Atlas: cometa de fora do Sistema Solar se aproxima da Terra nesta sexta
O cometa interestelar 3I/ATLAS se aproximará da Terra nesta sexta-feira (19)
Por Bruna Castelo Branco.
O cometa interestelar 3I/ATLAS se aproximará da Terra nesta sexta-feira (19), oferecendo uma oportunidade rara de observação para cientistas e entusiastas da astronomia, inclusive no Brasil. Com informações do SBT News.
De acordo com a Agência Espacial dos Estados Unidos (Nasa), o corpo celeste passará a cerca de 269 milhões de quilômetros do planeta, a menor aproximação desde sua descoberta, em julho de 2025. Não há risco de colisão, e a observação será possível apenas com o uso de telescópios baseados no solo, sem visibilidade a olho nu.

O 3I/ATLAS ganhou destaque nas redes sociais após astrônomos confirmarem que sua órbita não é fechada em torno do Sol, característica que o diferencia dos objetos do Sistema Solar e o classifica como interestelar. Trata-se apenas do terceiro corpo desse tipo já identificado.
“Esse é um objeto que veio de fora do Sistema Solar, vai passar a alguma distância do Sol e depois se afastará para nunca mais voltar”, explica Jorge Márcio Carvano, astrônomo do Observatório Nacional (ON).
A descoberta incomum abriu espaço para especulações envolvendo supostas “anomalias”, “trajetória suspeita” e até questionamentos sobre a massa do cometa. As teses foram impulsionadas por estudos astronômicos preliminares divulgados em fóruns públicos, sem revisão científica, e por um grupo de físicos que levantou a hipótese de o objeto ser uma sonda alienígena.
Segundo Carvano, o cometa se formou em outro sistema planetário, com composições e processos possivelmente distintos dos do Sistema Solar, e pode ter passado bilhões de anos viajando pelo espaço interestelar. “É esperado que ele seja diferente dos cometas do Sistema Solar em alguns aspectos. O que surpreenderia os astrônomos seria se fosse completamente normal”, afirma.

Em relação à massa do 3I/ATLAS, o astrônomo esclarece que a confusão teve origem nas primeiras observações, quando ainda não se sabia que o objeto era um cometa. Na ocasião, o tamanho foi estimado apenas com base no brilho observado, partindo da suposição de que se tratava de um asteroide. Isso levou a uma estimativa inicial de 12 quilômetros de raio — maior que a dos outros objetos interestelares conhecidos, mas compatível com cometas do Sistema Solar.
“Além de se basear em dados preliminares, a desinformação surgiu da falta de contexto”, explica Carvano. “O que estava sendo dito na época pelos pesquisadores é que este objeto interestelar parecia ser grande demais em relação aos outros dois já observados, mas o que foi parar nas chamadas das matérias foi apenas que ele era grande demais”, acrescenta.
Outra suposta anomalia mencionada envolve o “lançamento de poeira em direção ao Sol”. Nesse caso, Carvano destaca que a direção dos jatos depende da distribuição dos gelos no núcleo e de diversos fatores físicos. Os cometas giram em torno de um eixo, com períodos de rotação que variam de horas a dias, e, conforme a orientação do eixo, o aquecimento solar e a composição do núcleo, os jatos podem apontar tanto para o Sol quanto para outras direções.
Por fim, o astrônomo afirma que todos os compostos detectados no 3I/ATLAS já foram observados em cometas do Sistema Solar, embora em proporções diferentes. Segundo ele, essa variação é esperada, considerando que o objeto se formou em um ambiente muito distinto.

O que são cometas?
Os cometas são formados por misturas de gelos, poeira e outros compostos e percorrem órbitas muito alongadas, com grande variação na distância em relação ao Sol. À medida que se aproximam da estrela, o aumento da radiação eleva sua temperatura, fazendo com que os gelos sublimem — passem do estado sólido diretamente para o gasoso — e liberem a poeira aprisionada.
A sublimação pode ocorrer na superfície ou em camadas internas, onde o gás acumulado escapa sob pressão por fendas, formando jatos de gás e poeira. Esse material se acumula ao redor do cometa em uma nuvem chamada “coma” e, ao ser empurrado pela radiação solar, dá origem às chamadas “caudas”. Esses jatos também podem provocar pequenas alterações na órbita do cometa.
Asteroide pode atingir a Terra
O asteroide 2024 YR4, recentemente descoberto, apresenta 2,1% de chance de colidir com a Terra no dia 22 de dezembro de 2032, segundo informações da Nasa. Embora a probabilidade seja baixa, o objeto tem gerado preocupação na comunidade científica, que segue monitorando de perto sua trajetória. Para auxiliar nas observações, em breve será utilizado o telescópio mais potente já enviado ao espaço.
O asteroide foi detectado pela primeira vez em 27 de dezembro de 2024, pelo telescópio Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System (Atlas), localizado no Observatório El Sauce, em Rio Hurtado, no Chile. Cientistas do Catalina Sky Survey Project, financiado pela Nasa, identificaram possíveis áreas de impacto. O "corredor de risco", uma faixa estreita, abrange regiões que vão do norte da América do Sul até a África Subsaariana e a Ásia. Países como Índia, Paquistão, Bangladesh, Etiópia, Sudão, Nigéria, Venezuela, Colômbia e Equador estão entre os mais ameaçados.
A Nasa estima que o 2024 YR4 tenha tamanho semelhante ao da Estátua da Liberdade, nos Estados Unidos. Caso ocorra a colisão, os danos podem atingir até 19 quilômetros a partir do ponto de impacto.
Atualmente, o asteroide é classificado com o nível 3 na Escala de Torino, que avalia o risco de objetos espaciais. A escala vai de 0 a 10. Apesar disso, a situação levou a ONU a ativar, pela primeira vez, seu Protocolo de Segurança Planetária. As agências espaciais esperam que a probabilidade de impacto diminua para zero à medida que mais dados sejam obtidos. Além disso, busca-se por imagens de arquivo que possam ter registrado passagens anteriores do asteroide, contribuindo para os cálculos orbitais.
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