Mais de 60 crianças foram detidas e torturadas em El Salvador, aponta relatório
Documento feito pela Human Rights Watch (HRW) foi divulgado nesta terça-feira (16/7)
Um relatório da Human Rights Watch (HRW) divulgado nesta terça-feira (16/7) aponta que mais de 60 crianças foram detidas, torturadas e espancadas em El Salvador, país da América Central, desde que o governo declarou estado de emergência, há mais de dois anos, para combater as gangues.
Segundo o grupo de direitos humanos com sede em Nova York (EUA), a polícia e os soldados detiveram 3.319 crianças e adolescentes de março de 2022 a abril deste ano, período entre a introdução do estado de emergência, que incluiu a suspensão de certos direitos civis, e o início dos julgamentos em massa.
"Muitas crianças que foram presas e detidas não tinham nenhuma conexão aparente com as atividades abusivas das gangues", destaca o relatório. "Na detenção, as autoridades submeteram as crianças a maus-tratos severos que, em alguns casos, equivaleram à tortura", acrescenta.
De acordo com informações da Reuters, agência internacional de notícias, o governo de El Salvador havia afirmado, anteriormente, que não há tortura em suas prisões.
Contudo, o relatório da HRW, que compila mais de 90 entrevistas, indica que as crianças presas foram privadas de alimentação adequada, assistência médica e contato com suas famílias e, "em muitos casos", coagidas a fazer falsas confissões.
"As autoridades tomaram poucas medidas, se é que tomaram alguma, para proteger as crianças da violência de outros detentos, incluindo espancamentos e agressões sexuais", diz a HRW. Outros 66 casos de menores submetidos à detenção arbitrária, tortura e assédio policial também foram documentados, sob o alerta de que as prisões pareciam se basear na aparência física e nas condições socioeconômicas, em vez de provas confiáveis.
A Human Rights Watch também constatou que mais de mil menores foram condenados a penas de até 12 anos por crimes amplamente definidos em julgamentos com provas duvidosas e sem o devido processo legal.
Durante o estado de emergência, mais de 80,5 mil pessoas foram presas, o que conseguiu reduzir drasticamente o número de homicídios, o que tornou El Salvador um dos países mais seguros das Américas e garantindo ao presidente Nayib Bukele um forte apoio popular.
Na última semana, o "Cristosal" - grupo local de direitos - relatou que pelo menos 265 pessoas morreram sob custódia do Estado, dentre as quais quatro bebês.
*Com informações da Reuters
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