Moraes manda investigar Eduardo Bolsonaro após tensão com EUA
A decisão foi tomada após críticas internas na Corte à suposta omissão do Itamaraty
Por Da Redação.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a abertura de um inquérito contra o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). A decisão foi tomada após críticas internas na Corte à suposta omissão do Itamaraty diante das ameaças feitas pelo senador norte-americano Marco Rubio contra o próprio ministro.
De acordo com informações da Folha de S.Paulo, ministros do STF se queixaram, em conversas reservadas, da falta de um posicionamento público do Ministério das Relações Exteriores após Rubio sugerir a adoção de sanções contra Moraes durante uma audiência no Congresso dos Estados Unidos.
Na avaliação de integrantes do Supremo, a declaração de Rubio deveria ter motivado uma reação mais firme da diplomacia brasileira, que, até agora, optou pelo silêncio. Segundo auxiliares do chanceler Mauro Vieira, o Itamaraty prefere agir nos bastidores para tentar evitar a escalada de uma crise diplomática com os EUA.
Nos últimos dias, o desconforto não ficou restrito ao Judiciário. Assessores do presidente Lula (PT) também passaram a pressionar o Ministério das Relações Exteriores, defendendo uma resposta mais contundente. Eles avaliam que a ausência de uma manifestação oficial fortalece o discurso bolsonarista de perseguição e censura por parte do STF, além de gerar impactos na política interna brasileira.
O episódio ganhou ainda mais relevância depois que o The New York Times revelou que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos enviou uma carta a Moraes criticando ordens judiciais que determinaram bloqueios de perfis em redes sociais norte-americanas. Além disso, o Departamento de Estado dos EUA anunciou restrições de vistos para estrangeiros acusados de censurar cidadãos ou empresas americanas — medida que, embora não cite Moraes diretamente, bolsonaristas interpretam como um recado ao ministro e a autoridades brasileiras.
Diante desse cenário, Moraes incluiu na decisão que abriu o inquérito contra Eduardo Bolsonaro uma determinação para que o Itamaraty indique diplomatas capazes de prestar esclarecimentos sobre o caso, o que foi visto como mais uma cobrança pública à chancelaria.
O pedido de investigação partiu da Procuradoria-Geral da República. No documento enviado ao STF, o procurador-geral Paulo Gonet afirma que Eduardo Bolsonaro pode ter cometido os crimes de coação, obstrução de investigação e abolição violenta do Estado democrático de Direito. Segundo Gonet, as ações do deputado licenciado nos Estados Unidos tinham como objetivo buscar apoio internacional para pressionar e intimidar membros do STF, da PGR e da Polícia Federal.
“As evidências conduzem à ilação de que a busca por sanções internacionais a membros do Poder Judiciário visa interferir sobre o andamento regular dos procedimentos de ordem criminal, inclusive a ação penal em curso contra Jair Bolsonaro e seus aliados”, afirmou o procurador-geral.
Para ministros do STF, a abertura do inquérito também serve como uma resposta institucional, sobretudo após os episódios de omissão da Procuradoria-Geral da República durante a gestão de Augusto Aras, que, segundo eles, deixou de agir em episódios semelhantes no passado.
A tensão envolvendo o STF, a diplomacia brasileira e setores do governo Lula reflete não apenas a crise com autoridades americanas, mas também o acirramento das disputas políticas internas, especialmente com foco nas eleições de 2026.
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