Dentistas podem conseguir permissão para fazer cirurgias plásticas

O presidente do CFO, Claudio Miyake, disse que a autorização será gradual

06/03/2025 10h15

Seis anos após a autorização para a realização de harmonização orofacial com toxina botulínica (botox) e ácido hialurônico, os dentistas estão prestes a obter permissão para realizar cirurgias plásticas no rosto de pacientes. A medida está em fase final de elaboração pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO) e inclui procedimentos como rinoplastia, lifting facial, alectomia, otoplastia, blefaroplastia e queiloplastia. As informações foram divulgadas pelo site Viva Bem, do Uol.

A rinoplastia, procedimento que altera a estrutura do nariz, é um dos mais aguardados e ocupa a quarta posição no ranking das cirurgias plásticas mais procuradas no Brasil, de acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética. Outros procedimentos, como o lifting facial (para atenuar os sinais de envelhecimento) e a otoplastia (para correção de "orelha de abano"), também estão entre as técnicas que podem ser liberadas.

O presidente do CFO, Claudio Miyake, disse, em entrevista ao Uol. que a autorização será gradual e exigirá adaptações na infraestrutura dos consultórios odontológicos. "A nova habilitação é uma evolução", afirmou Miyake, referindo-se à autorização de 2019 para a realização de harmonização orofacial. Ele ressaltou que a decisão só foi possível após anos de estudos e experimentações, garantindo a segurança dos procedimentos.

A rinoplastia, procedimento que altera a estrutura do nariz, é um dos mais aguardados. | Foto: Ilustrativa/Pexels

A liberação para as cirurgias plásticas responde a uma demanda crescente dos próprios dentistas, que desde 2019 têm se dedicado ao segmento estético. Dados do CFO revelam que o número de dentistas especializados em harmonização orofacial saltou de 908 em 2021 para mais de 4.000 em 2023. Miyake classificou o aumento do interesse na área como um "fenômeno" entre os cirurgiões-dentistas. Atualmente, o CFO registra 426 mil profissionais.

No entanto, a expansão das atribuições dos dentistas gerou preocupação no Conselho Federal de Medicina (CFM), que já questiona na Justiça a resolução do CFO que reconhece a harmonização orofacial como especialidade odontológica. Em nota, o CFM alertou que "os avanços das demais profissões da área da saúde sobre os atos privativos do médico colocam em risco a saúde e a vida da população".

Para realizar os novos procedimentos, os dentistas precisarão comprovar especialização por meio de cursos com carga horária mínima, a ser definida pelo CFO. Além disso, o Conselho criará registros de especialidades, adotando um modelo semelhante ao do CFM. Cursos de pós-graduação, como o oferecido pela Faculdade do Centro Oeste Paulista (Facop), com 1.481 horas/aula e duração de dois anos, já estão disponíveis.

A expectativa é que as primeiras habilitações sejam concedidas em breve, embora Miyake não tenha especificado datas. Durante este período, entidades como a Associação Brasileira de Harmonização Orofacial (Abrahof) e a Sociedade Brasileira de Toxina Botulínica e Implantes Faciais na Odontologia (SBTI) colaboram na elaboração das normas.