Adenomiose: saiba mais sobre a doença que obrigou a cantora Simone a retirar o útero e que pode causar infertilidade
A doença é caracterizada por um espessamento dentro das paredes do próprio útero, provocando sintomas como dor, sangramento ou cólicas fortes, especialmente durante a menstruação.
A cantora Simone, da dupla com Simaria, pegou os fãs de surpresa ao anunciar, em suas redes sociais, que passou por uma histerectomia, cirurgia que consiste na retirada do útero. Em um vídeo publicado em seu perfil no YouTube, a artista contou que, após o nascimento da filha Zaya, teve sangramentos contínuos por três meses. Ao procurar um médico, descobriu que estava com adenomiose uterina.
A doença é caracterizada por um espessamento dentro das paredes do próprio útero, provocando sintomas como dor, sangramento ou cólicas fortes, especialmente durante a menstruação. O tratamento para a patologia pode ser feito com remédios anti-inflamatórios e hormonais, mas a retirada parcial ou total do útero é a única cura.
De acordo com a médica especialista em ginecologia e obstetrícia e professora do departamento de ginecologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Sandra Serapião Schindler, um dos principais sintomas da adenomiose é o aumento do fluxo menstrual. "Também há um aumento da duração dos dias da menstruação. Também pode causar dor, com intensidade variável, relacionada ao aumento do fluxo menstrual, e aumento do volume do útero", explica a profissional, ao Aratu On.
Conforme a médica, a doença não tem uma causa exata, mas sofre influência dos hormônios da mulher. Ela esclarece que a patologia pode se apresentar em qualquer época da vida da mulher. "Mas, ela é muito mais frequente nas mulheres entre 40 e 50 anos de idade", diz.
Segundo a médica especialista Cris Sá, que atua na clínica Emeg, em Salvador, uma maneira de prevenir a adenomiose é evitar fatores inflamatórios. "Assim como a endometriose, a adenomiose uterina é uma doença inflamatória, então a gente pode começar a evitar que ela se manifeste no nosso organismo evitando fatores inflamatórios, como na alimentação. Tem que retirar enlatados, embutidos, carnes vermelhas e alimentos refinados. Todos esses alimentos facilitam a manifestação para quem tem tendência [a ter a doença]", relata. Ainda, segundo ela, a atividade física também pode proteger a saúde das mulheres, por ser um excelente regulador do nosso organismo.
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PERCENTUAL
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada dez mulheres no mundo pode sofrer com a adenomiose, sem, porém, manifestar os sintomas. No Brasil, a estimativa é que 150 mil casos sejam registrados anualmente.
Apesar de ser mais frequente em um público específico (30 a 50 anos de idade), a doença pode afetar qualquer mulher que menstrua, independentemente da idade. A adenomiose também é mais comum em mulheres que já tiveram filhos, como no caso da cantora Simone. É algo que difere a patologia da endometriose, que é mais comum em mulheres que nunca engravidaram. "De qualquer forma, a adenomiose é uma doença que, quando evolui, pode levar também à infertilidade", pontua Cris Sá. Dessa forma, é necessário que o público feminino busque uma consulta com médicas (os) especialistas, pelo menos, uma vez por ano, ou quanto sentirem algum dos sintomas.
TRATAMENTO
Para a doutora Sandra Schindler, o tratamento da adenomiose depende, basicamente, de dois fatores: a vontade de engravidar e a intensidade dos sintomas. O diagnóstico e a possibilidade de tornar a mulher infértil pode assustar mulheres que ainda não tiveram bebês, mas há a possibilidade de optar por tratamentos medicamentosos.
"Para as mulheres mais jovens, que desejam engravidar, nós vamos usar medicações hormonais, com o objetivo de suspender a menstruação e controlar os sintomas de sangramento e dor. Para as mulheres que não desejam engravidar, que apresentam sintomas importantes e que não respondem ao tratamento com as medicações, nós optamos pela retirada do útero", detalha a médica. Já a ablação endometrial, procedimento cirúrgico usado para remover o revestimento endometrial do útero, é uma opção alternativa à retirada total do órgão.
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