"Justiça só de Deus", diz mãe durante enterro de soldado morto por traficantes no Cabula
"Justiça só de Deus", diz mãe durante enterro de soldado morto por traficantes no Cabula
A família de Fernando Guardiano, soldado do Exército morto por traficantes na região da Timbalda, no bairro do Cabula, em Salvador, estava abalada durante o enterro do jovem. O funeral aconteceu na tarde desta terça (10/3) no cemitério da Quinta dos Lázaros.
Emocionada, a mãe da vítima, identificada apenas pelo prenome de Cristiane, não quis falar com a imprensa sobre o ocorrido ou as investigações do crime. "Justiça agora só de Deus", dizia. Cristiane estava acompanhada da avó de Fernando, que passou mal e teve que ser amparada por outros familiares. "Não queremos imprensa. Agora já aconteceu e ele não vai voltar mais", argumentou um amigo da família.
H.F, que estava com Fernando no momento do crime, também prestou suas últimas homenagens à vítima. Fardado e com os olhos marejados, se limitou a dizer que a assessoria do Exército havia pedido que não falasse com os jornalistas.
O corpo de Fernando foi enterrado com uma bandeira do Brasil. Uma salva de tiros foi realizada, enquanto familiares e amigos seguravam bolas brancas e cartazes pedindo paz e justiça. Após a cerimônia, pelo menos dois ônibus seguiram para a BR-324, na região do bairro de São Caetano, onde os parentes pretendiam fazer uma manifestação.
ASSASSINATO
Era madrugada de domingo (8/3) quando Fernando e dois colegas entraram na localidade da Timbalada. Segundo informações do ferido, a situação ocorreu por volta das 2h. Ele e a vítima fatal tinham levado um terceiro colega, de carona em um carro para casa, depois de saírem de uma festa na Estrada das Barreiras - que também fica localizada no bairro do Cabula.
As vítimas foram abordadas por três bandidos armados. Os criminosos, ligados à facção Comando da Paz (CP) - que chefia o tráfico de drogas na Timbalada - teriam confundido os militares com integrantes de uma facção rival da região. Os dois amigos receberam coronhadas e foram levados para uma lagoa, onde os traficantes fizeram quatro disparos. Fernando não conseguiu sair.
O corpo do soldado foi encontrado na manhã de segunda-feira (9/3) após buscas do Corpo de Bombeiros.
MORTE DE SUSPEITO
Uma ação policial foi montada por guarnições da Companhia Independente de Policiamento Tático (CIPT/Rondesp Central), da 23ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Tancredo Neves) e 6° Batalhão de Polícia do Exército após o desaparecimento.
As guarnições receberam informações de que os três homens suspeitos do crime estavam próximo a um bar. Ao chegarem no local, os policiais foram recebidos a tiros. Houve revide e, após o confronto, um rapaz conhecido como "Galo" foi localizado.
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O criminoso chegou a ser socorrido, sendo encaminhado ao Hospital Geral Roberto Santos, mas não resistiu aos ferimentos. Agora, a Polícia Civil precisa saber se ele foi ou não o mandante da brutalidade contra os soldados.
VÍDEO FALSO
Após o crime, várias informações falsas começaram a circular pelas redes sociais sobre a morte de suspeitos. Um vídeo, inclusive, mostrava uma suposta operação do Exército Brasileiro na mesma região onde Fernando foi executado.
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O Aratu On entrou em contato com fontes ligadas ao alto comando da corporação. Oficiais do 19º Batalhão de Caçadores (19 BC) - que fica sediado no Cabula - e do 6º Batalhão de Polícia do Exército (6º PE) garantiram que a ação gravada no vídeo foi realizada em 2019 e não foi operacional. Na verdade, os militares participavam de uma marcha de 16 quilômetros como parte dos treinamentos oficiais. Eles não disseram, porém, onde aconteceu.
*Sob supervisão do editor, Jean Mendes
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