil;&otilde;es de death metal. De acordo com o guitarrista, a turn&ecirc; &eacute; a oportunidade de falar sobre um tema que n&atilde;o &eacute; t&atilde;o debatido na sociedade, especialmente brasileira.&nbsp;

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&ldquo;Respeitando a finitude, a gente tem um presente muito mais intenso, uma vida muito mais intensa. A gente vai fazer coisas agora e n&atilde;o vai deixar para amanh&atilde;. Para falar eu te amo, dar um abra&ccedil;o a um amigo ou resolver um problema com um parente distante, n&eacute;? Voc&ecirc; vai viver o momento, vai resolver as coisas enquanto voc&ecirc; t&aacute; vivo. Ent&atilde;o essa turn&ecirc; tem muito a ver com esse sentimento tamb&eacute;m, sabe, de respeito a finitude&rdquo;.
</blockquote>

A tem&aacute;tica foi pensada ap&oacute;s Andreas vivenciar o luto da pr&oacute;pria esposa, Patr&iacute;cia Kisser, v&iacute;tima de um c&acirc;ncer de c&oacute;lon em 2022. &ldquo;Eu tive a experi&ecirc;ncia da minha esposa, que faleceu de c&acirc;ncer h&aacute; dois anos e meio, e todo esse processo da quimioterapia, do hospital, do cuidado paliativo, dos &uacute;ltimos momentos, naquele momento de escolha. Eu comecei a ter muitas d&uacute;vidas, em rela&ccedil;&atilde;o a ser cidad&atilde;o brasileiro e lidar com esse tipo de situa&ccedil;&atilde;o. Porque as pessoas n&atilde;o falam de morte aqui no pa&iacute;s, n&atilde;o falam de eutan&aacute;sia, n&atilde;o fala de suic&iacute;dio assistido, de cuidados paliativos. Ent&atilde;o tem um monte de gente sofrendo, um monte de gente morrendo e as pessoas n&atilde;o sabem lidar muito com isso. E eu percebi que a gente precisa falar de morte&rdquo;.

<img alt="" src="https://storage.googleapis.com/aratu-backend/fotos/aratu_noticias/128465/mg/andreas pat.jpg" style="width: 1024px; height: 694px;" />Patr&iacute;cia e Andreas. Foto: Instagram

Apesar da perda causar dor, Kisser afirma que a morte &eacute; a &quot;&uacute;nica certeza que a gente tem&quot;&nbsp;e, como algo inevit&aacute;vel, n&atilde;o deveria ser temida, mas acolhida, afinal &ldquo;a vida &eacute; isso, a vida &eacute; morte&rdquo;, afirma, completando em seguida: &ldquo;espero que a turn&ecirc; do Sepultura tamb&eacute;m possa inspirar os nossos f&atilde;s a pelo menos pensarem no assunto e falar com seus familiares sobre isso, sabe. Tem muita gente sofrendo, n&atilde;o sabendo aonde buscar conforto. Onde buscar solu&ccedil;&atilde;o sobre problemas, atrav&eacute;s da medicinam do cuidado paliativo, principalmente&rdquo;.

<h2>Sepultura e Salvador</h2>

<img alt="" src="https://storage.googleapis.com/aratu-backend/fotos/aratu_noticias/128465/mg/WhatsApp Image 2024-12-09 at 11.01.58..jpg" style="width: 1024px; height: 1024px;" />Andreas e Paulo passando o som na Concha Ac&uacute;stica, em 1996. Foto: Facebook/Sepultura

Quando perguntado sobre a hist&oacute;ria da banda com Salvador, Andreas Kisser lembra de diversos epis&oacute;dios, a exemplo de apresenta&ccedil;&otilde;es em festivais, shows na Concha Ac&uacute;stica (palco da apresenta&ccedil;&atilde;o desta quinta-feira), al&eacute;m da proximidade com um famoso artista baiano.

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&ldquo;Salvador tem uma hist&oacute;ria sensacional com o Sepultura, desde o <a href="https://www.youtube.com/watch?v=F_6IjeprfEs&amp;pp=ygUVY2xpcGUgcm9vdHMgc2VwdWx0dXJh" target="_blank">videoclipe da &#39;Roots&#39;</a> (1996), que a gente fez a&iacute;, a pr&oacute;pria participa&ccedil;&atilde;o do <a href="https://aratuon.com.br/cultura/carlinhos-brown-inicia-venda-de-ingressos-para-show-especial-axe-40-no-candyall" target="_blank">Carlinhos Brown</a> no &aacute;lbum. Teve um&nbsp;<a href="https://www.youtube.com/watch?v=_R1KOcnIyBA" target="_blank">Festival de Ver&atilde;o</a> (2004) que caiu um temporal, foi um dos maiores shows que a gente fez. Todos os shows da Concha, o da turn&ecirc; &#39;Arise&#39;, que foi transmitido pela TV e t&aacute; dispon&iacute;vel no <a href="https://youtu.be/VK3FeTZCee4" target="_blank">Youtube</a>. Ent&atilde;o tem muita coisa boa para lembrar&rdquo;.
</blockquote>

<img alt="" src="https://storage.googleapis.com/aratu-backend/fotos/aratu_noticias/128465/mg/WhatsApp Image 2024-12-09 at 11.14.36..jpg" style="width: 1024px; height: 683px;" />Membros do Sepultura e do Angra com Carlinhos Brown, no Carnaval de 2016. Foto: X @carlinhosbrown

Outro momento marcante na hist&oacute;ria do Sepultura que envolve Salvador e Carlinhos Brown foi a participa&ccedil;&atilde;o do grupo&nbsp;<a href="https://aratuon.com.br/cultura/hoje-e-dia-de-rock-bebe-aceitacao-do-publico-e-unanime-com-angra-e-sepultura-no-camarote-andante-de-carlinhos-brown" target="_blank">no Camarote Andante, durante o Carnaval de 2016</a>. Na ocasi&atilde;o, o Cacique do Candeal&nbsp;reuniu Andreas, Paulo, Derrick e Eloy Casagrande -&nbsp;ent&atilde;o baterista da banda, atualmente no Slipknot -&nbsp;com outro grupo famoso do rock, o Angra. Levando um som pesado e uma multid&atilde;o de &#39;camisas pretas&#39; para a Avenida, a participa&ccedil;&atilde;o marcou o guitarrista, que ainda deixou no ar uma nova participa&ccedil;&atilde;o na maior festa popular do planeta.

&quot;Foi lindo, isso &eacute; maravilhoso, &eacute; Brasil, essa mistura, esse respeito &agrave;s diferen&ccedil;as. O Carlinhos Brown &eacute; um cara maravilhoso, um artista nato, destemido de trazer coisas e elementos novos, assim como a gente. Espero, quem sabe, a gente tem mais dois anos pela frente, quem sabe n&atilde;o rola mais um&quot;, sugere o m&uacute;sico.

<h2>Apresenta&ccedil;&atilde;o</h2>

Os ingressos para o show desta quinta, na Concha Ac&uacute;stica, &agrave;s 19h, est&atilde;o nas &uacute;ltimas unidades e podem ser adquiridos apenas no site&nbsp;<a href="https://www.bilheteriadigital.com/sepultura-celebrating-life-through-death-salvador-12-de-dezembro?gad_source=1&amp;gclid=CjwKCAiAjeW6BhBAEiwAdKltMlzwFVCCs8768UWq-FXE0kmnHYqN62qxzN4t2usT9LAT1nF39G40QBoCj18QAvD_BwE" target="_blank">Bilheteria Digital</a>, variando entre R$ 130 e R$ 260. No repert&oacute;rio da apresenta&ccedil;&atilde;o est&atilde;o hits como &quot;Ratamahatta&quot;, &quot;Roots Bloody Roots&quot;, &quot;Refuse/Resist&quot;, &quot;Arise&quot;, al&eacute;m de &quot;Kaiowas&quot;, can&ccedil;&atilde;o em que o p&uacute;blico tamb&eacute;m participa da apresenta&ccedil;&atilde;o subindo ao palco e tocando instrumentos de percuss&atilde;o.

O show na capital baiana, somado ao que acontecer&aacute; em Recife, no s&aacute;bado (14), encerram as apresenta&ccedil;&otilde;es de 2024, algo &ldquo;emblem&aacute;tico&rdquo;, segundo Andreas.

&ldquo;Salvador e Recife, os dois &uacute;ltimos shows do ano. Duas cidades muito importantes na nossa hist&oacute;ria e &eacute; muito emblem&aacute;tico terminar esse ano t&atilde;o especial nessas cidades, que t&ecirc;m uma hist&oacute;ria muito linda com a gente&rdquo;, finalizou o artista.

Tudo sobre: Andreas Kisser

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