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Com Orsi no Uruguai, esquerda sul-americana governa em 9 dos 12 países

Fontes entrevistadas pelo Aratu On apontam que a América Latina continua preponderantemente de esquerda. Contudo, o peso da vitória uruguaia não é tão determinante

Por Lucas Pereira

Com Orsi no Uruguai, esquerda sul-americana governa em 9 dos 12 paísesReprodução/Poder 360

A eleição de Yamandú Orsi à presidência do Uruguai marca não apenas o retorno da esquerda ao país, tendo sua última representação nos governos de José “Pepe” Mujica, entre 2010 e 2015, e Tabaré Vázquez, entre 2015 e 2020, mas também o reforço da corrente política em toda América do Sul.


Findado o governo de Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional (centro-direita), a eleição ocorrida no último domingo (24) entre Orsi, da Frente Ampla (esquerda), e do candidato governista Álvaro Delgado, deixou o seguinte panorama de governos entre os 12 países da América do Sul:


Argentina - Javier Millei (direita); Bolívia - Luis Arce (esquerda); Brasil - Luiz Inácio Lula da Silva (esquerda);  Chile - Gabriel Boric (esquerda); Colômbia - Gustavo Petro (esquerda); Equador - Daniel Noboa (centro-direita); Guiana - Irfaan Ali (esquerda); Paraguai - Santiago Peña (centro-direita); Peru - Dina Boluarte (esquerda)*; Suriname - Chan Santokhi (esquerda); Uruguai - Yamandú Orsi (esquerda); e  Venezuela - Nicolás Maduro (esquerda)**


VEJA O MAPA



*Apesar de eleita por uma chapa de esquerda, o governo Boluarte acabou se aproximando de partidos de direita, maioria do congresso, para garantir uma governabilidade.


** Ainda que seja de esquerda, o período de Nicolás Maduro na Venezuela é caracterizado como ditadura, devido às atitudes e ações governistas.


Panorama e relações


Com o desenho atual de 9 países à esquerda e apenas dois alinhados à ideologia de direita, o recado passado é que, diferente do que muitos líderes e militantes de direita pregam, a esquerda segue fortalecida, especialmente “abaixo do Equador”, como pontua o jornalista da TV Aratu e apresentador do Linha de Frente, Pablo Reis.


"A América do Sul e, porque não dizer, a América Latina, continua preponderantemente de esquerda, dominada por partidos e lideranças de esquerda. Algumas lideranças de direita que foram eleitas, como é o caso de Javier Milei, parecem fazer muito mais barulho do que efetivamente ter medidas concretas que possam desequilibrar ou reequilibrar esse estabelecimento de forças entre esquerda e direita no continente".


Ainda assim, o peso da vitória uruguaia não é tão determinante "na correlação de força na América do Sul, porque de alguma maneira, a política uruguaia é mais ou menos despolarizada", afirmou o cientista político e professor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), Cláudio André de Souza.


Segundo o docente, é esperado uma "aproximação" maior com o Brasil, em comparação ao governo Lacalle Pou. Além disso, os uruguaios não possuem tanta força política no cenário macro, "Não sendo um player é tão estratégico assim. Mas a gente pode dizer que uma perspectiva mais pragmática é a política externa do Uruguai buscar se aproximado do Brasil sobretudo visando acordos comerciais".


Influência de Trump


Símbolo de esperança de direitistas e conversadores, como o próprio Milei ou o ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos impacta nas terras sul-americanas muito mais no campo do discurso, do que nas ações, de acordo com Pablo. Precisando “organizar a própria casa”, a tendência esperada é que Trump não acirre tanto a queda de braço ideológica por aqui:


“O fato de Donald Trump ser eleito, nesse momento, não mexe com a balança das ideologias na América do Sul. Ele tem tantos problemas internos, domésticos, para se meter e tentar resolver, que ele não deve ter força, braço, para tocar nos temas da América do Sul. Ainda que os discípulos dele queiram fazer dessa vitória algo muito mais maiúsculo e substantivo”.


A opinião é partilhada por Cláudio André, que traz a seguinte avaliação: "Obviamente que a vitória de Donald Trump

e a presença de Milei na Argentina impacta, enquanto opositores estratégicos [à política de esquerda]. Mas eu não sei em que medida haverá um estremecimento de relações do Uruguai com a Argentina, por exemplo, com os Estados Unidos também. Até pelo tamanho político do país, por não ser um protagonista, do ponto de vista econômico".


Bahia-Uruguai


Sobre a relação entre a Bahia e o Uruguai, para além da nomenclatura do bairro, localizado na Cidade Baixa, o professor estima que há tendências de aproximação, especialmente na área do turismo, até como forma uma forma de estabelecer pontes entre os dois países. "Eu imagino que, por exemplo, pode haver acordos voltados para o turismo, como um elemento estratégico de maior aproximação entre os dois países. Mas, essas são uma política de turismo já implementadas pelo Governo do estado, inclusive ao buscar grandes centros, com demanda de passageiros".


Daniel Noboa, Javier Milei e Santiago Peña - Reprodução/X


Petro, Arce, Ali, Boric, Boluarte, Maduro, Santokhi, Orsi e Lula - Reprodução/X e Facebook


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