Babalorixá acusa padre de expulsá-lo de igreja em Salvador; Arquidiocese se manifesta
Situação aconteceu na última sexta-feira (22/3), um dia após o Dia Nacional das Tradições de Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé
Um babalorixá identificado como Adriano Santos afirma ter sofrido racismo religioso em uma igreja católica em Salvador. A situação teria ocorrido na última sexta-feira (22/3) e é investigada pela Polícia Civil, por meio da Coordenação Especializada de Repressão aos Crimes de Intolerância e Discriminaçã (Coercid).
Nas redes sociais, o influenciador digital Ronald Alagan, que estava com Adriano, contou que o babalorixá foi até a Igreja Nossa Senhora dos Mares, na Cidade Baixa, com dois iaôs - filhos de santo que estão em iniciação no Candomblé - para receber a bênção do padre, algo comum para alguns terreiros, devido ao sincretismo religioso.
Vestindo trajes que reforçam as matrizes africanas, eles teriam sido expulsos pelo padre, por suposto desrespeito à religião católica. "Foi botado pra fora da igreja. O padre parou a missa e botou ele pra fora", disse Alagan. "Dizem que aqui é a Bahia 'de todos os santos'", completou o influenciador, ironizando.
Em outro momento do vídeo, Adriano pontuou que o padre falou que eles estavam desrespeitando a religião católica e informou que vai procurar o Ministério Público para relatar o ocorrido.
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Nesta segunda-feira (25/3), a Arquidiciocese de Salvador emitiu uma "nota de esclarecimento" pontuando que repudia quaisquer atos de intolerância religiosa, "defendendo o profundo respeito aos lugares de culto, aos próprios cultos e aos seus participantes".
Confira a nota na íntegra:
A Arquidiocese de São Salvador da Bahia tem valorizado e promovido o diálogo inter-religioso, contando com uma Comissão Arquidiocesana para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso, participando de iniciativas que visam a superação da intolerância religiosa e a convivência fraterna, respeitosa e pacífica entre os membros das diversas confissões religiosas. Portanto, repudia quaisquer atos de intolerância religiosa, defendendo o profundo respeito aos lugares de culto, aos próprios cultos e aos seus participantes.
A respeito dos fatos veiculados pela mídia ocorridos na Igreja Nossa Senhora dos Mares, em Salvador, dia 22 de março, envolvendo o pároco, Pe. Manoel da Paixão Gomes do Prado, e alguns adeptos do Candomblé, a Arquidiocese está acompanhando atentamente, em vista da justa apuração do ocorrido. O referido sacerdote, no exercício do seu ministério, conforme o proceder do clero, nesta Arquidiocese, não tem favorecido a discriminação e o desrespeito entre as religiões, nem adotado postura racista de qualquer natureza, pautando-se sempre pelo zelo pela celebração eucarística.
Esperamos que as repercussões do fato em questão não venham a prejudicar o importante Diálogo Inter-Religioso em curso nesta Arquidiocese; ao contrário, sejam ocasião para o aprimoramento das orientações pastorais, no cumprimento da legislação canônica e civil.
Salvador, 25 de março de 2024.
Confira o pronunciamento do padre Manoel da Paixão Gomes do Prado:
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