Escândalo no Judiciário: delação de desembargadora baiana compromete magistrados, ex-secretário e senador da república
O documento do acordo de delação, assinado em junho deste ano, contém mais de 600 páginas e foi encaminhado ao Ministério Público Federal.
Foi grande a repercussão, nesta quinta-feira (14/10), em torno do vazamento das informações fornecidas pela desembargadora baiana Sandra Inês Rusciolelli e de seu filho Vasco Rusciolelli, fornecidas em delação premiada e homologadas no Superior Tribunal de Justiça (STJ), por intermédio do ministro Og Fernandes.
As informações que envolvem e comprometem dezenas de pessoas, entre magistrados, políticos, empresários e servidores do judiciário baiano, se relacionam com o esquema de grilagem de terras e vendas de sentenças, além de corrupção, e lavagem de ativos, entre outros crimes investigados na Operação Faroeste.
O documento do acordo de delação, assinado em junho deste ano, contém mais de 600 páginas e foi encaminhado ao Ministério Público Federal. Ficaram previstos a devolução de R$ 4 milhões obtidos ilegalmente no esquema e o cumprimento de 20 anos de prisão para Sandra Inês, porém, de forma progressiva: três meses em regime fechado, além do desligamento do judiciário baiano, sem perda do cargo.
Para Vasco Rusciolelli, ficou acordado o cumprimento de 22 anos de prisão, também, de forma progressiva, sendo 6 meses em regime fechado. Segundo publicação da Folha de São Paulo, à época do início das delações, não necessariamente Sandra e Vasco tinham participações nos eventos relatados. A maioria dos anexos envolve Vasco, que é formado em direito e admite ter atuado na negociação de venda de decisões.
Entre os citados pelos delatores, no esquema, estão o senador e presidente da CPMI das Fake News, Ângelo Coronel (PSD-BA), e o ex-secretário de Segurança Pública da Bahia, o delegado da Polícia Federal Maurício Teles Barbosa, apontado como responsável por coagir quem tentasse contrariar os interesses do grupo criminoso.
Ainda conforme aquela publicação da Folha, segundo a desembargadora, o “quase-cônsul” da Guiné Bissau, Adailton Maturino, e os membros da organização criminosa mapeavam pessoas endividadas com hipotecas imobiliárias comprando com quantia inexpressiva requerendo judicialmente a baixa das hipotecas que era indeferidas por um juiz do Piauí. Depois disso o bem era vendido pelo valor de mercado.
O ponto de partida para a Faroeste foram suspeitas de favorecimento judicial à grilagem em uma área de 366 mil hectares no extremo oeste do estado, próximo à divisa com o Piauí, daí o nome da operação. O terreno teria cinco vezes o tamanho de Salvador. Porém, depois veio a informação de que a área objeto de decisões supostamente compradas era próxima de 800 mil hectares.
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