Jogando pelo empate, Jerônimo e Bruno são os craques da rodada

O registro do aperto de mão com um sorriso duplo, e a escolha da cena em que não há vencedor ou vencido, a publicação nas redes oficiais. Quando se dão as mãos e partem para um diálogo longo, e aprofundado, governador e prefeito agem como adultos na sala

Por Pablo Reis.

Guarde bem esse simbolismo. Nesta quarta feira (27), o militante que deu like na publicação de Jerônimo Rodrigues também estava curtindo Bruno Reis. O seguidor do prefeito que compartilhou a postagem também estava amplificando a imagem e a mensagem do governador. 

O registro do aperto de mão com um sorriso duplo, e a escolha da cena em que não há vencedor ou vencido, a publicação nas redes oficiais... Quando se dão as mãos e partem para um diálogo longo, aprofundado e franco, o governador e o prefeito agem como adultos na sala. E adultos na sala parecem cada vez mais raros.

São gestores que demonstram um interesse em apaziguar desavenças, em contornar arestas, em buscar uma equação com mais denominadores comuns do que diferenças. Fazem isso em campo, no holofote, com a imagem que fala mais que discurso. A tendência é quem está na arquibancada procurar, por mimese, repetir esse tipo de comportamento: estamos mais focados no que pode ser consenso.  

Quem ganha somos nós. 

No dia em que a torcida do Bahia comemorou a convocação de Jean Lucas, foram dois rubro-negros que proporcionaram outro motivo de admiração. Jerônimo e Bruno para a seleção - da urbanidade, e do republicanismo. Nada garante que passem a agir com a cumplicidade de Bebeto & Romário, ou a sintonia de Pelé & Coutinho. Esse tipo de dobradinha já seria pedir demais. Só que no terreno de civilidade, elevaram a régua do fair play.

Há muito o que se falar sobre segurança pública, há muito o que se esclarecer sobre educação, há, de parte a parte, o que se cobrar sobre saúde e sobre fila da regulação. E se prevalecem só gritos distantes, como se fossem provocações de torcidas organizadas rivais, o ruído irrita e não resolve nada. É conversa técnica que faz problema grande ser subdividido em soluções viáveis. 

Eleição pode ficar no lugar que ela deveria estar: pra daqui a um ano. (Certa vez, numa entrevista com o senador Jaques Wagner faltando cem dias para uma votação, ele respondeu: “nesse momento, eleição é assunto que só interessa a nós, políticos, e a vocês, jornalistas… o povo não está comentando nada disso. E ele estava certo).

Postagem Jeronimo Bruno 

Nesse momento, o progressista que deu like para Jerônimo também emprestou atenção a Bruno. O carlista que aprovou o prefeito também estava acenando ao governador. Longe de bugar a cabeça das pessoas, gera uma expectativa: e se o que parece guerra infinita também tenha espaço para cessar-fogo com maturidade?

O gesto pode irritar quem se alimenta de cizânia, pode desmobilizar aquele que lucra com o “quanto pior melhor”. Estes podem ser barulhentos, mas são minoria. No momento em que o Brasil parece cada vez mais conflagrado numa rivalidade que beira e rima com insanidade… No momento em que o mundo parece militar e financeiramente polarizado, com ogivas e discursos apontados entre nações… Neste momento, os dois principais políticos da Bahia agem como estadistas. Emprestam para o planeta um gesto que poderia inspirar a convivência elegante, adulta, civilizada. 

 

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