Dono de relojoaria que ajudou garoto engraxate é enquadrado pelo MP; "jamais ia esperar isso"
Dono de relojoaria que ajudou garoto engraxate é enquadrado pelo MP; "jamais ia esperar isso"
No início do mês de agosto, nas vésperas do Dia dos Pais, um vídeo de um garoto de apenas 10 anos, que trabalha como engraxate, comoveu o Brasil. O Aratu On foi atrás e contou toda a história de Mário, o pequeno que juntou dinheiro, entrou em uma relojoaria para comprar um relógio para o pai e acabou recebendo uma surpesa do dono do estabelecimento, o senhor Paulo Cézar da Silva.
Na ocasião, em um gesto singelo, o dono da relojoaria - localizada em Catalão, Goiás -, devolveu ao pequeno a quantia em dinheiro e disse a ele palavras de incentivo. "Continue trabalhando, que Deus tem projeto na sua vida, que Deus vai te fazer um grande homem e que o trabalho dignifica”.
A situação, no entanto, não foi bem vista pelo Ministério Público de Luziânia-GO. Um dos motivos seria uma suposta apologia ao trabalho infantil. Em um Termo de Ajustamento de Conduta referente ao caso, o comerciante foi proibido, entre outras medidas, de dar entrevistas sobre o assunto.
Paulo, no entanto, afirmou que "não irá se calar". Por telefone, revelou à reportagem do Aratu On, na manhã desta quinta-feira (10/9), estar bastante triste e chateado com toda situação. Segundo ele, a ação do MP o pegou de "surpresa".
"Jamais ia esperar isso. Estou triste porque você quer falar uma coisa, usar uma força de expressão e entendem tudo errado. Quantas crianças estão aí no sinal pedindo dinheiro para usar drogas? Quantas crianças estão aí roubando? O que falei foi o que sinto, eu vivi, passei por tudo aquilo que o Mário vive. O trabalho me ajudou em muito, na formação do meu caráter, na minha dignidade...acho que não fiz nada demais", disse.
Paulo Cézar contou ainda que já foi ouvido por três pelos promotores do MP de Luziânia. " Já fui lá. Fiquei três horas. Falei com os promotores, ouvi um bocado de 'tranqueira' (sic.), fiquei calado e vou tocar meu barco. Agora, porque eles não falam dos atores mirins da Rede Globo? Não é trabalho infantil? É muito triste viver tudo isso. A pessoa tenta fazer o bem e é interpretado de forma errada. Infelizmente, a vida tem dessas", ressaltou.
A ação do MP foi criticada, no Twitter, pelo ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub "'O Relojoeiro e o Engraxate'. O nome é perfeito e a história comovente, porém, faltava o vilão nessa fábula moderna dos Irmãos Grimm. Seria a madrasta bruxa que quebra o relógio? O Lobo Mau com raios verdes (molestador)? Nesse momento, aparece o Ministério Público do Trabalho", atacou.
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