Vídeo mostra sequestro de testemunha contra grande milícia instalada no Norte da Bahia; assista
As imagens mostram que Alex estava na garupa de uma motocicleta quando foi abordado por homens que estavam a bordo de uma caminhonete.
O vídeo que mostra o sequestro de Alex Cirino Barbosa no município de Paulo Afonso, a 469 km de Salvador, foi obtido pela reportagem do Aratu On. O homem, raptado no dia 7 de abril, é uma das principais testemunhas da "Operação Alcateia", que apura, desde outubro de 2020, uma grande milícia instalada no Norte da Bahia. Na quarta-feira (28/4), o Ministério Público da Bahia fez uma ação para prender os suspeitos do sequestro.
As imagens mostram que Alex estava na garupa de uma motocicleta quando foi abordado por homens que estavam a bordo de uma caminhonete. Ele é imobilizado e colocado dentro do automóvel. Segundo o Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e a Força Tarefa de combate a crimes praticados por policiais da Secretaria da Segurança Pública, o carro foi visto várias vezes em posse de um oficial da Polícia Militar, considerado foragido.
Na operação de quarta-feira, um homem foi preso e outros dois tiveram os mandados de prisão expedidos. Um dos alvos da ação foi o irmão de um dos policiais que ainda se encontra preso pela "Alcateia", o que reforça a tese de que o crime teria sido cometido para impedir a oitiva da testemunha.
Alex Cirino ainda é considerado desaparecido, mas o Ministério Público já trabalha com a hipótese de ele ter sido executado pelo grupo criminoso.
OPERAÇÃO ALCATEIA
A situação foi denunciada por reportagem do Aratu On em 2020. A matéria, baseada em um inquérito instaurado pela própria corporação no mês de julho, mostrou que homicídios, extorsões, ameaças e torturas teriam sido praticado por policiais militares entre os anos de 2017 e 2019.
A publicação coloca o então comandante do 20º Batalhão da PM, tenente coronel Carlos Humberto da Silva Moreira - o "Cachorrão" -, como "líder do grupo criminoso". A unidade então chefiada pelo oficial é localizada em Paulo Afonso. Além dele, é citado também no processo o nome de um outro oficial, o capitão Rodolfo Vieira Santos.
Meses depois, o MP deflagrou a "Operação Alcateia". De acordo com o Ministério Público, foram apurados indícios "veementes" da prática de diversos crimes de homicídio, tráfico de drogas, organização criminosa, além de outros delitos típicos de atividade de milícia, como tortura e extorsão.
Com base nesses indícios, diz ainda o MP, foram deferidos pela 1ª Vara Crime, Júri, e Execuções Penais da Comarca de Paulo Afonso os pedidos do MP de prisões temporárias de seis policiais militares, buscas e apreensões em endereços residenciais dos investigados e batalhões.
Mesmo com a investigação em curso na PM, Humberto Moreira chefiava o 1º BEIC, um Batalhão de Ensino, Instrução e Capacitação localizado em Feira de Santana, mas foi afastado por 180 dias - que será encerrado neste final de abril. "Cachorrão" também esteve proibido de acessar todas as unidades da corporação e também não poderia manter comunicação com outros membros da PM e de utilizar dos serviços da Instituição Militar.
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