Política

Bruno lamenta resultados do Atlas e título de capital mais violenta do Brasil: 'Desastre'

Segundo o estudo, divulgado na terça-feira (18), a capital baiana registrou 66,4 assassinatos a cada 100 mil habitantes, superando a média nacional, que é de 24,5

Por Bruna Castelo Branco

Bruno lamenta resultados do Atlas e título de capital mais violenta do Brasil: 'Desastre'Créditos da foto: Matheus Caldas/Aratu On
com a colaboração do repórter Matheus Caldas

O prefeito de Salvador, Bruno Reis (União), falou, durante coletiva de imprensa concedida nesta quinta-feira (20/6), sobre os resultados do Atlas da Violência 2024, que apontam Salvador como a capital mais violenta do Brasil e a Bahia como o estado com maior taxa de homicídios do país.


Segundo o estudo, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e divulgado na terça-feira (18), a capital baiana registrou 66,4 assassinatos a cada 100 mil habitantes, superando a média nacional, que é de 24,5. Naquele ano, ocorreram 1.605 mortes violentas na cidade.


Além disso, as cinco cidades com maiores taxas de homicídios do Brasil estão na Bahia, e são: Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo Baiano, com 94,1 mil assassinatos a cada 100 mil habitantes. Na sequência, vem Jequié (91,9), Simões Filho (81,2), Camaçari (76,6) e Juazeiro (72,3). Dentre os 20 municípios mais violentos do país, 11 estão no estado.


"É um desastre, lamentável. Infelizmente, ano a ano a gente vai vendo o Estado perdendo a guerra contra o crime, contra a violência, contra a marginalidade", lamentou o gestor municipal.


+ Santo Antônio de Jesus é a cidade mais violenta do Brasil, aponta Atlas da Violência

O prefeito falou sobre a situação do bairro de Tancredo Neves, que, apenas nesta semana, foi palco de intensos tiroteios e da ação do "Tribunal do Crime", que, na terça-feira (18) executou uma mulher identificada como Dalva. Devido à violência, as linhas de ônibus chegaram a ser alteradas na região, que também registrou a explosão de uma suposta granada.


"O que aconteceu essa semana em Salvador, especialmente ontem, no bairro de Tancredo Neves, é inadmissível. Pessoas violentamente armadas, tomando conta das ruas, jogando granadas em ônibus... efetivamente, é a falência da segurança pública no estado da Bahia", concluiu o prefeito.


https://twitter.com/aratuonline/status/1803824962932711559
+ Mulher é executada em ‘Tribunal do Crime’ no bairro de Tancredo Neves, em Salvador

ATLAS DA VIOLÊNCIA 2024


Na Bahia, segundo estudo do Atlas da Violência 2024, praticamente todos os municípios litorâneos têm taxas acima de 47 homicídios estimados por 100 mil habitantes em 2022. Quatro desses municípios estão na Região Metropolitana de Salvador: Simões Filho (81,2), Camaçari (76,6), Salvador (51,1) e Lauro de Freitas (51,1).


No Centro-Norte Baiano, Feira de Santana (66,0) lidera o ranking. Ao sul, todos os municípios apresentam taxas de homicídio elevadas: Eunápolis (59,8), Ilhéus (59,3), Teixeira de Freitas (57,8), Porto Seguro (49,9) e Itabuna (47,7). No Extremo-Oeste, a maior taxa foi em Luís Eduardo Magalhães (58,4).


FACÇÕES CRIMINOSAS


De acordo com o Atlas da Violência 2024, pelo menos até 2022, pelo menos 10 facções disputavam territórios em terra e na Baía de Todos-os-Santos, “espaço geográfico estratégico para a logística de transporte, fornecimento e exportação de drogas e armas”, diz o documento.


Além do PCC e do CV, a Bahia tem mais oito grupos criminosos fundados no próprio estado, que provocaram conflitos letais derivados de rupturas e alianças, como entre o Bonde do Maluco (BDM) e o PCC. Além disso, o estudo ressalta que, no estado, “há histórico de violência policial letal”:


“As ações do governo local até 2022 reproduziram o modelo falido de guerra às drogas, experimentado no RJ, com a explícita orientação para o confronto como estratégia política, na lógica do tiroteio, e não da investigação”. Como consequência, a Bahia também lidera os índices de letalidade policial no Brasil.


O QUE DIZ A SSP-BA


Em nota enviada ao Aratu On, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) disse que a “redução das mortes violentas é uma prioridade na Bahia”. “Nos últimos sete anos o índice apresentou diminuição de 27%. Em 2024, de 1° de janeiro a 15 de junho, as mortes violentas tiveram redução de 11%. No ano de 2023, na comparação com 2022, as mortes violentas recuaram 6%”, afirmou a assessoria de comunicação da pasta.


A SSP-BA também destacou os investimentos feitos na segurança pública do estado nos últimos meses:


"Nos últimos 17 meses, a Polícia da Bahia apreendeu 80 fuzis, localizou 81 líderes de facções, retirou das ruas 15 toneladas de drogas, apreendeu 9 mil armas de fogo e capturou 26 mil criminosos. Na parte de investimento, 3.200 policiais militares e civis, além de bombeiros foram contratados. De forma inédita, neste momento, quatro Cursos de Formação estão sendo realizados na PM, PC, DPT e CBM. Serão mais 2 mil novos policiais e bombeiros até o final de 2024. O Estado entregou ainda 1.500 viaturas, algumas delas semiblindadas, e novos equipamentos de proteção individual".


LEIA MAIS: Com a Bahia liderando ranking de estados mais violentos, SSP-BA diz que índice de homicídios caiu 27%


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