"Hoje é Dia de Preto" - Relembre a história da escola que aposta no método "decolonial" em Salvador

"Hoje é Dia de Preto" - Relembre a história da escola que aposta no método "decolonial" em Salvador

Por Da Redação.

"Hoje é Dia de Preto" - Relembre a história da escola que aposta no método "decolonial" em SalvadorSusan Rodrigues/Aratu On

A cada 20 de Novembro, Dia da Consciência Negra, há uma nova oportunidade de debater negritude, racismo, herança cultural, entre outros temas relacionados, com mais força. Porém, hoje, queremos tocar na seguinte palavra (e ideia): representatividade.

Porque é por acreditar que representatividade importa, sim, que nós, do Aratu On, fizemos uma série de conteúdos especiais para esta data, no site e nas redes sociais, a fim de fazer refletir e mostrar as pessoas negras como elas são: protagonistas das suas vidas, referências e inspirações.

São quatro matérias (batizadas de "Hoje é Dia de Preto"- às 10h, 13h, 16h e 19h -) para falar desse dia tão importante nessa história. Por isso, nesta matéria, relembramos a história da Escolinha Maria Felipa, situada no bairro da Federação, em Salvador, cuja pedagogia utilizada é a histórico-crítica, da perspectiva do que a criança leva como vivência e qual o conceito daquilo que foi apresentado.

Criada pelo casal de educadores Bárbara Carine e Ian Cavalcanti, a unidade de ensino foi criada para a filha negra que eles ainda adotariam. O motivo? Os dois não viam, nas ditas escolas tradicionais, com ideologias eurocêntricas, uma opção para iniciar os estudos da pequena Iana, hoje com 1 ano e meio.

Confira a explicação dos donos:

O perfil da Maria Felipa é bem diverso, mas vai além dos alunos, ou, como preferem chamar, os educandos. O quadro de docentes é a prova de que a instituição é insurgente e revolucionária. “Enquanto uma escola que defende a diversidade, a gente queria ter um quadro de professores e professoras que representasse essa vontade. Queríamos que tivessem mulheres negras, ameríndias, brancas, homens negros, ameríndios, brancos, cis ou trans, homossexuais ou heterossexuais. A gente foi contratando as pessoas e, no final das contas, ficou uma equipe com bastante dissemelhança”, explicou Ian.

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Em março deste ano, a escolinha ganhou repercussão nacional após uma publicação viralizar nas redes sociais. Na postagem, uma cliente em potencial questionou a contratação de Bruno Santana, professor de capoeira da instituição, por ele ser um homem trans, mas Cavalcanti fez questão de dizer que isso não entrou no critério de seleção.

“Queríamos excelentes profissionais, com experiência, que gostassem de trabalhar com as crianças e, principalmente, que caminhassem junto conosco nessa luta. Sabendo que ele era um homem trans, a gente ficou super feliz em poder casar as duas coisas. O Bruno para a gente é o Bruno, capoeirista e excelente professor”, afirmou. Bruno é o primeiro homem trans formado pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).

DECOLONIAL

As famílias das crianças acreditam que o método decolonial de ensino oferecido pela unidade garante uma visão mais igualitária entre as crianças. “Colocamos nosso filho lá porque a mãe dele é negra e nós queríamos uma escola que incluísse não só ele, como toda sua família. Me agarrei a pequenos detalhes que via no antigo colégio: alguns brinquedos eram divididos em ‘para meninas e para meninos’ e não é isso que eu espero para a educação do meu filho”, contou Rafael Gomes, analista de sistemas e, antes de qualquer coisa, pai de Vicente Ayô, de 4 anos

Saiba mais sobre o método:.


PROJEÇÃO

Mesmo estando no início da empreitada, os fundadores do projeto Maria Felipa sabem bem onde querem chegar. “A escola é a construção de um modelo de sociabilidade que a gente acredita”, frisa Bárbara. Para ela, as crianças que têm acesso à essa diversidade, hoje, entre dois e cinco anos de idade (faixa etária atendida pela instituição), serão adultos críticos em qualquer espaço de poder. “Elas vão se questionar: ‘cadê as pessoas iguais a mim?’ e não serão coadjuvantes. Irão escolher – tudo – juntas”.

E é esse pensamento que o grupo “respira o tempo todo”, como reforça a consultora pedagógica, que conecta o presente à força motivadora, a pequena Iana. “Quero que a Iana viva essa escola que foi pensada para ela. A gente quer que ela tenha a escola que queremos para os outros”, conclui.

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