Interior

Investigado por chefiar milícia, "Humberto Cachorrão" é reintegrado à PM da Bahia e MP promete novos desdobramentos

O tenente-coronel ficou afastado por um ano, em decisões divididas em 180 dias. Segundo o MP, o período foi necessário para investigações.

Por Jean Mendes

Investigado por chefiar milícia, "Humberto Cachorrão" é reintegrado à PM da Bahia e MP promete novos desdobramentos Créditos da foto: divulgação

O tenente-coronel da Polícia Militar, Carlos Humberto da Silva Moreira, conhecido como "Humberto Cachorrão", foi reintegrado às suas atividades após ser afastado por conta de uma investigação realizada pelo Ministério Público. A informação foi obtida com exclusividade pela reportagem do Aratu On nesta segunda-feira (8/11).


O oficial é alvo da "Operação Alcateia", que apura, desde 2020, uma milícia instalada dentro do batalhão da Polícia Militar do município de Paulo Afonso, a 469 km de Salvador. Extorsões, homicídios, ameaças e torturas que teriam sido praticados por policiais militares entre os anos de 2017 e 2019 estão sendo investigados.


O tenente-coronel ficou afastado por um ano, em decisões divididas em 180 dias. Segundo o MP, o período foi necessário para investigações, que foram efetuadas. "Novos desdobramentos serão informados à imprensa e ao público no momento oportuno", sustentou o órgão, por meio de nota. 


Apesar de ser reintegrado à PM, o nome de "Humberto Cachorrão" ainda não está no Diário Oficial da Bahia. Na prática, isso quer dizer que ele não foi encaminhado para nenhuma unidade da corporação. Antes de ser afastado, ele comandava o 1º Batalhão de Instrução e Ensino, localizado no município de Feira de Santana. 


OPERAÇÃO ALCATEIA 


A situação foi denunciada por reportagem do Aratu On em 2020. A matéria, baseada em um inquérito instaurado pela própria corporação no mês de julho, mostrou que homicídios, extorsões, ameaças e torturas teriam sido praticado por policiais militares entre os anos de 2017 e 2019. 


LEIA MAIS: Humberto "Cachorrão": oficial da PM baiana é investigado por liderar grupo de extorsões, homicídios e ameaças


A publicação coloca o então comandante do 20º Batalhão da PM, tenente-coronel Carlos Humberto da Silva Moreira - o "Cachorrão" -, como "líder do grupo criminoso".  Além dele, é citado também no processo o nome de um outro oficial, o capitão Rodolfo Vieira Santos.


Meses depois, o MP deflagrou a "Operação Alcateia". De acordo com o Ministério Público, foram apurados indícios "veementes" da prática de diversos crimes de homicídio, tráfico de drogas, organização criminosa, além de outros delitos típicos de atividade de milícia, como tortura e extorsão. 


Com base nesses indícios, diz ainda o MP, foram deferidos pela 1ª Vara Crime, Júri, e Execuções Penais da Comarca de Paulo Afonso os pedidos do MP de prisões temporárias de seis policiais militares, buscas e apreensões em endereços residenciais dos investigados e batalhões.


MP APURA MORTE DE TESTEMUNHA


A chave do processo é Alex Cirino Barbosa. Ele, porém, desapareceu no dia 7 de abril de 2021, por volta das 19h45, em Paulo Afonso. O sequestro foi filmado por câmeras de segurança instaladas na rua, que mostram exatamente o momento em que a vítima é abordada, imobilizada, e colocada dentro do veículo utilizado pelos agressores. 


LEIA MAIS: Testemunha contra milícia supostamente chefiada por "Humberto Cachorrão" é sequestrada e MP faz nova operação


As imagens possibilitaram a identificação de uma caminhonete, que já havia sido vista na cidade em poder de um oficial da PM. As evidências revelam que se trata de uma tentativa de intimidar testemunhas e embaraçar a ação penal resultado da "Alcateia", cuja audiência de instrução teve início em abril. 


Por conta do sequestro, foi deflagrada uma nova fase da operação, no mês de abril deste ano. No âmbito, PMs foram presos.


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