Zé Pipoqueiro: a história do homem que perdeu a renda por conta do coronavírus e se emocionou ao receber ajuda
Zé Pipoqueiro: a história do homem que perdeu a renda por conta do coronavírus e se emocionou ao receber ajuda
“Quando a gente faz coisas boas, colhe coisas boas”. Esse é o pensamento do pipoqueiro José dos Santos, de 55 anos, que há 40 trabalha na porta de uma escola particular no bairro do Itaigara, em Salvador. Trabalhador informal, pertence a um dos grupos mais afetados economicamente pelos decretos de quarentena e orientações de isolamento social. Afinal, se há menos movimento nas ruas, há menos vendas e, consequentemente, lucro.
Prestes a fazer 56 anos - na sexta-feira (27/3) -, ele recebeu um presente antecipado em meio às mudanças provocadas pela pandemia do novo coronavírus. Zé, como é conhecido pelos alunos, professores e pais, começou a ser procurado pelos responsáveis dos estudantes da unidade escolar. Considerando o carinho que as crianças têm pelo pipoqueiro, ofereceram-lhe ajuda financeira para se manter, pelo menos por enquanto.
“Fiquei muito emocionado. Respondi a cada pessoa que me procurou e quis ajudar”, contou Zé, em conversa por telefone com o Aratu On. “Teve uma moça que falou comigo de lá dos Estados Unidos… Estou famoso! [risos] Acho que colocaram no Instagram”, brincou. E foi isso mesmo. Graças à uma publicação feita na rede social, que mostrava a conversa, por áudio, entre uma dessas mães e Zé, a história repercutiu.
Muitas pessoas “aqueceram o coração” (como se diz na internet) com a atitude solidária durante um período novo e caótico.
“Eu não tinha dimensão do quanto era importante para as crianças e os pais delas. Felizmente, quando a gente faz coisas boas, colhe coisas boas, e eu sempre estava sorrindo, “limpinho"... As pessoas têm confiança em mim”, refletiu o pipoqueiro.
“Não só pediram o número da minha conta, como também me mandaram mensagens boas e positivas”, completou. Com a quantia - um valor razoável o qual preferiu não informar -, o pipoqueiro vai conseguir, além de pagar as contas, seguir com a “corrente do bem”. “Vou ajudar minha família. Eu estava com umas dívidas, mas com o acontecimento já quitei. Nessa situação, a gente tem que se ajudar”.
Zé é casado e criou os dois filhos da esposa, Maria das Graças, mas não mora com ela, no momento. “Ela tem a Doença de Parkinson e, como a gente não tinha estrutura, aqui, ela precisou ir morar com a mãe e as irmãs, mas sempre vou lá e dou assistência”, disse.
Morador do Vale das Pedrinhas, o pipoqueiro dá dicas de como agir nesse período: “Não tenho saído de casa, mas hoje precisei ir à rua e, quando voltei, já coloquei a roupa de molho e deixei o tênis secando no telhado. Minha casa está toda limpa”. Ele garante que está sempre lavando bem as mãos, ainda mais com “o álcool em gel em falta”, e faz um pedido: “se cuidem”.
“Dar as mãos” em tempos de coronavírus não tem sido recomendado, é verdade. Mas encontrar formas de ajudar alguém sempre é válido.
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