Secretário-executivo do Consórcio Nordeste se torna alvo em CPI no RN por respiradores nunca entregues à região
No ano passado, quando era presidido pelo governador da Bahia, Rui Costa (PT), o Consórcio comprou um lote de 300 respiradores por R$ 48 milhões. Os equipamentos nunca foram entregues.
Secretário-executivo do Consórcio Nordeste, Carlos Gabas se tornou o principal alvo da CPI da Covid na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Segundo a revista Veja, ele teve os sigilos telefônico, telemático, bancário e fiscal quebrados na investigação sobre os respiradores não entregues ao grupo no ano passado.
O requerimento para quebra dos sigilos foi apresentado pelo presidente do colegiado, deputado estadual Kelps Lima (SD-RN), e aprovado por unanimidade pelos membros da CPI – inclusive por Francisco do PT, relator da CPI, e correligionário dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, cujos governos abrigaram Gabas como ministro da Previdência.
No ano passado, quando era presidido pelo governador da Bahia, Rui Costa (PT), o Consórcio comprou um lote de 300 respiradores por R$ 48 milhões. O portal Bahia Notícias trouxe à tona os depoimentos da sócia da Hempcare, Cristiana Taddeo, e do CEO da BioGeoenergy, Paulo de Tarso, representantes das empresas envolvidas na operação.
De acordo com a matéria, Tarso indicou que Gabas, juntamente ao vice-governador João Leão e o ex-secretário Bruno Dauster, o suposto intermediário do governo baiano, Cleber Isaac.
Segundo Cristiana Taddeo, ele teria recebido uma comissão de R$ 3 milhões por ter facilitado a negociação com o Consórcio Nordeste. A relação entre ambos teria acontecido após uma ponte feita por um homem chamado Fernando Galante. Para isto, Cristiana teria pago o montante de R$ 9 milhões pela facilitação no contato. O trio possuía um grupo no WhatsApp.
O depoimento da empresária cita que Gabas, quando entrou em contato com ela, se identificou como “irmão de alma” do prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva, e pontuou que a cidade paulista precisaria de 30 respiradores, mas que não teria verba e o pedido teria vindo implícito. A reportagem da Veja diz que o Ministério Público apontou que o caso se tratava de propina disfarçada. Gabas negou em julho qualquer irregularidade e chamou a empresária de criminosa.
No início deste mês, ele foi convocado pela CPI do Legislativo potiguar, mas permaneceu em silêncio durante o depoimento. Isto foi possível após a Justiça do estado conceder habeas corpus para que o ex-ministro não precisasse responder aos questionamentos dos deputados.
Em junho, ele teve convocação negada para depor na CPI da Covid, no Congresso. Três requerimentos com o mesmo conteúdo foram apresentados pelos senadores governistas Eduardo Girão (Podemos-CE), Marcos Rogério (DEM-RO) e Ciro Nogueira (PP-PI) – atual ministro-chefe da Casa Civil do governo Bolsonaro.
O Aratu On entrou em contato com o Consórcio Nordeste, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.
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