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Políticos debatem alta letalidade da polícia baiana; nos últimos três dias, 19 pessoas foram mortas pela PM no estado

Para deputados, investimento em formação dos policiais e nas câmeras nos fardamentos deles podem ajudar a diminuir letalidade das ações

Por Lucas Pereira

Políticos debatem alta letalidade da polícia baiana; nos últimos três dias, 19 pessoas foram mortas pela PM no estadoCréditos da foto: Ilustrativa/Pexels/Karolina Grabowska
Após a divulgação de que 19 pessoas foram mortas, entre a sexta (28/7) e a segunda-feira (31), durante três operações da Polícia Militar da Bahia, nas cidades de Camaçari, Itatim e Salvador, no bairro de Cosme de Farias, políticos baianos se posicionaram sobre a alta letalidade das operações da PM baiana.
Para o deputado estadual e Pablo Roberto (PSDB), o alto número de mortos em ações da polícia é resultado da falta de formação dos policiais do estado. "Falta uma apresentação de um plano de enfrentamento muito claro, que seja estratégico, um planejamento de formação continuada que possa qualificar o profissional de segurança pública", afirmou Pablo, que é presidente da comissão de segurança pública da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba).  Para ele, a segurança pública é um dos grandes problemas dos 20 anos de gestão do PT na Bahia.
O deputado estadual Hilton Coelho (Psol) concorda que a segurança na Bahia precisa de mais esforço do governo estadual, mas afirma que a sociedade civil também precisa se envolver na resolução do problema. "Esses dados sobre a violência na Bahia significa materialização do que nós poderíamos chamar de crônica das mortes anunciadas", afirma Hilton.
O parlamentar apontou ainda que há modos para superar essa problemática: "[É preciso] uma discussão ampla sobre propostas que estão na mesa, como a implementação das câmeras nos fardamentos dos policiais, assim como o maior investimento na investigação policial e a implementação da CPI do genocídio da Juventude Negra e Periférica".
Em entrevista dada ao programa QVP, da TV Aratu, o tenente-coronel Marcelo Pitta falou sobre os incidentes do final de semana, afirmando que as ações feitas pela PM tem sido realizadas por meio da inteligência da polícia e que as iniciativas da corporação são sempre "no intuito sempre de resguardar a nossa sociedade e tirar de circulação pessoas envolvidas com o crime".
DILEMAS DA TECNOLOGIA
Em termos de investimentos, a SSP afirma apostar no aprimoramento tecnológico, de modo a aumentar a eficácia de sua operação. Apenas no primeiro semestre de 2023, foram mais de 300 prisões utilizando o Sistema de Reconhecimento Facial, que custou mais de R$ 600 milhões, desde sua implantação em 2018. O sistema opera em 80 cidades da Bahia e tem perspectiva de ser expandido para outros 40 municípios.
"Estamos trabalhando fortemente para isso [a expansão] e acreditamos que a tecnologia, muito bem utilizada, entregue nas mãos dos policiais, possa surgir efeitos positivos na segurança pública", afirmou o superintendente de tecnologia da SSP, coronel Marcos Oliveira.
https://youtu.be/zRRY4olU1T4
LEIA MAIS: SSP-BA anuncia mais de 300 presos por reconhecimento facial e especialistas acusam racismo no sistema
CASOS RECENTES
Nesta segunda-feira (31/7), quatro pessoas morreram em uma ação da Rondesp Atlântico no bairro de Cosme de Farias, em Salvador. A assessoria da PM informou que, durante um policiamento na região, populares afirmaram aos policiais que homens estavam traficando e estes foram localizados, atirando contra as guarnições. No confronto, quatro morreram.
No domingo (30/7), seis homens e duas mulheres morreram após confronto com a polícia na cidade de Itatim, localizada a 214 km de Salvador. De acordo com a Secretária de Segurança Pública (SSP-BA), os indivíduos estavam em um grupo e atiraram contra os militares após avistá-los.
A situação em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador (RMS), na última sexta (28/7), foi semelhante. Na ocasião, 15 homens, apontados como membros de uma facção criminosa, estavam reunidos e planejavam tomar o território de uma organização rival, quando foram abordadas pelas forças de segurança pública. Iniciada a troca de tiros, oito pessoas escaparam por um matagal; os demais, foram baleados, socorridos, mas não resistiram aos ferimentos e morreram.
O balanço total das operações foi de 19 mortos, incluindo um integrante do Baralho do Crime, conhecido como "Fofão", além da apreensão de:
- Três submetralhadoras;
- Duas espingardas;
- Dez pistolas;
- Três revólveres;
- Carregadores e munições;
- Várias drogas (maconha, cocaína e crack).
Vale lembrar que, no último dia 23 de julho, após uma incursão da PM na região de Portão, em Lauro de Freitas, o garoto Gabriel Silva da Conceição Júnior, de 10 anos, foi baleado e morreu. Enquanto a corporação afirma que foi recebida a tiros por homens armados, os moradores da comunidade e familiares do garoto relatam que os militares chegaram atirando. A SSP afastou os policiais envolvidos e segue com as investigações sobre a ação.
NÚMEROS ALARMANTES
Os dados apontam que, em 2022, a Bahia superou a marca de 1.400 mortes em ações das forças de segurança no estado - foram 1.464 óbitos, de acordo com o levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A pesquisa mostra que as vítimas têm um padrão: são jovens, entre 18 e 24 anos, em maioria negros, mortos por disparos de arma de fogo.
Inclusive, entre janeiro e junho de 2023, o bairro do Tancredo Neves apresenta maior registro de tiroteios, segundo o Instituto Fogo Cruzado, foram 30 ocorrências, com 18 pessoas mortas e 12 feridas. Além dos três com mais conflitos armados, Fazenda Grande do Retiro e Pernambués, também foram listados. Federação, Lobato e Valéria, fechando o grupo dos seis bairros mais afetados pela violência urbana em Salvador. No total, o instituto registrou 792 tiroteios, com 759 vítimas no primeiro semestre em Salvador e na Região Metropolitana.
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