Metade dos mortos no trânsito do Nordeste são motociclistas, mostra estudo inédito
Metade dos mortos no trânsito do Nordeste são motociclistas, mostra estudo inédito
Os motociclistas representam aproximadamente metade das vítimas fatais em decorrência de acidentes de trânsito na região Nordeste do país. Em 2012, 48,1% dos mortos estavam neste tipo de veículo. A porcentagem de feridos em acidentes com motos é ainda maior, 62%. Em contato com o Aratu Online, o diretor do Observatório Nacional de Segurança Viária, Paulo Guimarães, afirmou que isso se dá por conta do aumento no número de motos na região Norte, que nos últimos anos registrou um crescimento econômico superior ao do resto do país, possibilitando aos seus habitantes adquirir o veículo.
Ainda de acordo com Paulo, há pouco tempo o transporte animal era muito utilizado no interior, mas com a compra das motos, os animais foram abandonados. Muitos deles transitam nas pistas, fato que representa um risco para os condutores. O terceiro fator é que a moto é o primeiro veículo das pessoas com pouco dinheiro, muitas delas sem preparo para conduzi-las. Na Bahia, os municípios que lideram a lista de acidentes em números absolutos são Itaberaba, seguido por Santo Antônio de Jesus e Correntina. Os que têm um número menor são Barreiras, Xique-Xique e Iaçu. De acordo com Paulo, a pesquisa trabalha com números totais, não com médias, por isso não é possível afirmar qual município tem o trânsito mais violento do estado.
O índice de mortes envolvendo ocupantes de automóveis também é alto, 26% das vítimas estavam em carros. Em todo o Brasil, 45,7 mil pessoas morreram no trânsito em 2012, o que significa um óbito a cada 12 minutos. Os dados são do ?Retrato da Segurança Viária no Brasil ? 2014?, relatório inédito da Falconi Consultores de Resultado e o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV).
A pesquisa, que pretende auxiliar a elaboração de políticas efetivas de combate à insegurança viária no Brasil, aponta que o país está entre aqueles com maior quantidade de óbitos no trânsito do mundo, com uma média de 23,6 mortes em cada 100 mil habitantes. A evolução dos números mostra que o problema só aumenta. De 2001 a 2012, o número de mortes devido a acidentes viários aumentou 48,7% em todo o país, somando 453.779 vítimas.
O material foi elaborado a partir do cruzamento de dados de fontes como a Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP), da Confederação Nacional do Transporte (CNT), do Datasus ? Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde, do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
?Para melhorar de forma significativa a gestão viária no Brasil é necessária a criação de uma agência líder que atue na coleta e organização de dados e na coordenação de todos os órgãos ligados ao trânsito. Desta maneira, será possível estabelecer estratégias em âmbito nacional, estadual e municipal, guiadas por metas ousadas e factíveis. É fundamental ainda trabalhar em várias frentes, buscando vias e veículos mais seguros e cidadãos mais conscientes para o trânsito?, explica o diretor-presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária, José Aurélio Ramalho.
Dados por região
A região Nordeste é a segunda com maior número de vítimas fatais no trânsito (13.522). Apenas a região Sudeste supera o índice com 16.133 mortes. Em terceiro lugar está a região Sul (7.653), seguida de Centro-Oeste (5.587) e Norte (3.794).
Quando considerado o indicador de mortes por 100 mil habitantes, o Nordeste passa para a terceira posição, com o índice de 25,1. O Centro-Oeste fica em primeiro lugar, com 31,8 por 100 mil habitantes, seguido por Sul (27,6), Nordeste (25,1), Norte (23,3) e por último o Sudeste (19,8).
Contudo, é no Nordeste que se localizam duas das três cidades (com mais de 20 mil habitantes) com trânsito mais letal: Presidente Dutra, no Maranhão, com 237 mortos por 100 mil habitantes; Barbalha, no Ceará, com 194,4. Em terceiro lugar fica Piraí do Sul, no Paraná, com 122,4. Os três municípios menos violentos são Barreiras, na Bahia, com 0,7 óbitos por 100 mil habitantes; Igarapé-Miri, no Pará, com 1,7; e Lagoa Santa, em Minas Gerais, com 1,8.
Já entre as dez maiores cidades, a que possui a taxa mais elevada de mortes por 100 mil habitantes é Recife, com 34,7, seguida de Fortaleza, com 27,1. A menos violenta é Porto Alegre, com 11,7.
Perfil de maior risco
O estudo conclui que os motociclistas são as principais vítimas do trânsito no Brasil. De 2001 a 2012, o número de óbitos entre este perfil de usuário aumentou 140, passando de 15% para 36%. Entre ocupantes de automóveis, a proporção manteve-se praticamente estável, de 30% para 31% e, entre pedestres e ciclistas diminuiu 42%, de 52% para 30%.
Os motociclistas são os usuários mais atingidos no Nordeste, Norte e Centro-Oeste, representando, respectivamente, 48,1%, 39,1% e 36,4% dos óbitos. No Sul e no Sudeste, os ocupantes de automóveis são as principais vítimas, com 36,8% e 33,4% dos óbitos. Já os pedestres representam 25,4% das vítimas fatais em acidentes viários, sendo que no Norte o índice chega a 32,3% e a 31,4% no Sudeste.