Caso Joca: Gol não tinha veterinário para avaliar se cachorro podia pegar avião de novo, diz tutor
Cão da raça Golden Retriever morreu após ser enviado para destino errado. Entenda os cuidados necessários para o transporte de animais
João Fantazzini, tutor de Joca, cachorro da raça Golden Retriever que morreu após ser enviado para destino errado pela Gol, nesta terça-feira (23), disse que a companhia aérea não tinha veterinário para atestar se o cão poderia viajar de volta para São Paulo, após ser transportado por engano para Fortaleza, no Ceará. O cão, na verdade, deveria ser encaminhado para Sinop, no Mato Grosso. A declaração foi dada ao programa Tá na Hora, do SBT.
Questionada pela reportagem, a Gol não esclareceu se disponibiliza veterinário para o serviço de transporte de animais. No entanto, a Agência Nacional de Aviação Civil (Aac), que abriu um processo administrativo para apurar o caso ao Ministério de Portos e Aeroportos, não exige um profissional para o serviço, apenas apresentação de um atestado médico-veterinário prévio, que autoriza a viagem do animal.
No entanto, segundo Fantazzini, uma viagem que duraria duas horas e meia para Joca, acabou tendo uma duração de oito horas. De acordo com o médico-veterinário e assessor técnico do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFVM) Andreey Teles, dependendo da extensão da viagem e de outros fatores considerados na avaliação do médico-veterinário, o pet pode precisar de medicação específica.
Joca morreu de parada cardiorrespiratória, mas as causas ainda não foram esclarecidas. O corpo do animal foi submetido ao exame de necropsia, e o resultado deve sair em 30 dias. Posteriormente, os laudos serão analisados. A Delegacia do Meio Ambiente de São Paulo também está investigando o caso.
VIAJAR GERA SOFRIMENTO AO PET
Ainda segundo Andreey, o transporte de animais em aviões, por exemplo, sempre, faz com que o pet se submeta a condições de estresse, uma vez que estará em um ambiente diferente do habitual, escuro, longe do dono, com cheiros diversos (principalmente se estiver sendo transportado com outros animais) e barulhos que podem causar medo. "Tudo isso pode contribuir para um estado de tensão", diz.
Por isso, ele elenca alguns cuidados que devem ser tomados pela empresa para amenizar esse sofrimento: 1) controle da temperatura do porão da aeronave; 2) fixação da caixa de transporte do pet sem encostá-la em outros volumes, para permitir a circulação de ar; 3) prioridade no desembarque do pet, evitando sua exposição ao calor ou frio intensos (dependendo do lugar onde o mesmo será desembarcado); 4) e monitorar o pet para verificar se há necessidade de suporte médico-veterinário.
GOL SUSPENDEU O TRANSPORTE DE ANIMAIS
A companhia aérea suspendeu o transporte de cães e gatos nos porões das aeronaves por 30 dias. “A apuração dos detalhes do ocorrido está sendo conduzida com total prioridade pelo nosso time”, disse a nota da companhia.
ENTENDA O CASO
O tutor João Fantazzini estava se mudando para o Mato Grosso e embarcou para Sinop com o intuito de chegar à cidade no mesmo horário que o cachorro. Ao desembarcar, no entanto, foi informado de que o animal, que estava em uma caixa de transporte, havia sido levado para Fortaleza.
A viagem, que deveria levar até duas horas e meia, demorou quase oito horas. Durante a espera, Joca ficou cerca de 1h30 na pista de embarque e desembarque, com temperatura de 36°C. A família conta que o cachorro ficou sem comida durante o período.
A companhia ofereceu voo de ida e volta de Mato Grosso a São Paulo gratuito, além de hospedagem para João. Ao chegar a São Paulo, um funcionário da companhia recebeu o tutor, dizendo que Joca não “se sentiu bem” durante voo e que um veterinário havia sido acionado pela companhia. Quando desembarcou, o cachorro já estava sem vida.
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