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Preocupante: a cada 10 adolescentes baianos, seis já beberam, quatro tiveram relação sexual, três sofreram bullying e dois acham que a vida não vale a pena

A pesquisa investigou 19 temas, sendo 13 diretamente com os escolares.

Por Da Redação

Preocupante: a cada 10 adolescentes baianos, seis já beberam, quatro tiveram relação sexual, três sofreram bullying e dois acham que a vida não vale a penailustrativa/Pexels

Uma pesquisa revelada nesta sexta-feira (10/9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre os estudantes adolescentes baianos trouxe alguns dados preocupantes. A cada 10 adolescentes baianos, seis já beberam, quatro tiveram relação sexual, três sofreram bullying e dois acham que a vida não vale a pena. 


Os dados são da Pesquisa Nacional do Escolar (PeNSE) 2019, embora os números tenham sido divulgados em 2021, realizada em convênio com o Ministério da Saúde. A pesquisa investigou 19 temas, sendo 13 diretamente com os escolares, que responderam aos questionários sozinhos, sem intermediação de entrevistadores, e seis com as direções das escolas integrantes da amostra. 


ÁLCOOL


Em 2019, seis em cada 10 estudantes baianos de 13 a 17 anos já tinham experimentado bebida alcóolica alguma vez na vida (60,6% do total), mesmo que seja proibida por lei a venda para esse público. O dado foi bem maior entre as mulheres (64,9%) do que entre os homens (55,8%).


O índice também era um pouco mais alto entre os estudantes da rede privada de ensino (61,1%, frente a 60,5% na rede pública). Em Salvador, em 2019, 7 a cada 10 estudantes de 13 a 17 anos já tinham consumido bebida alcoólica alguma vez. A proporção também foi maior entre as mulheres (71,5% contra 64,7% dos homens), mas, ao contrário do registrado na Bahia como um todo, o indicador foi levemente superior entre os estudantes da rede pública (68,4%, contra 67,5% na rede privada).


Quase um em cada três escolares baianos que haviam experimentado bebida alcóolica alguma vez fez isso antes do 13 anos de idade (32,6% dos que tinham provado). A experimentação precoce também foi mais frequente entre as mulheres (36,2% das que experimentaram fizeram isso antes de 13 anos) do que entre os homens (28,6%) e entre estudantes da rede privada (34,4% contra 32,4% na rede pública).


A proporção de escolares que experimentaram álcool antes do 13 anos era discretamente maior em Salvador (33,7% dos que já tinham consumido alguma vez), sendo também superior entre as mulheres (34,8% contra 32,5% dos homens) e entre os estudantes da rede privada (34,2% contra 33,5% na rede pública).


O contato com a bebida alcoólica não era algo tão esporádico para 26,8% dos estudantes baianos entre 13 e 17 anos, que disseram ter consumido álcool nos 30 dias anteriores à entrevista da PeNSE. Em Salvador, a proporção de adolescentes que haviam bebido recentemente foi de 34,3%, 4ª maior do Brasil.


Tanto no estado quanto na capital, entre os estudantes de 13 a 17 anos que declararam ter consumido bebida alcóolica recentemente, a forma mais comum de conseguir essa bebida foi em festas - informada por 32,7% dos que tinham bebido recentemente na Bahia e por 34,1% em Salvador.


A segunda forma mais frequente de conseguir bebida alcóolica foi comprando em loja, mercado, bar, botequim ou padaria, informada por 24,1% dos escolares baianos que tinham bebido recentemente e por 29,8% dos soteropolitanos.


DROGAS


A Bahia é estado onde os alunos menos declararam ter experimentado drogas ilícitas, com apenas 5,5% respondendo que sim. Entre as capitais, Salvador teve o 2º menor resultado (9,1%).


No estado, a proporção era praticamente igual entre homens (5,6%) e mulheres (5,5%) e um pouco maior entre os estudantes da rede privada (6,2%) do que na pública (5,4%). Já na capital baiana, houve uma diferença maior entre a experimentação de drogas por parte de homens (10,2%) e mulheres (8,1%) e entre estudantes da rede privada (9,7%) e pública (8,9%).


CIGARRO


A Bahia também era, em 2019, o estado onde os escolares de 13 a 17 anos menos declararam já ter experimentado cigarro (12,9%). A proporção era maior entre os homens (14,2%) do que entre as mulheres (11,6%) e, assim como em todos os estados brasileiros, o número era superior entre os estudantes da rede pública (13,3% frente a 9,7% na rede privada). O percentual de experimentação de cigarro por escolares na Bahia era bastante inferior ao do país como um todo (22,6%).


Entre as capitais, Salvador (18,0%) tinha o 2º menor percentual nesse indicador. Na capital baiana, a proporção de adolescentes homens que já tinham experimentado cigarro (20,1%) também era maior que a de mulheres (16,0%) e entre os estudantes da rede pública (19,9%, frente 13,0% na rede privada).


SEXO 


O IBGE percebeu que, em 2019, 35,0% dos escolares de 13 a 17 anos na Bahia já haviam tido alguma relação sexual. Esse número era bem maior entre os homens (40,8%) do que entre as mulheres (29,8%). Havia desigualdade importante também entre estudantes da rede pública (36,3%) e da rede privada (25,1%). 


Quase quatro em cada 10 escolares baianos que já haviam feito sexo alguma vez na vida tiveram a primeira relação antes dos 13 anos de idade (39,6% dos que haviam tido alguma experiência). Também era significativamente maior entre os homens (44,8% dos que já tinham tido relação sexual começaram antes dos 13 anos) do que entre as mulheres (33,1%) e entre estudantes de escolas públicas (40,2%, frente a 32,6% na rede privada).


Dentre os adolescentes que já haviam feito sexo, 40,0% (quatro em cada 10) não utilizaram camisinha na primeira relação, percentual que não mudava muito quando a pergunta dizia respeito à relação sexual mais recente que haviam tido (38,8% não tinham feito uso de camisinha nessa ocasião). 


Em 2019, Salvador tinha, entre as capitais, o 3º maior percentual de escolares de 13 a 17 anos que já haviam iniciado a vida sexual (39,9% ou quatro em cada 10). O percentual de adolescentes que já haviam tido alguma relação sexual também era bem maior entre os homens (45,7% frente a 34,4% das mulheres) e entre estudantes da rede pública (44,3% frente a 28,3% na rede particular). 


Já a iniciação sexual antes dos 13 anos era um pouco menos comum na capital do que no estado como um todo, informada por 36,3% dos adolescentes que já haviam feito sexo alguma vez, sendo 46,2% entre os rapazes e 23,8% entre as moças. Também havia desigualdade importante por rede de ensino, com alunos das escolas públicas mostrando um maior percentual (39,2%, frente a 24,5% na rede privada).


Na capital, o uso da camisinha não ocorreu na primeira relação sexual para 42,8% dos adolescentes. Na relação mais recente, 43,4% não usaram camisinha.


GRAVIDEZ


Os dados mostram que um em cada 10 estudantes mulheres de 13 a 17 anos que haviam tido relação sexual contou ter já ter engravidado (12,1%). O percentual estava bem acima do nacional (7,9%) e era o 5º maior entre os estados. Entre as alunas da rede pública, a resposta foi afirmativa para 13% e nas escolas particulares a taxa foi de 1,7%.


Salvador tinha, em 2019, o maior percentual entre as capitais de adolescentes mulheres que já havia engravidado: 13,0% das que já haviam tido relação sexual. Assim como no estado em geral, havia uma desigualdade muito grande entre alunas da rede pública (onde 15,7% já haviam engravidado) e privada (2,2%).


VIOLÊNCIA SEXUAL 


A relação ou qualquer outro ato sexual foi algo imposto contra a vontade para 5,1% dos estudantes baianos de 13 a 17 anos de idade. O percentual no estado foi o 2º menor do país, só acima do verificado no Rio Grande do Sul, MAS ainda assim representava 44.585 adolescentes. 


Em todo o país, o sexo forçado era uma realidade mais frequente para as mulheres. Na Bahia, 7,2% das estudantes de 13 a 17 anos relataram essa violência, frente a 2,8% dos rapazes. A frequência também era maior entre alunos e escolas públicas (5,3%) do que privadas (3,9%).


A ocorrência da violência sexual diminuía conforme aumentava a idade do adolescente. Na Bahia, quase 6 em cada 10 adolescentes que disseram ter sido forçados a ter relação ou qualquer outro ato sexual tinham menos de 13 anos quando isso ocorreu: 56,9% ou 25.369 pessoas. Quase metade dos escolares forçados ao sexo (48,4%) disseram que a violência partiu de um pareceiro/parceira (informado por 28,3%) ou um amigo/amiga (20,1%). 


O quadro em geral era similar em Salvador, ainda que os percentuais fossem um pouco maiores. Na capital, 6,0% dos estudantes de 13 a 17 anos disseram ter sido forçados a ter relação ou outro ato sexual - a menor proporção entre as capitais.  A percentagem foi maior entre as mulheres (8,6%) do que entre os homens (3,2%) e entre estudantes da rede pública (6,8%, frente a 3,8% na rede privada). 


Na capital, dentre as vítimas, 55,1% disseram ter menos de 13 anos quando a violência sexual ocorreu. O/a agressor/a mais citado/a foi uma pessoa desconhecida (por 26,7% das vítimas); em seguida vinha namorado/a ou ex (por 24,8%). 


AGRESSÃO


Entre 2018 e 2019, 1 em cada 5 adolescentes na BA foi agredido por pai, mãe ou responsável; Salvador era capital com o 3o maior percentual (27,0%). A agressão física por familiar direto foi mais frequente entre as mulheres (20,2%) do que entre os homens (18,5%) e entre estudantes da rede privada (24,0%, frente a 18,0% na rede pública). 


SAÚDE MENTAL 


Em 2019, 16,3% dos estudantes de 13 a 17 anos na Bahia avaliavam negativamente a sua própria saúde mental. Mesmo que a maioria tenha votado afirmativamente, 3 em cada 10 escolares afirmavam se sentir tristes na maioria das vezes ou sempre (29,6%). 


Sentir-se triste era um problema muito mais frequente entre as mulheres. Na Bahia, afetava 4 em cada 10 escolares do sexo feminino (41,2%), muito mais que o dobro do percentual de homens (16,8%). Não havia diferença marcante no percentual de estudantes que diziam se sentir tristes na rede pública (29,7%) ou privada (29,0%).


O percentual de escolares que se sentiam tristes na maioria das vezes ou sempre foi mais alto em Salvador: 34,8%. Essa condição afetava quase metade da escolares mulheres (48,7%) e 1 em cada 5 rapazes (20,2%). Estudantes da rede pública na capital relataram uma ocorrência maior do problema (37,0%) do que na rede privada (28,9%).


Num sentimento ainda mais extremo, em 2019, 2 em cada 10 escolares de 13 a 17 anos de idade na Bahia sentiam que a vida não valia a pena ser vivida na maioria das vezes ou sempre (21,1%). Mais uma vez, as mulheres informaram muito mais a sensação de que a vida não valia a pena (28,7%) do que os homens (12,7%). O sentimento também era mais frequente entre estudantes da rede pública (21,5%) do que na rede privada (17,9%).


Em Salvador, a ocorrência frequente ou sempre do sentimento de que a vida não valia a pena ser vivida foi informada por quase 1 em cada 4 estudantes de 13 a 17 anos (24,2%). O problema também afetava muito mais as mulheres (32,5%) do que os homens (15,5%) e era mais frequente entre escolares da rede pública (26,6%) do que na rede privada (17,8%).


BULLYING


O estado alcançou a menor proporção de aunos que sofrem bullying em todo o Brasil, mas o número ainda é alto: 1 em cada 3 adolescentes que estudavam disse ter sofrido bullying na escola, isto é sentiu-se humilhado/a por provocações de colegas pelo menos uma vez nos 30 dias anteriores à entrevista da PeNSE (34,1%). 


A pesquisa apontou que o problema afeta mais mulheres e alunos da rede privada. Tanto na Bahia quanto no Brasil, as mulheres eram proporcionalmente mais vítimas de bullying que os homens. No estado, 36,7% das escolares relataram ter sido humilhadas na escola; entre os homens a proporção foi de 31,2%. Além disso, 38,9% dos adolescentes de escolas privadas baianas disseram ter sofrido bullying pelo menos uma vez recentemente, frente a 33,5% na rede pública. 


Em Salvador, a proporção de adolescentes que disseram ter sofrido bullying na escola ao menos uma vez nos 30 dias anteriores à pesquisa foi discretamente maior que no estado como um todo, alcançando 35,6% - a 4ª menor entre as capitais pesquisadas pelo IBGE. Na capital baiana, sofrer bullying também foi mais frequente entre mulheres (38,2%) do que homens (32,9%), mas praticamente não houve diferença entre rede privada (35,9%) e pública (35,5%).


A aparência era a principal causa de humilhação: na Bahia, 15,6% dos escolares que sofreram bullying indicaram como motivo a aparência do corpo e 10,7%, a do rosto; em Salvador, 19,0% indicaram a aparência do corpo e 11,4%, a do rosto. A notícia boa é que o cyberbullying diminuiu: em 2019, 1 em cada 10 escolares baianos de 13 a 17 anos disse ter se sentido ameaçado, ofendido ou humilhado nas redes sociais ou aplicativo de celular, nos 30 dias anteriores à pesquisas.


As mulheres (14,3%) relataram mais o problema do que os homens (9,3%), e os estudantes de escolas públicas (12,0%) um pouco mais que na rede privada (11,4%). Em Salvador, o cyberbullying foi um pouco mais frequente do que no estado como um todo, informado por 13,4% dos escolares de 13 a 17 anos. Também foi mais relatado pelas mulheres (16,6%) do que pelos homens (10,2%) e por estudantes da rede pública (14,3%) do que privada (11,3%).


QUANTIDADE


No ano da pesquisa, a Bahia era o quarto estado do Brasil com o maior contingente de escolares entre 13 e 17 anos: 874.222 pessoas. Do total, a maioria era de mulheres (52,6% ou 459.731), enquanto 47,4% eram homens (414.490). Quase 9 em cada 10 estudantes de 13 a 17 anos, na Bahia, frequentavam escolas da rede pública (88,5% do total, ou 773.976), percentagem acima da nacional (85,5%).


O estado teve também a maior proporção de alunos que se declaravam pretos, 27,7%, mais que o dobro do Brasil como um todo, que alcançou 13,7%. Ao mesmo tempo, alcançamos o menor índice do país de estudantes autodeclarados brancos (17,9%), exatamente metade do indicador nacional (35,8%). 


A capital, Salvador, tinha o sétimo maior contingente de escolares entre as capitais, com 124.582 estudantes  de 13 a 17 anos, sendo 51,0% mulheres (63.531) e 49,0% homens (61.051). Nesta cidade, 7 em cada 10 pessoas nessa faixa de idade estudavam na rede pública (72,9% ou 90.790). A capital baiana também tinha o maior percentual de estudantes entre 13 e 17 anos autodeclarados pretos (33,6%) e o menor de brancos (19,5%). Possuía ainda o maior percentual de escolares indígenas entre as capitais brasileiras (5,5%). 


CASA


Embora 56,3% dos estudantes baianos entre 13 e 17 anos morassem com mãe e pai, 3 em cada 10 (31,8%) disseram morar apenas com a mãe. Na capital, a importância das mães solo foi ainda maior: menos da metade dos estudantes de 3 a 17 anos residiam com mãe e pai (48,7%), e 4 em cada 10 (40,1%) moravam só com a mãe.


ATIVIDADE FÍSICA


A pesquisa pontou que, em 2019, 1 em cada 4 escolares baianos era ativo, mas quase 5 em cada 10 passavam mais de 3 horas por dia em tempo de tela sedentário Isso quer dizer que 25,4% praticavam pelo menos 300 minutos acumulados de atividades físicas por semana, fosse no deslocamento entre casa e escola, em aulas de educação física na escola ou atividades físicas extraescolares.


Tanto no estado quanto na capital, havia uma diferença marcante entre o percentual de adolescentes homens e mulheres fisicamente ativos, com vantagem para os homens. Na Bahia, enquanto 35,7% dos escolares homens eram ativos, a proporção caía pela metade entre as mulheres (16,1%). Em Salvador, os percentuais eram, respectivamente, 36,0% e 16,7%.


Além de não serem tão ativos quanto os estudantes de outros estados, os/as baianos também ficavam mais em frente à TV do que a média: 39,5%, ou 4 em cada 10, assistiam a mais de duas horas de TV por dia. O percentual estava acima do nacional (36,0%) e era o 5º maior do país.  O IBGE chama atenção para o fato de que os estudantes da rede pública (40,5% na Bahia e 43,0% em Salvador assistiam a mais de duas horas diárias de TV) são menos ativos do que das escolas privada (32,0% no estado e 32,4% na capital) .


Se, além do tempo de TV, adicionavam-se à conta as horas de lazer passadas realizando outras atividades sentados (inclusive no computador ou outras telas), quase metade dos escolares baianos passava mais de três horas por dia no que pode ser considerado tempo de tela sedentário (48,2%). Em Salvador, o percentual de escolares com mais de três horas por dia de tempo de tela sedentário subia significativamente e chegava quase a 6 em cada 10 (58,4%). 


Tanto na Bahia quanto em Salvador, a maior diferença para esse indicador também se verificava na esfera administrativa da escola, só que agora com predomínio na rede privada. No estado, enquanto 60,1% dos estudantes de escolas privadas passavam mais de três horas em frente a telas, o percentual caía para 46,7% na rede pública. Na capital, as proporções eram, respectivamente, 61,1% e 57,4%.


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