Prefeitura de Salvador projeta revitalizar Bacia do Camarajipe em 15 anos
Plano Plurianual 2026–2029 prevê intervenções de drenagem, controle de cheias e requalificação urbana na Bacia do Camarajipe, uma das mais urbanizadas da capital
Por Matheus Caldas.
O Plano Plurianual de Salvador (PPA) 2026–2029, sancionado nesta terça-feira (23), inclui um projeto estruturante para a Bacia do Camarajipe, classificado pela prefeitura como uma intervenção de longo prazo, com horizonte de planejamento estimado em até 15 anos.
A iniciativa está inserida no eixo de infraestrutura e ordenamento urbano e tem como foco a redução de alagamentos, o controle de cheias e a mitigação de riscos em regiões historicamente afetadas por enchentes.
De acordo com o planejamento municipal, a complexidade da bacia, a extensão territorial e o grau de urbanização exigem uma abordagem gradual, com execução por etapas, distribuídas ao longo de diferentes ciclos orçamentários.
A Bacia do Camarajipe concentra alta densidade populacional, forte impermeabilização do solo e ocupação intensa das margens dos cursos d’água, fatores que ampliam os impactos das chuvas intensas.
O PPA foi enviado pelo prefeito Bruno Reis (União) à Câmara em setembro deste ano e foi aprovado pelos vereadores na última sessão de 2025, na última semana.

Onde fica Bacia do Camarajipe
A Bacia Hidrográfica do Camarajipe está localizada na região central de Salvador. O Rio Camarajipe nasce na área do bairro de Mata Escura e segue em direção ao litoral, atravessando zonas densamente urbanizadas até desaguar no Rio Lucaia, que, por sua vez, lança suas águas na Baía de Todos-os-Santos.
Ao longo do percurso, grande parte do rio foi canalizada ou coberta, especialmente nos trechos centrais da cidade, o que reduziu a capacidade natural de escoamento e contribuiu para a recorrência de alagamentos.
Regiões impactadas
A bacia influencia diretamente bairros populosos e estratégicos de Salvador, entre eles:
- Mata Escura
- Saramandaia
- Cosme de Farias
- Engenho Velho de Brotas
- Brotas
- Federação
- Itaigara
- Caminho das Árvores
- Pituba
Em trechos mais baixos, o sistema hidrológico se conecta ao Vale do Lucaia, ampliando os impactos em dias de chuva intensa.

Rios e cursos d’água da bacia
Além do Rio Camarajipe, a bacia é formada por diversos córregos e canais secundários, muitos hoje incorporados à rede de drenagem urbana. Entre os principais cursos d’água associados ao sistema estão:
- Rio Camarajipe (curso principal);
- Córregos da Mata Escura e Saramandaia;
- Canais de drenagem do Engenho Velho de Brotas e Cosme de Farias;
- Afluentes urbanos que convergem para o Vale do Lucaia;
- Rio Lucaia, que recebe as águas do Camarajipe na parte final do sistema.
Esses afluentes atravessam áreas de encosta e regiões com ocupação irregular, favorecendo o carreamento de sedimentos, lixo e esgoto, além do assoreamento do leito principal.
Trecho crítico sob a Avenida ACM
Um dos pontos mais sensíveis da bacia está sob a Avenida ACM, onde o rio Camarajipe corre canalizado. O local é historicamente associado a alagamentos que afetam o trânsito, o comércio e a mobilidade urbana, tornando-se estratégico para intervenções estruturantes previstas no PPA.
O que prevê projeto no PPA
De acordo com o PPA de Salvador, o projeto para a Bacia do Camarajipe prioriza ações integradas de:
- Macrodrenagem urbana;
- Ampliação da capacidade de escoamento das águas pluviais;
- Controle de cheias e redução de pontos de alagamento;
- Redução de riscos geotécnicos, com foco em áreas vulneráveis;
- Requalificação urbana e ambiental do entorno dos cursos d’água.
As intervenções estão alinhadas às diretrizes de sustentabilidade e adaptação às mudanças climáticas, considerando o aumento da frequência de eventos extremos.

Planejamento e execução
O PPA não detalha valores individualizados nem cronograma físico das obras. Essas informações deverão ser definidas nas Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e nas Leis Orçamentárias Anuais (LOA) ao longo da vigência do plano.
A inclusão da Bacia do Camarajipe no PPA de Salvador 2026–2029 garante prioridade institucional e respaldo legal para que as intervenções sejam executadas como parte do planejamento estrutural da cidade.
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