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Copa 2023: Sede da próxima Euro, Suíça retorna a Copa com desejo de superar campanha anterior

Em 2016, as helvéticas foram até as oitavas de final e querem ir além na atual edição

Por Da Redação

Copa 2023: Sede da próxima Euro, Suíça retorna a Copa com desejo de superar campanha anterior Alex Nicodim/NurPhoto via Getty Images
Até o dia 20 de julho, Aratu On traz perfis especiais sobre todas as seleções que disputarão a Copa do Mundo de Futebol Feminino 2023, sediada nos países da Austrália e Nova Zelândia. Será uma equipe por dia, seguindo o ranking feminino da FIFA em ordem decrescente, com exceção do Brasil que será o último perfil. Confira aqui as publicações anteriores desse especial.
Com um início turbulento e sem destaques no futebol feminino europeu, a Suíça de hoje é fruto de muita superação e vontade das gerações anteriores. Em um país no qual uma menina quase disputou um jogo oficial de garotos nos anos 60, a modalidade tem crescido dentro das oportunidades que aparecem e hoje já é um dos cenários com maior potencial emergente da região.
Primeiros registros e Madeleine Boll
Assim como acontece em vários países europeus e de outros cantos do mundo, os primeiros registros do futebol feminino na Suíça remonta das primeiras décadas do século XX para logo depois ser esquecido ou omitido nos registros históricos oficiais. Hoje, com pesquisas históricas e resgates da memória local, é sabido que nem mesmo a proibição oficial ao esporte para as mulheres conseguiu encerrar a prátida da modalidade.
Nos anos 50, a federação suíça via o futebol feminino como uma "exibição ou apresentação de circo", não sendo estimulado para as cidades locais. Mesmo assim, times exclusivos para as mulheres passaram a surgir no país, competindo em torneios amadores locais.

Em 1964, a jovem Madeleine Boll, de apenas 12 anos, participou de um treinamento para garotos no Sion - tradicional clube do país - e teve uma licença de jogador solicitada frenta a federação. Por conta de um erro, a atleta foi aceita e foi selecionada para uma partida de juniores, atraindo a atenção da mídia local e internacional. Boll teve seu passe revogado, mas movimentou e estimulou a discussão sobre a prática oficial do futebol para mulheres.
Neste mesmo período, o FC Goitschel fazia sucesso com sua equipe totalmente feminina e excursionava pelo país sem conseguir se associar a entidade máxima do futebol suíço. Apesar de não serem admitidas como atletas, passaram a figurar no corpo de arbitragem da federação e aos poucos foram participando do dia a dia do futebol oficial da nação.

Liga Nacional e seleção feminina
Com a fundação e associação do DFCZ, em 1968, a mídia local também já se adaptava ao futebol feminino e fazia sua cobertura da modalidade. Em 1970, é fundada a Liga Suíça de Futebol Feminino, que um ano depois é agraciada pela regulamentação da federação de que os clubes de mulheres só seriam permitidos se fossem filiados a clubes masculinos. Em um primeiro momento, isto criou um esvaziamento nas competições, mas logo depois ajudou no estabelecimento de divisões de futebol feminino em clubes tradicionais locais.
Ainda em 1970, aconteceu o primeiro jogo não-oficial de uma equipe nacional suíça, pela Copa do Mundo Feminina Trofeu Martini & Rossi, organizada pela Federação Internacional Europeia de Futebol Feminino, não filiada a FIFA. Na ocasião, as helvéticas (um dos gentílicos do país) foram derrotadas pela Itália por 2 a 1. Em 1972, o empate em 2 a 2 com a França é reconhecido pela FIFA como a primeira partida internacional de um selecionado suíço.
https://www.youtube.com/watch?v=gkNwdQ_Y2Kk
A primeira participação em competições europeias aconteceu em 1982, pela primeira eliminatória da Eurocopa Feminina de 1984. Apesar de vencer Portugal na estreia por 2 a 1, a Suíça fez uma campanha tímida e ficou na terceira posição em um grupo com quatro equipes. Pelas qualificatórias das Euros 87, 89, 91, 93 e 95, a equipe amargou trajetórias que terminavam na última ou penúltima posição das respectivas chaves.
Pelas eliminatórias europeias de 1997, La Nati (apelido da equipe) foi colocada em um inédito segundo escalão do futebol europeu e teve uma performance melhor que nos anos anteriores, liderando seus respectivos grupos e conseguindo vaga nos play-offs. Infelizmente, a vitória para a Croácia no mata-mata era apenas para requalificar a equipe na elite do continente, não dando vaga a Euro daquele ano. Pela Euro de 2001, a equipe amargou a lanterna e evitou o "rebaixamento" vencendo a Romênia na repescagem.
Renovação, Eurocopas e Copa do Mundo
Na década de 2000, o panorama não mudou. Amargando a parte de baixo da tabela, o futebol suíço seguia como um coadjuvante menor no cenário continental. Porém, a década seguinte passou a mostrar uma mudança no patamar da equipe.

Depois de perder a vaga nos play-offs da Euro 2009 por apenas um ponto de diferença da Holanda, a Suíça liderou sua chave nas qualificatórias para a Copa do Mundo de 2011, perdendo na qualificação direta para a Inglaterra. Na repescagem, em duas fases, derrotou a Dinamarca e acabou derrotada pela Itália na decisão.
Os resultados esperançosos não foram repetidos na eliminatória da Euro 2013, quando as helvéticas ficaram na quarta posição atrás de Alemanha, Espanha e Romênia. Entretanto, a briga por uma vaga na Copa de 2015 demonstrou que o momento não era passageiro para o selecionado: Com mais uma liderança de grupo, La Nati agora tinha vaga direta e a realização de um sonho.
Pelo torneio, a equipe foi derrotada por Japão (1 a 0) e Camarões (2 a 1) em sua chave, mas goleou o Equador por 10 a 1 e conseguiu uma vaga nas oitavas. Entretanto, a tabela colocou o time contra o anfitrião Canadá e a derrota por 1 a 0 selou a participação do time em seu primeiro Mundial.

Seguindo um crescimento nas suas atuações, com uma geração que já se projetava para além do futebol local, a Suíça chegou a fase final da Euro 2017 com muita tranquilidade sobre as adversárias. Entretanto, ficou novamente em terceiro em sua chave, derrotada por Áustria, vencendo a Islândia e empatando com a França.
Para a Copa de 2019 um novo revés abriu o alerta em relação ao desempenho continental. Ficando em segundo lugar na chave, a dois pontos da líder Escócia, as suíças passaram pela Bélgica na primeira fase da repescagem, mas caíram diante das poderosas holandesas na decisão da vaga. Naquele ano, a Holanda seria a vice-campeã mundial atrás apenas dos Estados Unidos.
Em 2022, um novo segundo lugar nas qualificatórias deu novamente a chance de vaga pela repescagem da Eurocopa. Conseguiram chegar ao torneio depois de dois empates e um gol na prorrogação contra a República Tcheca, mas amargaram uma péssima campanha no torneio: empataram com Portugal e perderam para Suécia e Holanda na fase de grupos.


Suíça na Copa do Mundo 2023
Chegar a Copa de 2023 foi mais uma vez pelo caminho da repescagem continental. Depois de chegar ao segundo lugar na chave, perdendo apenas para a Itália por dois pontos de diferença (mesmo índice de suas campanhas anteriores), a Suíça chegou ao play-off com apenas um jogo para garantir sua vaga ao torneio. E depois de um empate no tempo normal, a vitória contra Gales na prorrogação fez a segunda participação das helvéticas na competição.
Presente no Grupo A do torneio, o país estreia contra as Filipinas no dia 21/7 em Dunedin, retorna aos gramados no dia 25 contra a Noruega e encerra a primeira fase contra as anfitriãs neozelandesas novamente no Forsyth Barr Stadium de Dunedin.


Dentre as estrelas do torneio, sua maior referência é de uma dupla de  atletas remanescente da geração de 2015: Ana-Maria Crnogorcevic e Ramona Bachmann. Juntas, as duas somam mais de 120 gols pela sua seleção e tem experiência de sobra para vencer um grupo com adversárias de postura defensiva. Além delas, outros destaques são a defensora Noelle Maritz, as meias La Walti e Geraldine Reuteler e a atacante Alisha Lehmann.
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