Familiares dos três jovens mortos durante uma ação da Polícia Militar no bairro de Mussurunga, em Salvador, fizeram um protesto na manhã desta segunda-feira (30/11). A versão oficial, dada pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), era de que o trio fazia parte de um "bonde" que pretendia confrontar uma fação rival quando foi interceptado por guarnições, na madrugada de sábado (29/11).
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Os moradores, entretanto, contestam. "Mais uma vez, de praxe, a PM invade áreas periféricas, entra atirando sob alegação de que seriam meliantes. E no caso dessa última sexta-feira, eles entraram aqui onde estava acontecendo uma festa e saíram deflagrando vários tiros, matando três crianças", diz o pai de uma das vítimas, que não quis se identificar.
Para ele, a versão oficial só o deixa ainda mais revoltado com a morte. "Estão denegrindo a imagem do meu filho, dizendo que houve drogas e armas!", reclama. Segundo o pai, o filho estava com os amigos conversando. "Foram em um bar que 'tava' acontecendo um som, nós não temos áreas de lazer. Mataram três inocentes, três jovens", lembra.
Na versão da SSP, pelo menos 20 pessoas estavam no "bonde". Os policiais dizem que tentaram dar voz de prisão, mas foram recebidos a tiros. Além das três vítimas fatais, um quarto homem foi baleado e seu estado de saúde não foi divulgado. Todos foram levados ao Hospital Menandro de Faria, em Lauro de Freitas. Na ação, a polícia diz que foram apreendidos três revólveres calibres 45, 38 e 32, além de munições e porções de drogas.
A mãe de outra vítima, que tinha 19 anos, conta que o jovem ajudava em casa. "Eu recebi a notícia seis da manhã, meu filho me deu dinheiro pra que eu comprasse uma guia. Eu iria vender água e churrasco. Era o dinheiro do auxílio [emergencial] dele, antes que pensem que era de drogas", ressalta.
Ela lembra que se assustou quando ele avisou que ia sair. "Eu disse: 'se for pra paredão, não vá, porque a polícia não tá chegando, está matando'. Foi dito e certo. 'Botaram' arma, 'botaram' droga, e ainda sumiram com o documento de meu filho, pois ele chegou no Menandro [hospital] como indigente".
A mãe diz que reconheceu o corpo do filho no Instituto Médico Legal e percebeu que ele foi morto com um tiro no peito. "Se fosse troca de tiro, meu filho ia ter um tiro só no peito?", questiona.
O pai da outra vítima fez um apelo. "Eu quero que o Ministério Público tome parte disso, corregedoria [ da PM]. Eu quero proteção policial, a gente sabe que esses homens são covardes e podem fazer mais uma vítima, e eu entrar pra estatística", alerta. A ação foi realizada pela Companhia Independente de Policiamento Especializada (CIPE/Polo Industrial), que originalmente é responsável pelo policiamento em Camaçari, na Grande Salvador.
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Fonte: Da redação