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Vídeo: Passageira é retirada de voo em Salvador e jornalistas apontam racismo; Gol responde

Sem entender o motivo de precisar deixar o avião, após atraso de mais de duas horas, segundo Samantha, ela se levantou e explanou o ocorrido aos demais passageiros

Por Juana Castro

Vídeo: Passageira é retirada de voo em Salvador e jornalistas apontam racismo; Gol responde

Uma situação dentro de um avião da Gol foi apontada por jornalistas e passageiros como racista, na noite dessa sexta-feira (28/4), em Salvador. Uma passageira, identificada como Samantha Vitena, foi retirada da aeronave que faria o voo 1575, com destino a São Paulo, após conflito na hora de guardar a sua mochila.


Sem entender o motivo de precisar deixar o avião, após atraso de mais de duas horas, segundo Samantha, ela se levantou e explanou o ocorrido aos demais passageiros. Toda a situação foi registrada pela jornalista Elaine Hazin, que compartilhou o vídeo nas redes sociais.


Samantha começa explicando que procurava um local para guardar sua mochila, que continha um laptop, e que não quis despachá-la para que o equipamento não ficasse "aos pedaços". "Os comissários não moveram um dedo pra me ajudar. Quem me ajudou foi esse senhor e essa senhora, e em três minutos a gente conseguiu dar um jeito e colocar a minha mochila", diz.


"Os comissários falaram pra mim que se a gente pousasse em Guarulhos [o pouso seria em Congonhas], a culpa seria minha, porque eu não queria despachar a mochila. Ele teve a coragem de falar isso pra mim. A culpa não é porque o voo está há mais de duas horas atrasado... a culpa seria minha, acreditam?", ironiza, afirmando  que havia guardado a mochila há mais de uma hora, mas, mesmo assim, o avião não decolou. "Agora tem três homens [agentes da Polícia Federal] pra me tirar do voo, sem me falar o motivo" - nesse momento, algumas pessoas se manifestam, falando que a situação era absurda.


"Eu perguntei qual era o motivo e ele disse que não vai falar, e que se eu não sair desse voo ele vai pedir pra todo mundo sair, porque eu estaria desobedecendo e cometendo um crime", continua, até ser interrompida por um dos agentes da Polícia Federal (PF): "A senhora está faltando com a verdade. Eu não lhe disse isso. Eu lhe disse que estava lhe tirando da aeronave por determinação do comandante". Samantha, então, rebate: "então você pode me explicar o motivo?", ao que o agente vai se aproximando dela e fala: "a partir de agora, a senhora me acompanha".


Com a aproximação do policial federal, a passageira questiona: "O senhor vai me violentar? Pode me explicar o motivo?". Outras pessoas pedem para chamar o comandante e o mesmo agente pede para Samanta sentar, ao que ela obedece e o homem determina: "pede pra todo mundo sair da aeronave, por gentileza". Nesse momento, algumas pessoas protestam, falando que Samantha não vai ficar sozinha. "Isso é racismo", dizem.


Depois, um segundo agente da PF fala para Samantha que o motivo de sua saída seria "a segurança do voo". A jornalista Elaine Hazin pergunta se a mulher havia agredido alguém, mas não obtém resposta.


Após mais alguns minutos, Samantha diz que vai sair do avião. "Ok. Então eu saio, eu desço. Não quero atrapalhar o voo de ninguém, não". Em seguida, Elaine afirma que está com medo de que Samantha saia sozinha e o vídeo é encerrado.

Confira, abaixo, o vídeo e o relato da jornalista:


[video width="1080" height="1920" mp4="https://aratuon.com.br/wp-content/uploads/2023/04/passageira-voo-gol.mp4"][/video]

"Meu coração está sangrando neste momento. Presenciei agora à noite um caso extremamente violento de racismo, sofrido por uma mulher negra no voo 1575 da Gol, chamada Samantha. Depois de uma hora de atraso, embarcamos e Samantha não conseguia um lugar pra guardar sua mochila, o voo estava 'cheio' para ela (quando não está, né?).


A tripulação ignorava completamente o desespero desta mulher, que era obrigada a despachar a mochila com seu computador - sendo, inclusive, acusada por parte da tripulação de ser 'a razão do atraso'. Conseguimos um lugar para a mochila de Samantha e nem mesmo assim o voo decolaria. Mais uma hora de atraso, nenhuma satisfação da cia área, gente passando mal no Avião e eis que 3 homens da Polícia Federal entram de forma extremamente truculenta no Avião para levar a 'ameaça' do voo embora - a Samantha. Ela se defende mas não reage, alguns pedem pra ela não ir (na maioria mulheres), eu me desespero, todas com muito medo, apreensão e os policiais ameacam algemá-la. Não dizem a razão de levá-la presa, só que foi uma ordem do comandante.


Samantha era uma ameaça por ser uma mulher, ser preta, ter voz. Ela foi levada pela Polícia, eu quase fui levada junto por defendê-la, me agrediram, me ameaçaram. A mãe de Samantha chorava desesperada ao telefone por não saber o destino de sua filha. Eu chorava também. Outras mulheres e homens se desesperavam. O que eles não sabiam é que Samanta há não estava só - é que enquanto pudermos, enquanto tivermos forças vamos lutar todos juntos contra o racismo! Graças ao meu amigo Manoel Soares, Samantha não ficou só e teve o apoio de 2 advogados. Mas está história não termina aqui, queremos justiça e respeito para todos, queremos que a Gol, este comandante e a tripulação (especialmente um homem chamado Erick) paguem por este crime e os policiais também respondam por tamanha violência."


Eu nao lhe disse isso. disse que estou lhe tirando da aeronave por determinação do comandante


O que diz a Gol


Procurada pelo Aratu On, a Gol enviou um comunicado sobre o caso, afirmando que "as acomodações das bagaens devem seguir as regras e procedimentos estabelecidos, sem exceções. Confira:


"A GOL informa que, durante o embarque do voo G3 1575 (Salvador - Congonhas), havia uma grande quantidade de bagagens para serem acomodadas a bordo e muitos Clientes colaboraram despachando volumes gratuitamente. Mesmo com todas as alternativas apresentadas pela tripulação, uma Cliente não aceitou a colocação da sua bagagem nos locais corretos e seguros destinados às malas e, por medida de segurança operacional, não pôde seguir no voo.


Lamentamos os transtornos causados aos Clientes, mas reforçamos que, por medidas de Segurança, nosso valor número 1, as acomodações das bagagens devem seguir as regras e procedimentos estabelecidos, sem exceções. A Companhia ressalta ainda que busca continuamente formas de evitar o ocorrido e oferecer a melhor experiência a quem escolhe voar com a GOL e segue apurando cuidadosamente os detalhes do caso."


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