Em evento com embaixadores, Bolsonaro repete falas já desmentidas sobre sistema eleitoral; Fachin fala em 'encenação'
O ministro Edson Fachin, atual presidente do TSE, foi convidado para o evento com embaixadores, mas recusou "por dever de imparcialidade" - pois não poderia comparecer ao evento de um pré-candidato.
Reunindo embaixadores de diversos países no Palácio da Alvorada, em Brasília, nesta segunda-feira (18/7), o presidente e pré-candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), voltou a criticar o sistema eleitoral brasileiro, repetindo falas já desmentidas por órgãos oficiais sobre as eleições de 2018 e a segurança das urnas eletrônicas. O evento teve transmissão da TV Brasil, emissora estatal.
Bolsonaro baseou a apresentação em um inquérito aberto pela Polícia Federal em 2018, com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a invasão de um hacker ao sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na época, e algumas vezes depois, o TSE informou que esse acesso foi bloqueado e "não representou qualquer risco à integridade das eleições de 2018".
Em nota divulgada no ano passado, o TSE também informou que:
- o código-fonte dos programas utilizados na urna eletrônica passou por sucessivas verificações e testes, e "nada de anormal ocorreu";
- uma vez assinado digitalmente e lacrado, o código-fonte não pode sofrer qualquer adulteração – se isso ocorrer, "o programa simplesmente não roda";
- as urnas eletrônicas nunca são conectadas à internet e, por isso, não podem ser acessadas ou invadidas a distância;
- o próprio TSE encaminhou informações à Polícia Federal para a investigação da invasão hacker ao sistema do tribunal;
- desde 2018, "novos cuidados e camadas de proteção foram introduzidos para aumentar a segurança de todos os sistemas informatizados";
- os sistemas usados nas eleições de 2018 estão "disponíveis na sala-cofre para os interessados, que podem analisar tanto o código-fonte quanto os sistemas lacrados e constatar que tudo transcorreu com precisão e lisura".
O presidente é, inclusive, alvo de uma investigação no STF, porque divulgou links para documentos sigilosos da Polícia Federal relacionados ao inquérito da invasão hacker, nas redes sociais.
'INACEITÁVEL NEGACIONISMO ELEITORAL'
O ministro Edson Fachin, atual presidente do TSE, foi convidado para o evento com embaixadores, mas recusou "por dever de imparcialidade" - pois não poderia comparecer ao evento de um pré-candidato. No entanto, em palestra na Ordem dos Advogados do Paraná (OAB-PR), na tarde desta segunda-feira, classificou a apresentação como uma "encenação", e sem citar o nome de Bolsonaro, disse que há "inaceitável negacionismo eleitoral por parte de uma personalidade pública" e uma "muito grave" acusação de fraude sem provas.
Fachin também fez críticas ao que chamou de "teia de rumores descabidos", "narrativas nocivas" e "populismo autoritário", reforçando que não existe nenhuma possibilidade de interferência externas nas urnas eletrônicas, visto que elas não são conectadas à internet.
Por fim, o presidente do TSE falou que a Justiça Eleitoral está preparada para conduzir as eleições de forma limpa, transparente e auditável.
Acompanhe nossas transmissões ao vivo no www.aratuon.com.br/aovivo. Nos siga no Instagram, Facebook e Twitter. Quer mandar uma denúncia ou sugestão de pauta, mande WhatsApp para (71) 99940 - 7440. Nos insira nos seus grupos!