Efeito manada: psicólogos explicam fenômeno que fez pai se envolver em briga com filha de três anos no colo
O caso aconteceu último domingo (26/3), no Rio Grande do Sul, após um jogo entre Inter e Caxias pela semifinal do Campeonato Gaúcho
As imagens do jogo entre Inter e Caxias, pela semifinal do Campeonato Gaúcho, repercutiram muito após uma confusão generalizada se formar e um torcedor colorado descer a campo com uma criança de três anos nos braços para agredir um atleta do time adversário. Diante do que foi visto, um dos vários questionamentos que surgiram nas redes sociais foi: “o que leva alguém a fazer esse tipo de coisa?”. O caso aconteceu último domingo (26/3).
RELEMBRE O MOMENTO
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Para entender melhor esse episódio, o Aratu On conversou com a psicóloga e coordenadora do curso de Psicologia da Uninassau Lauro de Freitas, Bárbara Guimarães. Segundo a especialista, incidentes como o de domingo, e até mesmo situações de linchamento, são causados por um fenômeno chamado “efeito manada”.
“É um fenômeno social em que indivíduos tendem a seguir o comportamento e opiniões de um grupo, muitas vezes sem questionar ou pensar de forma crítica. É comum ocorrer em situações de incerteza ou ambiguidade, em que as pessoas procuram se adequar a um comportamento considerado socialmente aceitável ou popular para evitar conflitos ou serem rejeitadas”, explicou ela, acrescentando que a ação “pode ter consequências negativas, como a propagação de desinformação e a tomada de decisões equivocadas baseadas em pressão social, em vez de evidências ou análises racionais”.
O também psicólogo e professor da Uninassau Lauro de Freitas, Cleberson Alves, classificou como “lamentável” o que aconteceu no estádio Beira-Rio, no domingo. De acordo com ele, os casos de racismo, homofobia e violência no futebol têm como raiz questões sociais e crenças ligadas ao que é considerado "masculino".
“As relações de gênero influenciam também na construção da masculinidade e os papéis muito rígidos propiciam essa distorção em que uns submetem e outros deveriam se submeter. É um fenômeno de pertencimento, que traz efeitos como esse quando determinadas torcidas, equipes, têm valores éticos equivocados”, aponta.
Para os especialistas, enquanto não houver punição para os envolvidos nesses atos ou os clubes não investirem na saúde mental de seus atletas, desde as categorias de formação, não se terá avanços sociais no esporte. Além disso, a figura do psicólogo, seja no esporte ou mesmo na vida comum, é vista com preconceito, causando um certo descrédito ao profissional e invalidando as contribuições que a psicologia traz para os indivíduos.
EFEITO MANADA
Esse efeito é mais comum do que se imagina e pode ocorrer, por exemplo, em situações de crise, nas quais as pessoas tendem a seguir o comportamento da maioria, sem avaliar a situação de maneira racional e independente. Um exemplo clássico acontece “quando estamos em um local e vemos pessoas correndo e, sem saber o que é, a gente corre também”, ilustra a psicóloga.
Sobre o que pode ocasionar esse tipo de ação, os profissionais atribuem a “fortes influências sociais, pressão social, normas culturais, instintos de sobrevivência, ambiguidade, incerteza e falta de informação”. As emoções também podem ser gatilhos para o efeito, sobretudo o medo de ser excluído ou o desejo de pertencer em um grupo.
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