VÍDEO: PMs em serviço invadem casa, reviram móveis e são suspeitos de levarem caixa de som, carne e até água de coco
Antes de sair da casa, um policial afirmou que não ia levar a cerveja, mas incentiva os colegas. “Não vou levar cerveja, não. Se quiser levar!”, afirmou o PM. Um dos agentes pega a garrafa térmica azul, que está em cima do sofá, e leva.
Um morador acompanhou ao vivo as imagens de políciais invadindo a casa onde mora na Vila Aliança, Zona Oeste do Rio, e levando alguns dos seus pertencentes. Como a casa já foi revirada outras 10 vezes, o próprietário decidiu instalar câmeras na residência e conseguiu acompanhar tudo por um aplicativo. Segundo a vítima, os militares furtaram uma caixa de som, um vidro de perfume, um quilo de carne congelada e oito caixinhas de água de coco.
As imagens foram obtidas pela Tv Globo. No vídeo, dois policiais militares do Batalhão de Choque com fuzis aparecem mexendo nos bens da família. Um deles se impressiona com uma garrafa de uísque. “É Black Label?!”, indagou. Depois, um agente mexe em uma caixa onde estavam guardados jogos de videogame. “Ó, cheio de jogo maneiro. Só que é Xbox”, desdenhou.
Em um outro trecho, surge um terceiro PM. Um deles pega uma caixa de som portátil e mostra para o colega de farda. “Para não falar que não te dei nada na vida,” diz um policial. “Caixinha, né? Essa é boa, é JBL!”, afirmou o outro. Outro policial pega mais uma garrafa de bebida e brinca. “Ah, isso aqui também está aberto. Ih, tá esculachado já essa p*rra”, disse o policial. Um cão farejador aparece no vídeo.
Seis minutos depois, a imagem não mostra, mas um dos policiais chama o outro para conferir um produto na geladeira. “Casa de luxo! Chega aqui. Vem ver a geladeira para tu ver se é ou se não é”, chama o agente. Antes de sair da casa, um policial afirmou que não ia levar a cerveja, mas incentiva os colegas. “Não vou levar cerveja, não. Se quiser levar!”, afirmou o PM. Um dos agentes pega a garrafa térmica azul, que está em cima do sofá, e leva.
Tudo aconteceu última segunda-feira (7/11), enquanto a PM fazia uma operação na comunidade. Segundo a reportagem, os policiais já foram identificados, afastados das ruas e passarão pelo Conselho Disciplinar da PM. O dono da casa afirma que os PMs não tinham mandado de busca ou qualquer flagrante que justificassem a entrada.
ROUBOS
O morador contau que invasões como essa acontecem com frequência na comunidade. "A outra invasão, que foi na penúltima vez que eles foram, eles abriram com chave-mestra. Eu estava acordado. Era madrugada quando eu comecei a ouvir barulho no meu portão. Nesse dia, não houve nenhum furto porque eu estava em casa. Em quatro meses, já é a 11ª vez que eles vão na minha casa. Eu já não aguento mais”, afirmou o morador.
Depois de terem certeza de que os policiais militares haviam saído da casa, os moradores voltaram e registraram como o local foi encontrado. “Levaram uma caixa de som, aproximadamente um quilo de carne que tinha na minha geladeira, estava congelado, oito caixinhas de água de coco e um perfume”, disse o morador.
O casal, que tem o acompanhamento de um advogado, pretende denunciar o caso na corregedoria da Polícia Militar.“Eu não tenho nenhum mandado de prisão, nenhum mandado de busca e apreensão. Sou uma pessoa limpa. Trabalho. Minha esposa também”, disse.
PM
Durante a exibição do vídeo no RJ TV, o porta-voz da PM, tenente-coronel Ivan Blaz, afirmou em entrevista que o comportamento dos policiais é "inaceitável" e que a Corregedoria da Polícia Militar apura o caso. O nome dos envolvidos não foi divulgado. Segundo ele, pode até ser caso de expulsão.
“Assim que o secretário de Polícia Militar, coronel Luiz Henrique Mario Filho, recebeu as imagens, através da matéria, ele já colocou a Corregedoria da PM no caso, os policiais serão identificados. Assim que forem, serão afastados das ruas e serão submetidos a conselho de disciplina, que pode suscitar até em expulsão”, disse Blaz.
Blaz destacou ainda que conta com a ajuda desses moradores para identificar os militares responsáveis pela invasão. “A Polícia Militar assume o protagonismo da ação correcional, transgressões a disciplina não se explicam, elas precisam ser punidas e isso a Polícia Militar já faz. Contamos com o apoio dessa família para contribuir no processo investigativo para que a gente posso identificar e punir esses policiais”.
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