Bahia registra 97 feminicídios entre janeiro e início de dezembro

Bahia registra 97 casos de feminicídio entre janeiro e início de dezembro; vítimas tem entre 30 a 34 anos

Por Laraelen Oliveira.

A Bahia registrou 97 casos de feminicídio entre janeiro e 8 de dezembro de 2025, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP-BA). O número revela a permanência da violência de gênero em diferentes regiões do estado ao longo do ano, com maior concentração de ocorrências nos meses de abril e novembro.

Salvador lidera o ranking de municípios com mais registros, totalizando dez feminicídios. Em seguida aparecem Feira de Santana, com cinco casos, e Camaçari, com quatro. Os dados reforçam que a violência contra mulheres não se restringe ao interior ou à capital, mas se distribui de forma ampla pelo território baiano.

Desde 2015, o feminicídio é tipificado no Brasil como homicídio qualificado, com penas mais severas quando o crime ocorre por menosprezo ou discriminação à condição de mulher/Foto: Reprodução

O crime mais recente ocorreu no dia 6 de dezembro, em Luís Eduardo Magalhães, no oeste do estado. A jovem trans Rhianna Alves, de 18 anos, foi morta com um golpe conhecido como “mata-leão”. O suspeito, Sérgio Henrique Lima dos Santos, de 19 anos, apresentou-se à delegacia com o corpo da vítima e foi inicialmente liberado após alegar legítima defesa. A condução do caso gerou repercussão nacional e críticas de entidades de direitos humanos, especialmente diante da liberação do suspeito, que acabou preso e indiciado quatro dias depois.

Perfil das vítimas revela desigualdades

A análise dos dados mostra que mulheres entre 30 e 34 anos são as principais vítimas de feminicídio no estado, representando 16,5% dos casos. As faixas etárias de 35 a 39 anos e de 40 a 44 anos aparecem logo em seguida, ambas com 15,5%. O recorte etário indica que a violência atinge majoritariamente mulheres em idade economicamente ativa, muitas vezes inseridas em relações afetivas ou familiares marcadas por dependência econômica e ciclos de agressão.

A Lei Maria da Penha prevê afastamento do agressor, proibição de contato e proteção policial, mas muitas mulheres não conseguem acesso rápido ou efetivo a essas medidas/Foto: Jonathan Lins/Secom

O levantamento também evidencia o recorte racial da violência. A maioria das vítimas é parda (61,86%), seguida por mulheres pretas (14,46%) e brancas (4,12%). Mulheres indígenas representam 1,03% dos casos, enquanto em 18,56% dos registros não há informação sobre cor ou raça. 

Violência de gênero no país 

Embora dados do IBGE indiquem que homens morrem mais do que mulheres no Brasil em números absolutos, o feminicídio se diferencia por sua motivação, o assassinato ocorre em razão do gênero da vítima, geralmente associado a relações de poder, controle e violência doméstica. Para pesquisadores da área, comparar os dados sem esse recorte pode invisibilizar a especificidade da violência contra mulheres.

O aumento da sensação de insegurança no estado também se reflete em outras áreas do cotidiano. Iniciativas recentes, como o lançamento de novos recursos em aplicativos para bloqueio e recuperação de celulares roubados, surgem como resposta a um ambiente marcado por crimes frequentes. Ainda assim, especialistas alertam que medidas tecnológicas não substituem políticas estruturais de prevenção à violência e fortalecimento da rede de proteção.

Diante do cenário, organizações feministas e de direitos humanos reforçam a necessidade de investimentos contínuos em educação, acolhimento às vítimas, investigação qualificada e responsabilização dos agressores.

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