OPINIÃO: Encravada no sertão baiano, Santaluz se tornou vizinha dos Estados Unidos pelo atentado aos homossexuais: “É a globalização do ódio”

OPINIÃO: Encravada no sertão baiano, Santaluz se tornou vizinha dos Estados Unidos pelo atentado aos homossexuais: “É a globalização do ódio”

Por André Uzêda.

OPINIÃO: Encravada no sertão baiano, Santaluz se tornou vizinha dos Estados Unidos pelo atentado aos homossexuais: “É a globalização do ódio”

Longe dos parques temáticos, do turismo cosmopolita e sem gozar do mesmo prestígio internacional da cidade de Orlando, nos Estados Unidos, o município de Santaluz, encravado na região sisaleira do sertão baiano, encurtou, em léguas, a distância geográfica da metrópole americana.

O atalho foi o pior possível: a homofobia transformada em intolerância extrema. A propagação do medo e reafirmação de um discurso heteronormativo, que ganha força de maneira distorcida, numa tentativa para conter o avanço do orgulho homossexual despertado após anos de preconceito.

Em Santaluz, distante apenas 258 km de Salvador, dois professores foram carbonizados no porta-malas de um carro. O crime aconteceu na última sexta-feira (10/6). Os professores Edivaldo Silva de Oliveira e Jeovan Bandeira eram homossexuais. O Instituto Médico Legal (IML) ainda trabalha para reconhecer oficialmente os corpos a partir de vestígios de DNA, após serem encontrados em avançado estado de combustão.

Na cidade, porém, não há dúvida. Nem de quem eram as vítimas humilhadas no compartimento de cargas do veículo e, muito menos, da motivação do atentado. A população foi às ruas em protesto.

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A boate Pulse, em Orlando, garantiu o primeiro lugar como o massacre mais sangrento em um país reconhecidamente notório por ações armadas em mãos de psicóticos revelados. Foram 50 mortos e 53 feridos. Todos em uma boate. Uma casa noturna onde gays se divertiam como quaisquer outros jovens urbanos, descolados.

O ódio ao diferente, a ojeriza a uma alternativa de mundo que foge ao modelo padrão disparou um gatilho frenético em Orlando, ao passo que promoveu as chamas que inflamaram a cólera no carro onde estavam os professores. Uma santa inquisição medieval.

Uma mancha de ignorância e escuridão em uma cidade que, ironicamente, atende pela corruptela de “Santa” “Luz”.

O pior é constatar que estes episódios não encerram os ataques preconceituosos. Estão longe de ser um mito fundador trágico, que inauguram uma nova era de tolerância a partir de uma desgraça sem precedentes. Santaluz e Orlando estão na corrente de tempos sombrios. As cidades tiveram suas distâncias geográficas e hierarquias econômicas encurtadas pelo rancor.

São frutos da globalização do ódio.

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