Com medo de matar a ex por ciúmes, homem chama a PM e pede pra ser preso; "abri um BO contra mim"
"Tenho consciência que estou errado. Por isso tive essa atitude. Não quero ser mais um que mata mulher. A decisão que eu ia tomar ia ser errada", confessou.
Um crime de feminicídio foi evitado, não porque o homem desistiu de cometer o crime, mas porque ele conseguiu ser preso antes de fazê-lo. Samuel Santos Souza, de 24 anos, não aceitava o fim do seu relacionamento e chegou a ameaçar a ex de morte, porém chamou a Polícia Militar e pediu para ser preso para que o crime não acontecesse.
O caso aconteceu no bairro Resistência, em Vitória, no Espirito Santo. Samuel, que havia traído a esposa três vezes, ficou revoltado ao saber que a ex-parceira já tinha iniciado um novo relacinamento.
"Mandei várias mensagens dizendo pra ela que se ela não voltasse comigo ia matar ela e o cara que estava com ela. Essa é a realidade. Então, para isso não acontecer, eu abri um BO [Boletim de Ocorrência] contra mim mesmo para proteger a vida dela e a da minha filha também. Fui na residência dela, me alterei, ela se sentiu coagida, passou uma viatura e eu mesmo chamei a viatura pra mim", disse, antes de ser encaminhado ao presídio, na terça-feira (22/2).
Apesar de ter sentido vontade de cometer o crime, ele salienta que nunca bateu em nenhuma mulher. "Tenho consciência que estou errado. Por isso tive essa atitude. Não quero ser mais um que mata mulher. A decisão que eu ia tomar ia ser errada. Eu sei que vou estragar minha vida. Nunca passei por uma situação como essa. Estou aliviado porque aqui [na prisão] consigo deixar ela segura", explicou, segundo o G1 Espírito Santo.
JUSTIÇA
A Polícia Civil informou que ele e a ex foram encaminhados ao Plantão Especializado de Atendimento à Mulher (PEM) e Samuel foi autuado em flagrante pelo crime de ameaça na forma da Lei Maria da Penha. Foi definida uma fiança a ser paga, mas o homem não pagou e não quis comentar o valor.
A Justiça converteu a prisão temporária em prisão preventiva e determinou que o homem seja encaminhado para equipe de saúde devido ao quadro de instabilidade mental.
VÍTIMA
A ex-mulher de Samuel tem 32 anos e preferiu não se identificar. Ela disse que nunca foi agredida por ele, mas vinha sofrendo ameaças depois da separação. "Ele era ciumento e possessivo. A gente terminou e ele estava tranquilo, mas depois ele não aceitou o término e começou a me pressionar para voltar. Estava me ameaçando o tempo todo e você via no olhar dele que ele não estava sozinho. Ele nunca encostou um dedo em mim, mas xingava", contou.
O casal ficou junto por quatro anos e tem uma filha de três. O relacionamento acabou há quatro meses. A quase-vítima disse que, antes de chamar a polícia, Samuel a ameaçou mais uma vez.
"Ele veio trazer ela [filha] porque queria me ver. Falou que queria conversar e se eu não deixasse ele entrar ia pular o muro da minha casa. Passou uma viatura na hora, ele disse que era pra eu chamar a viatura porque ia precisar. Ele parou a viatura e conversou com os policiais", disse.
Segundo a mãe da vítima, o ex-genro sempre foi alegre e nunca demonstrou agressividade. Ela acredita que neste momento o ideal é que Samuel fique preso. "Pelo menos para dar um tempo, para ter uma segurança maior porque se ele sair agora não dá nem tempo da gente ver o que vai fazer", conta.
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