Seguranças de ACM Neto, policiais que sobreviveram à ação da PM em pousada gravam vídeo e desmentem SSP; "execução"
É D'Almeida quem aparece no vídeo obtido pelo Aratu On, algemado, implorando pela vida. Nesta quarta, o sargento, que está hospitalizado em Itabuna, gravou um vídeo relatando o ocorrido, afirmando que foi atingido enquanto dormia.
O sargento Adeilton Rodrigues D'Almeida, um dos policiais baleados na Pousada Itajuípe, deu sua versão do ocorrido no local, nessa terça-feira (27/9), envolvendo mais agentes da Polícia Militar. Ele desmente a versão divulgada pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) nesta quarta-feira (28).
É D'Almeida quem aparece no vídeo obtido pelo Aratu On, algemado, implorando pela vida. Nesta quarta, o sargento, que está hospitalizado em Itabuna, gravou um vídeo relatando o ocorrido, afirmando que foi atingido enquanto dormia. Ao acordar e dizer que era 'polícia', ainda teria sido alvejado mais três vezes.
"Não sei se eu caí no chão, se me joguei no chão... aí alguns policiais entraram, quebraram a janela e a porta e já atiraram. [Disse] 'Sou polícia' e ainda assim me alvejaram mais três vezes. Aí me deixaram lá. Eu gritando 'eu sou polícia, me dê socorro', mas não me deram, e saí me arrastando até a porta do quarto. Chegando lá, consegui me segurar na parede e fiquei sangrando muito. Um policial, o tempo todo, apontando um fuzil pra mim, dizendo que ia me matar", disse o sargento.
Contudo, os policiais que invadiram o quarto atirando mandaram D'Almeida calar a boca, alegando que "sabiam quem ele era". Só depois de aproximadamente uma hora, segundo ele, que o conduziram em uma viatura para prestar socorro. Antes, teriam utilizado a arma dele para dar diversos disparos dentro do quarto, com a inteção de simular um revide.
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MAIS UMA VERSÃO
Mais dois policiais militares estavam no hotel. O subtenente Alberto Alves dos Santos, que também foi atingido pelos colegas, mas não resistiu. Além dele, um capitão também estava hospedado e contou, em vídeo, o que diz ter visto.
"Um desastre que aconteceu, uma ocorrência desastrosa que vitimou o subtenente Alves. Ele foi executado. Estava dormindo", disse o capitão André Prado, em vídeo. "[Alves e D'Almeida eram] Dois amigos, irmãos. Policiais íntegros, direitos, trabalhadores, do bem, pais de família... referências pra Polícia Militar. Pessoas de honra", concluiu.
O CASO
A caça ao criminoso André Márcio Jesus, o "Buiú", resultou em uma das operações mais malsucedidas dos últimos meses na Bahia. Um vídeo obtido pela equipe de reportagem do Aratu On mostra um policial militar, que integra a equipe de segurança de ACM Neto, candidato do União Brasil ao Governo do Estado, implorando para não ser morto por colegas de farda na pousada de Itajuípe, no Sul da Bahia, onde o político teria agenda de campanha.
Para entender essa história, é preciso voltar algumas horas no tempo. Tudo começou quando "Buiú", assaltante de bancos ligado a uma facção paulista, rompeu a tornozeleira eletrônica na BR-324, minutos após ter sido beneficiado por determinação judicial de saída temporária.
Após ter sido acionada, a PM iniciou as buscas que levaram as equipes ao estabelecimento em Itajuípe, onde ele estaria escondido. Acontece que, no local, os policiais encontraram colegas de farda, que estava hospedados para realizar a segurança de ACM Neto.
No vídeo, que dura poucos segundos, sargento D'Almeida aparece algemado, na parte externa do quarto, e gritando "eu vou morrer".
Vídeo mostra PM, segurança de ACM Neto, já algemado por colegas durante ação em pousada no Sul da Bahia pic.twitter.com/S3Bm5G5W0X
— Aratu On (@aratuonline) September 28, 2022
NOTA DA SSP-BA
Em nota oficial divulgada nesta quarta, a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP) aponta que os dois policiais militares que atuavam como seguranças do candidato ao Governo da Bahia, ACM Neto (União Brasil), atiraram contra os colegas de farda, da Companhia Independente de Policiamento Especializado (CIPE/Cacaueira).
Ainda na versão da SSP, os seguranças do candidato, o subtenente Alberto Alves dos Santos e sargento Adeilton D'Almeida, atiraram contra as guarnições. "Outros dois homens, que estavam armados, reagiram a tentativa de abordagem e atingiram dois soldados que estavam em serviço".
VEJA A NOTA NA ÍNTEGRA
O Comando Geral da Polícia Militar enviou uma equipe da sua Corregedoria para a cidade de Itajuípe, na manhã desta quarta-feira (28), para investigar um confronto, na área interna de um hotel. A fuga de um assaltante de banco originou a ocorrência, que resultou em uma perseguição na região Sul da Bahia.
A Cronologia
Tudo começou quando o assaltante de banco ligado a uma facção paulista, André Márcio Jesus, o "Buiú", deixou o Complexo Penitenciário de Lauro de Freitas, às 13h30, beneficiado por determinação judicial de saída temporária.
Às 13h50 ele deixa o Complexo com uma tornozeleira eletrônica. Por volta de 14h36 ele rompe a tornozeleira, na BR-324, próximo a Candeias. O fato é informado à Polícia Militar pela Seap, que iniciou as buscas ao criminoso.
No município de Uruçuca, no Sul do estado, um assaltante de banco identificado como Bismark e um comparsa são interceptados. Eles reagiram atirando, acabaram atingidos e não resistiram aos ferimentos. O criminoso conhecido como Buiú segue foragido.
Durante a diligência, os militares foram informados sobre homens armados, em um hotel, na cidade de Itajuípe.
Ação no hotel
Diante das informações e proximidade do confronto com o assaltante de banco e um comparsa, guarnições se deslocaram até o estabelecimento em Itajuípe. No local, dois homens são abordados e não reagem.
Outros dois homens, que estavam armados, reagiram a tentativa de abordagem e atingiram dois soldados que estavam em serviço. Houve confronto e os dois autores dos disparos acabaram feridos.
Os dois homens, identificados depois como subtenente Alberto Alves dos Santos e sargento Adeilton Rodrigues D'Almeida foram socorridos. O subtente não resistiu aos ferimentos e o sargento segue internado.
"Lamentamos o confronto. Estamos solidários às famílias e a determinação é que toda a ocorrência seja esclarecida. As armas foram recolhidas e o local do confronto preservado para a realização de perícia", declarou o comandante geral da PM, coronel Paulo Coutinho.
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