A polêmica aprovação do Plano Municipal de Educação (PME), votado na última terça-feira (14/6), na Câmara Municipal de Vereadores de Salvador, promete não encerrar a disputada travada nos arredores do Palácio Thomé de Souza. No centro do tornado, os vereadores Joceval Rodrigues (PPS), Hilton Coelho (PSOL) e Henrique Carballal (PV), acenam com uma guerra de representações no Conselho de Ética da casa.
O Aratu Online entrou em contato para saber destes atores políticos qual a justificativa para as cenas de xingamentos e agressões registradas por aqueles que, em última instância, representam a sociedade soteropolitana.
Na opinião de Rodrigues, os fatos registrados na última noite nada mais são do que uma estratégia, montada pela oposição, para ofuscar a aprovação do PME.
?A intenção é a de anular a nossa vitória?. Joceval promete entrar com uma representação contra Coelho, pois afirmar ter recebido um soco no rosto.
Hilton, por sua vez, diz ter sido chutado por Joceval e recebido um soco de Carballal. Segundo ele, ambos também serão acionados no Conselho de Ética.
?No momento em que socorria os manifestantes, que estavam sendo retirados à força, fui agredido pelas costas, me desequilibrei na direção de Joceval e recebi um murro frontal?.
Como esta história tem três, e não duas versões, Carballal conta que apenas tentou defender Joceval, que estaria sendo agredido por Hilton. Ele afirma já ter ingressado com uma representação contra o colega após a não menos polêmica sessão de aprovação do PPDU, realizada na segunda-feira (13/6).
?O que aconteceu nada mais foi do que uma extensão do clima de violência promovido por Hilton na sessão anterior?.
O curioso, é que os três dizem que as imagens gravadas em plenário comprovariam as suas versões. ?É só olhar o vídeo? se transformou em lema de defesa instantâneo. Confira as imagens:
No fim, entre fatos e versões, seja qual for verdade final, fica o exemplo de cenas que não devem voltar a se repetir na ?Casa do Povo?. Sintomático que tudo isto tenha acontecido durante a aprovação de um plano que trata de educação. Nenhum roteiro conseguiria ser mais representativo ou tragicômico.
O PME e a Ideologia de Gênero
O maior ponto de divergência do PME é a inclusão ou não da implantação da Ideologia de Gênero nas escolas. Esta linha de pensamento defende, de forma resumida, a ideia de que ninguém nasce homem ou mulher, mas que isto é definido ao longo da vida.
Apontada como conservador e defensor de posições cristãs e tradicionalistas, o vereador Joceval Rodrigues foi um dos principais defensores da aprovação do modelo sem a inclusão deste tópico, e saiu vitorioso no plenário, com 32 votos a favor, o de Carballal entre eles, e nove contrários.
Crítico do PME posto em discussão, Hilton contava com o apoio de diversos militantes que lotaram as galerias da Câmara de Vereadores. Eles defendem a ideia de que temas como igualdade, identidade de gênero, orientação sexual e sexualidade sejam abertamente debatidos nas escolas.
Fonte: Diorgenes Xavier